sábado, 10 de agosto de 2019

Como Estudar a Bíblia de um jeito Simples


Elesbão, o bleso (Carlos Menezes - 1995)

Elesbão era conhecido na cidade por três particularidades: era bleso, sofria de incurável ofíase e criava gimnuro. Além disso, seu rosto glabriúsculo lembrava o de uma donzela gípsea.
Às tardes, cumpria um hábito cotio: com seu nariz acipitrino, lá se ia ele, em prolongadas giratas, bisbilhando sempre, entre dentes, surradas gnomas, de todos conhecidas.
Atendia-o, nos serviços de casa, um gibi magricela, portador de estranho gilvaz, que havia acolhido, por era de boamente. O tal, apesar de sua irrecuperável acídia e não raro acrasia - já que abusava dos abres, principalmente da cabriúva - era mantido por Elesbão, que morria de amores pelos saborosos doces de gila-caiota, que sabia, como ninguém, preparar.
Conta-se, porém, que certa vez, Elesbão abecou-o, por ter descoberto que o pixaim era atrevido em pôr aratacas, de pura maldade. Nesse dia, Elesbão, justamente achavescado, ficou de capiroto aceso, acofobou-se e acajipou a focinheira do cafuzo. Mas este nem chus nem bus."

       Bleso – gago
       Ofíase – careca
       Ginmurio – espécie de macaco
       Grabiúsculo – pele
       Gípcia - gesso ou porcelana
       Cotio – cotidiano
       Acipitrino – ave de rapina
       Giratas – passeios
       Bisbilhando – murmurando
       Surradas gnomas – provérbios surrados
       Gibi – neginho
       Gilvaz – cicatriz facial
       Por era de boamente – de boa vontade
       Acídia – melancolia
       Acrasia – constante
       Abres – vícios
       Cabriúva – cachaça especial
       Gila-gaiota – abóbora
       Abecou-o – agarrou
       Pixaim – cabelo ruim
       Aratacas – armadilha de pegar passarinho
       Achavescado – grosseiro
       Capiroto aceso – diabo no corpo
       Acobou-se – afobou-se
        Acajipou – deformou
       Focinheira do cafuzo – nariz do negro
       Nem chus, nem bus – não reagiu

Traduzinho para o vocabulário de 2019

Elesbão era conhecido por todos por ser gago, careca e criar um macaco esquisito. Além disso, tinha uma pele de boneca de porcelana.
Toda tarde saía para fuxicar pela cidade recitando baixinhos provérbios conhecidos.
Tinha um empregado afro descendente esbelto, de cicatriz no rosto o qual morava em sua casa e era viciado em cachaça, mas preparava deliciosos doces de abóbora.
Um dia Elesbão o agarrou pelo pescoço por vê-lo maltratando um passarinho, deu-lhe uma surra e machucando o seu  nariz.  Mas o empregado não reagiu e nem reclamou do acontecido.

Assim como este texto de 1995 foi difícil de entender hoje, passado apenas 24 anos, imagine como é entender os textos bíblicos de mais de 2000 anos atrás?!
Por isso, entender a cultura da época assim como ter várias versões da bíblia, ajuda em seu entendimento.

O que preciso saber para entender a Bíblia?

1 – Ler
2 – Pesquisar
3 – Aprender
4 – Aplicar

 
Pesquisar

       A bíblia é a sua própria intérprete (Jo 5:39)
       Leia o texto em seu contexto (Ec 3:14)
       Compare sempre com outros textos da bíblia (Lc 24:27)
       Passagens mais fáceis explicam as passagens mais difíceis (Is 28:10)
       Faça marcações e anotações no texto lido, ajuda na compreensão (Dt 6:7-9)















terça-feira, 6 de agosto de 2019

Aula 13: Desvendadno o Apocalipse - "O Propósito do Pequeno Livro"


“Então olhei e vi a mão de alguém estendida para mim. Nela estava o rolo de um livro, que ele desenrolou diante de mim. Em ambos os lados do rolo estavam escritas palavras de lamento, pranto e ais”.  (Ez 2:9-10 – NVI)

1 - Introdução

Novamente, uma série de sete acontecimentos, é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo selo, houve um intervalo para assegurar os fiéis da proteção divina (capítulo 7). Agora, entre a sexta e a sétima trombeta, Deus oferece outras mensagens de consolação aos seus servos numa série de acontecimentos no intervalo dos capítulos 10 e 11 que apresenta um quadro da última mensagem de Deus antes da Segunda Vinda de Cristo.
Neste capítulo, João descreve a visão de um anjo forte cujo o esplendor se vê nas suas vestiduras, nas suas atitudes e na sua atuação. Alguns intérpretes vêem uma representação de Cristo ressuscitado, sendo provavelmente um embaixador de Cristo. Sua descrição inclui: a nuvem que simboliza o julgamento divino; o rosto, indicando a santidade divina; o arco-íris, representando a misericórdia e fidelidade divinas, especialmente no assunto da Aliança de Deus com Seu povo.
Este anjo segurava na mão um “livrinho aberto”.
Quando o profeta Daniel recebeu sua última visão ele fora instruído a “encerrar as palavras, e a selar o livro, até o tempo do fim” (Dn 12:4). Esta recomendação se aplica de modo específico à porção das profecias de Daniel, que trata dos últimos dias, especialmente ao elemento tempo dos 2.300 dias de Dn 8:14, referentes à purificação do santuário e a restauração da verdade (Ap 14:6-12).
O livrinho que se encontra aberto na visão de João é o mesmo que se encontrava fechado na visão de Daniel. Portanto, este “livrinho” que João viu é o livro do profeta Daniel. As “palavras” que se achavam encerradas nos dia de Daniel, não deveriam permanecer assim para sempre. Elas permaneceriam “fechadas” apenas até o “tempo do fim” (Dn 12:9), até que se completasse o tempo especificado na profecia: “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Dn 12:7), ou três anos e meio.


2 – Entendendo o Texto


Ap 10:1-3Depois avistei outro anjo poderoso que descia dos céus. Estava ele envolto numa nuvem, e havia um arco-íris sobre sua cabeça. Sua face era como a luz do sol e suas pernas como colunas de fogo.  Ele segurava um livrinho que estava desenrolado em sua mão. Então, colocou o pé direito sobre o mar e o pé esquerdo sobre a terra,  e bradou com grande voz, como um forte rugido de leão. Assim que ele ergueu seu clamor, os sete trovões soaram suas poderosas vozes”.
Aqui surge um intervalo entre os juízos da sexta para a sétima trombeta (Ap 11.15-19), assim como Apocalipse 7 o fez entre o sexto e o sétimo selo.
Esse interlúdio (intervalo entre um toque e o outro da trombeta) é dividido em duas cenas, onde ambas se referem ao papel do povo de Deus e seu testemunho durante o presente tempo. Na primeira cena João recebe um livrinho, que significa que ele recebeu as mensagens proféticas, e é comissionado a proclamá-las (Ap 10:1-11). Onde percebemos alguns paralelos com Dn 10:4-11 e Ez 2:1; 3:11. Na segunda cena encontramos a descrição da história das duas testemunhas (Ap 1:1-14). De forma geral, podemos dizer que o interlúdio do cap 7 enfatiza a segurança e a glória da igreja perseguida. Agora, neste interlúdio, a ênfase está sob o sofrimento, poder, dever e a vitória final da igreja.


Ap 10:4 – “E quando os trovões terminaram de fazer ecoar suas palavras, eu já ia escrever, quando ouvi uma voz do céu que ordenava: “Guarda o que os sete trovões disseram e não escrevas!” 
Bem no início do capítulo, aparece um anjo forte descendo do céu com algumas características especiais, e quando Ele ruge, os sete trovões falam algo que João achou interessante. Entende-se que ele começa a escrever, mas uma voz vinda do céu pede para ele não escrever sobre aquilo, mas guardar somente para si as instruções.
Vamos fazer um paralelo com Dn 12:1-10,13 abaixo:
“E o anjo continuou, dizendo: — Nesse tempo, aparecerá o anjo Miguel, o protetor do povo de Deus. Será um tempo de grandes dificuldades, como nunca aconteceu desde que as nações existem. Mas nesse tempo serão salvos todos os do povo de Deus que tiverem os seus nomes escritos no livro de Deus. Muitos dos que já tiverem morrido viverão de novo: uns terão a vida eterna, e outros sofrerão o castigo eterno e a desgraça eterna. Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas pessoas a fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu, com um brilho que nunca se apagará. E você, Daniel, não conte nada disso a ninguém. Feche o livro com um selo para que fique fechado até o momento final. Muitos correrão de cá para lá, procurando ficar mais sábios.
Então eu vi dois anjos de pé na beira do rio, um de um lado, e o outro do outro. Um deles perguntou ao anjo vestido com roupas de linho, que estava rio acima: — Quando é que todas essas coisas maravilhosas vão acontecer?
O anjo levantou as mãos para o céu e em nome de Deus, que vive para sempre, disse: — Eu juro que tudo isso vai acontecer daqui a três anos e meio quando terminar a perseguição do povo de Deus.
Mas eu não entendi bem e por isso perguntei: — Por favor, me diga como é que tudo isso vai acabar.
E ele respondeu: — Agora, Daniel, você pode ir embora, pois tudo isso deve ficar  em segredo até o fim. Muitos serão postos à prova, e com isso se purificarão, e se aperfeiçoarão. Os maus continuarão na sua maldade, e nenhum deles entenderá o que está acontecendo, mas os sábios entenderão...
— E você, Daniel, continue firme até o fim. Você morrerá, mas no fim ressuscitará para receber a sua recompensa.
Neste texto, assim como o de Apocalipse, vemos que alguns segredos estão reservados para o fim, e que Deus faz questão de mantê-los assim, talvez seja por isso que não tenha deixado João escrever tudo o que ouviu.


Ap 10:5-7 – “O anjo, que vi em pé sobre o mar e a terra, levantou a mão direita em direção ao céu, e jurou, por Aquele que vive pelos séculos dos séculos e que criou o céu, a terra e tudo o que neles existe, exclamando: “Eis que não haverá mais demora!”E, que nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para soar a sua trombeta, o mistério de Deus se completará, exatamente da maneira como Ele anunciou aos seus servos, os profetas”
O anjo com o seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra simboliza o controle de Deus sobre os acontecimentos mundiais. Um representante majestoso do trono de Deus está intervindo nos assuntos terrenos. E ele brada dizendo e jurando que já não haverá mais demora e é dito que se cumprirá no toque da última trombeta o mistério de Deus conforme Ele tem anunciado.
O mistério de Deus, a verdade que precisa ser revelada (Ef 3.9) – Paulo destaca em Éfeso dizendo que é a união entre os judeus e os gentios em Cristo como um só povo — isso será manifesto e cumprido conforme a sucessão dos acontecimentos, os quais já foram revelados pelos profetas do Antigo e do Novo Testamento, no entanto, serão compreendidos plenamente apenas quando os eventos ocorrerem.


Ap 10:8-10 -  “Então, a voz que eu havia ouvido do céu falou comigo uma vez mais, ordenando: “Vai e recebe o rolo aberto que está na mão do anjo que se encontra em pé sobre o mar e sobre a terra”. Em seguida, me aproximei do anjo e lhe roguei que me desse o livrinho, ao que Ele me declarou: “Pega-o e come-o; ele lhe será amargo no estômago, todavia doce como o mel na boca”.  Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi depressa e, de fato, ele era doce como o mel ao paladar; contudo, assim que o engoli, meu estômago ficou muito amargo”.
Come-o – aproprie-se inteiramente de seu conteúdo de modo a ser assimilado como alimento e torne-se parte de si mesmo, de modo a transmiti-lo mais vivamente a outros. Sua descoberta do rolo doce ao gosto no início é porque era a vontade do Senhor que ele estava fazendo, e porque, despojando-se do sentimento carnal, ele considerava a vontade de Deus como sempre agradável, por mais amarga que fosse a mensagem de julgamento a ser anunciado.
O livrinho é o mesmo selado por Daniel e engolido por Ezequiel (Ez 2.9—3.3), que dá mesma forma menciona ter deixado o seu espírito amargo (Ez 3.14).


Ap 10:11 -  Então, recebi a seguinte orientação: “É necessário que profetizes novamente a respeito de muitos outros povos, nações, línguas e reis”.
Os acontecimentos em Ezequiel 2 e 3 ocorreram antes do juízo de Deus sobre Judá e Jerusalém, e tiveram efeito na comissão do profeta.
João pode ter sentido uma comissão parecida aqui para profetizar essa mensagem de juízo para o mundo. A profecia de João para muitos povos, e nações, e línguas, e reis pode referir-se especificamente ao restante do segundo ai (Ap 11.1 -14), já que existe um enfoque nas duas testemunhas. No entanto, o uso de expressões parecidas em Ap 13.7; 14.6 e 17.15 indicam o encargo de João para escrever toda a revelação que Deus o deu, desde os acontecimentos ligados a segunda vinda de Cristo (Ap 19.11-21) até o fim de todas as coisas (Ap 22:6-7,10)
É como se Deus dissesse: _ “João, esta profecia deve chegar a todo mundo e não só as igrejas da Ásia”.

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