quinta-feira, 2 de abril de 2020

Aula 03 - Fragilidade Humana: Teologia, Igreja e Política




“Escolham homens sábios, criteriosos e experientes de cada uma de suas tribos, e eu os colocarei como líderes de vocês”. (Dt 1:13)



1 – Introdução



A política tem sido um assunto pesado para nós, pois estamos vendo tanta corrupção que nossa primeira reação é de desprezo e descompromisso. E muitos perguntam: um cristão deve se misturar com tudo isso?

A política está presente em toda a Bíblia, inclusive, Jesus se beneficiou dela!

Sim, é isso mesmo! Jesus se utilizou da política pra fazer cumprir as Escrituras.

A Bíblia é a Constituição de um governo chamado REINO DE DEUS. Na Bíblia temos leis civis, morais e temos parâmetros para usufruirmos desse governo. A Bíblia nada mais é que isso: a constituição de um governo.



2 – Deus, a Bíblia e a Política (Pv 8:15-16)



Entre muitas histórias bíblicas, vamos destacar duas delas, em que a política é o meio pelo qual as coisas naturais e espirituais acontecem.

A primeira história é muito conhecida. A história de Daniel. Principalmente o trecho em que ele é jogado na cova dos leões.

No texto abaixo, vemos como o parlamento usou de má-fé e criou uma lei por meio de emendas constitucionais, para estabelecer a proibição da adoração e culto em um país.

“Todos os príncipes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e governadores tomaram conselho, a fim de estabelecerem um edito real e fazerem firme este mandamento: que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões” (Daniel 6:7).

Daniel foi impedido de orar e cultuar a Deus por causa de um decreto político.

Perceba como a política é importante. Uma caneta e um papel ganham a força de uma lei quando, politicamente, ela é aprovada. Isso nos mostra porque Deus tem levantado alguns homens para estar na política com o objetivo de proteger o corpo de Cristo.

Você deve estar se perguntando:

– Mas Deus se envolve com a política?

E eu respondo:

– Totalmente.

Agora vejamos o desfecho dessa história, onde Deus revela a Sua Glória a toda aquela nação, pelo viés político. Pois, depois de Daniel ter sido livrado da cova dos leões, o rei fez uma nova emenda, aprovando uma nova lei e emitiu um decreto oposto ao anterior.

“Então, o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e gente de diferentes línguas, que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada! Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele livrou Daniel do poder dos leões. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa” (Daniel 6:25-28).

Vamos analisar:

Se o rei, simplesmente reconhecesse que Deus havia livrado Daniel, mas ele não fosse um canal político nem fizesse esse novo decreto, aquela nação continuaria sem permissão de cultuar a Deus. Mas por causa do decreto do rei, de uma lei aprovada, toda uma nação reconheceu o poder do Senhor!

Vamos a mais um exemplo, agora no Novo Testamento.

Sabia que Jesus tinha dois discípulos políticos, e que ele os recebia em secreto e à noite?

“E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: ‘Rabi…'” (João 3:1,2).

Olha quem sempre ia junto com Nicodemos:

“Depois disto, José de Arimateia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus. E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis dum composto de mirra e aloés” (João 19: 38,39).

José de Arimateia era senador. “Chegou José de Arimateia, senador honrado, que também esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus” (Marcos 15:43).

Jesus discipulava, em secreto um senador. Por quê? Primeiro, porque nem a Igreja nem o povo enxergariam Jesus com bons olhos ao vê-lo andando com um político. Por isso, Jesus o fazia em secreto.

Mas quando o corpo de Jesus estava exposto na cruz, para ser sepultado como indigente, foi por viés político que o seu corpo foi protegido e sepultado conforme previa as Escrituras.

Se Pedro, o pescador, fosse tentar falar com o alto escalão do governo, no caso Pilatos, não seria atendido. Se Maria, a mãe de Jesus, fosse falar com o governo, não seria atendida. Então, Jesus, antecipadamente, discipula um político, porque na sua morte, ele precisaria de permissão estatutária, de autorização legal, de permissão governamental, para guardar seu corpo.

Hoje, Deus precisa de Josés de Arimateia que protejam o corpo de Cristo quando este é exposto pelos diversos grupos que querem o fim da Igreja.

Se a Igreja purifica os jovens, os casamentos, a família, ela também pode trazer pureza à política. Então, que possamos fazer as leis deste país. Pois, precisamos de homens e mulheres que tenham o caráter de Cristo na política.



3 - Informação Errada gera Desequilíbrio (Ex 22:28)



O tripé, teologia, igreja e política é importante pelo fato de haver uma consequência para toda ação. Se você coloca uma informação errada no seu entendimento, consequentemente, aquilo produzirá uma ação. Os brasileiros são muito desenvolvidos em uma área e pessimamente subnutridos em outra área. Por isso, você precisa de coerência.

O mundo precisa conhecer uma igreja a partir daquilo que ela crê, quando o assunto interfere além das fronteiras das quatro paredes.

Quando o assunto é política, principalmente, o cristão acha que é um assunto totalmente distante da fé, pelo nível dos escândalos e da corrupção. No entanto, o que precisamos observar é o caráter humano e não a sua função como profissional. Entaõ pregam: já que se o político é corrupto, o cristão não pode se envolver com política. O seu pensar teológico define quem é você como igreja e o que você é como igreja constrói a sociedade, que consequentemente, constrói a política.

O nosso problema é pensar somente na salvação da alma, e não como um todo. Isso acaba deixando de construir fundamentos sólidos no qual a sociedade pode se desenvolver, tornando o povo desequilibrado.





4 – Política e Ciência: Pense de Forma Teológica (Pv 22:8)



Jesus é o rei, logo Ele tem a visão de como a sociedade deveria ser, Jesus é um líder político, totalmente diferente de partidos, não confunda política com partidarismo. Política é a ciência da vivência social.

Nosso pensar de Deus, nossa teologia, define que igreja somos, igreja sólida, igreja centrada, igreja que cai na graça do povo.

O Cristão que não pensa de forma conectada com o céu, é um cristão desequilibrado, um sal sem sabor. E isso interfere na sociedade, e consequentemente, na política.

Precisamos pensar de forma teologicamente mais adequada.

Questionemos:

Quantos livros lemos no ano? Ou tudo o que espiritualizamos colocamos na conta do que é espiritual? Conta de anjos e demônios? A nação tem uma deficiência cognitiva e não podem ir para a igreja perpetuando a ignorância.

Precisamos abraçar todo o conteúdo filosófico, acadêmico e intelectual, o que ocasionará também o desenvolvimento da igreja e da sociedade. Nos tornaremos uma igreja plena, capaz de dialogar com todas as áreas da vida. Não podemos ser assimétricos.

Coisas erradas criam coisas erradas, mas informações certas criam outras realidades corretas para Deus e a sociedade.

A sociedade hoje é extremamente frágil em consequência de uma igreja frágil e vulnerabilizada, sem conteúdo, postura, fundamento para confrontar os reais dilemas da vida.

Quando resgatamos identidade e propósito, resgatamos a família a partir do resgate do homem e da mulher, entendemos que a igreja se torna uma força política eficaz, produzindo justiça, igualdade entre os homens. Um pacto social transformador. O tipo de sociedade que temos é consequência do tipo de igreja, família, que temos.



5 – Entendendo quem Somos (Tt 3:1-2)



Quando entendemos quem somos e qual o nosso propósito:

o que é família, qual a postura do homem e da mulher, geramos um outro tipo de igreja, eficaz, justa, missionária, impactante.

Desta forma é possível gerar um outro tipo de cidade. Busquemos estar atentos com as questões políticas de nossa  cidade, busquemos saber quem são os políticos cristãos, chamemo-os para uma conversa sobre caráter e justiça sobre o reino.

Entendamos que aquilo que nos incomoda mas que ao mesmo tempo não vemos incomodar o outro, é o nosso chamado. Deus deseja usar cada um de nós de forma única para o bem do geral.





Tarefa



1 – Qual é a sua visão política?



2 – Ela de alguma forma contradiz o que a Bíblia ensina?



3 – Que tipo de cidadão você tem sido em seu ambiente de trabalho, como ser político?



4 – Leia: Romanos 13:1-7

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