sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Aula 09 - Desmistificando Êxodo - As Pragas


“E Deus falou todas estas palavras: "Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. "Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos”.
(Ex 20:1-6 - NVI)

1 - Introdução

Uma das histórias mais espetaculares de toda a Bíblia e que chama a atenção de cristãos e não cristãos é a narrativa das 10 pragas derramadas pelo Senhor sobre o Egito, e a maneira incrível que o Êxodo aconteceu.
Estas terríveis pragas tinham por objetivo conduzir Faraó ao arrependimento e revelar que YHWH é o único verdadeiro Deus, o Rei soberano no universo. Faraó era o título dado ao rei do Egito, e ele se auto-intitulava “filho de Rá”, como um deus. Além do deus falso Rá, os egípcios criam em um panteão de outros deuses que eram tidos como os responsáveis pela vida, fertilidade, imortalidade, etc. (Êxodo 9:16; 12:12; 1 Samuel 4:8)


2 - Contexto da História

Após anos do Dilúvio, Cam se deparou com Noé embriagado e viu a sua nudez em sua tenda, e teria delatado seus irmãos, ao invés de cobrir o pai (Gn 9). Quando recobrou a consciência, Noé amaldiçoou o filho de Cam, Canaã, referindo-se a ele como o "servo dos servos". Gênesis 9:25 "e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos". Noé continua abençoando seus outros dois filhos, e novamente dizendo que Canaã seria escravo deles (Gn 9:25-26 ).
Mesmo debaixo de tal condenação, seus descendentes floresceram. Entretanto, ao proferir tais palavras, Noé estaria profetizando que um dos descendentes de Sem (seu irmão), iria herdar a terra dos cananeus, apontando assim para a descendência de Abraão.
Cam teve filhos e um deles, chamado Mizraim, foi pai de oito filhos que ocuparam todos os países que estão entre Gaza e o Egito.
Se olharmos no contexto bíblico, veremos que eles se afastaram totalmente do Deus de seu ancestral Noé e que o Egito veio a se tornar uma grande e poderosa nação cujos deuses nada tinham a ver com YHWH.
Até que um dia, a fome veio sobre toda a terra da Mesopotâmia, quando seus irmãos (povos descendentes de Sem e Jafé), vieram lhe pedir ajuda.
O interessante é que essa ajuda só fora possível porque José estava no Egito nessa época, e fora usado por Deus para preparar aquela nação para tão terrível tempo.
O restante da história todos conhece... 430 anos se passaram e os egípcios se esqueceram quem fora José e o que o seu Deus havia feito por aquela nação, escravizando toda a sua descendência. Até que um dia, Israel se volta ao Senhor e clama por libertação, e Deus os ouve enviando um líder – Moisés.


3 – As Pragas e suas Implicações

A passagem bíblica que contém os Dez Mandamentos começa afirmando: "Eu sou o Eterno, teu Deus, que te tirou do Egito da casa da escravidão! Não terás outros deuses além de Mim”. (Ex 20:2-3)
Depois de tanto tempo vivendo numa nação pagã, Israel também havia se esquecido de Deus e de como cultuá-lo.
Por isso, para que o povo soubesse quem era Deus, ainda no Egito o Senhor se fez reconhecido mostrando Seu poder e autoridade sobre a natureza, o homem e os deuses pagãos.
Por isso enviou as pragas e também por isso somente a partir da 4ª praga Israel teve tratamento diferenciado do povo egípcio.
Cada uma das dez pragas foi dolorosamente literal e dirigida contra algum aspecto daquela falsa religião.
Segundo Rabi D. Isaac Abravanel, um dos objetivos das pragas era convencer o Faraó, seu povo e, conseqüentemente, toda a humanidade de três verdades fundamentais sobre Deus: Sua Existência, Sua Divina Providência - ou seja, que a Mão de Deus está presente em tudo o que acontece na vida dos homens e das nações - e Sua Onipotência. Por isto, a primeira praga de cada grupo é precedida por uma declaração que caracteriza um desses princípios.

3.1) A primeira Série: sangue, rãs e piolhos

“Assim falou Deus: 'Nisto saberás que sou o Eterno'" (7:17). A afirmação indica que o objetivo da primeira série é estabelecer a inegável existência de um Deus Único, Criador Absoluto e Senhor do Universo.
A primeira praga atinge o Nilo - considerado pelos egípcios uma divindade. Naquele tempo havia escassez de chuvas no Egito e a principal fonte de água era este rio que, ao extravasar, irrigava a terra. Por isso os egípcios o consideravam a divindade responsável pelo seu sustento. Quando, seguindo a ordem Divina, Arão golpeia o Nilo com seu cajado, não só suas águas, mas as de todo o Egito, transformam-se em sangue. A primeira praga veio para demonstrar aos egípcios que sua "divindade, o rio", não era capaz de deter a Vontade do Criador. A tradição judaica explica que, para os judeus, a transformação das águas do Nilo em sangue foi muito significativa, pois compreenderam que Deus estava punindo os egípcios por terem jogado nas águas daquele rio o sangue de seus filhos.
Pela segunda vez o Faraó se recusa a libertar Israel. Deus, então, ordena a Arão que estenda novamente a mão sobre o Nilo. Rãs emergem do rio e se multiplicam incessantemente, invadindo as casas egípcias. A segunda praga era a prova de que não só o Nilo não conseguira deter a Vontade do Criador, mas que, ao produzir as rãs, o próprio rio estava ao Seu serviço.
Uma terceira praga castiga o Egito, após nova recusa do Faraó em se dobrar perante Deus. Após Arão ter golpeado o pó com o cajado, seguindo a ordem Divina, a terra de todo o Egito se transforma em piolhos e pequenos insetos, que picam mortalmente os egípcios e seus animais. Foi no decorrer desta terceira praga que os feiticeiros egípcios alertam seu rei que Moisés e Arão não eram magos nem tampouco eram "as ocorrências" fruto de algum tipo de feitiçaria. Eram enviados de Deus. Segundo a tradição, foi no final dessa praga que os judeus pararam de trabalhar para os egípcios.
Esta primeira série de pragas foi lançada por Arão e não por Moisés, porque este tinha um débito de gratidão com as águas do Nilo e com a terra do Egito. Quando Moisés nasceu, sua mãe, para salvá-lo do édito infanticida egípcio, colocou-o numa cesta sobre o rio e as águas o manteve vivo, conduzindo-o até Batia, filha do Faraó, que o resgatou. A terra também o ajudou, pois encobriu o corpo de um algoz egípcio, que Moisés matara para salvar a vida de um judeu. Deus, portanto, incumbiu Arão de lançar as primeiras três pragas, porque, como Ele próprio afirma, "as águas que cuidaram de ti quando foste lançado ao Nilo...e a terra que veio em teu auxílio quando mataste o egípcio...não é justo que por ti sejam amaldiçoadas".

3.2) A Segunda Série: animais selvagens, peste e tumores
Iniciando o segundo grupo, a quarta praga é precedida pela declaração Divina: "Para que saibas que sou o Eterno no meio da terra" ( 8:18). Por todo o Egito, bandos de animais selvagens, cobras e escorpiões atacam os egípcios, mesmo dentro de seus lares, e destroem tudo que encontram pelo caminho. Mas, como Deus afirmara, "Separarei nesse dia a terra de Goshem", nenhum destes animais adentrou na terra onde habitavam os judeus. Segundo a tradição, numa clara demonstração de Seu Poder, mesmo os judeus que estavam em outros lugares não foram atacados.
A quinta praga é uma peste fatal que mata os animais domésticos dos egípcios que pastavam nos campos, inclusive os carneiros, que eram considerados um de seus deuses. No entanto, nenhum animal de qualquer judeu foi atingido. Segundo Rabi Alkabetz, a partir daquele momento o sofrimento egípcio se tornou tão intenso, que até o Faraó já estava disposto a ceder. Deus, no entanto, endureceu-lhe o coração, pois queria que os Filhos de Israel vissem a totalidade e abrangência de Sua Força e aprendesse a Nele ter fé.
A sexta praga que atinge os egípcios e seus animais, chamada de tumores, eram bolhas que se transformavam em úlceras, causando grande sofrimento físico. Mesmo os feiticeiros egípcios foram atingidos pela doença.
Esta segunda série de pragas foi uma clara demonstração de que a Providência Divina, a Mão de Deus, está presente em tudo o que acontece. O fato de nenhum judeu ter sido atingido era mais uma prova de que Deus controla tudo que ocorre no mundo, inclusive o comportamento dos animais e as aflições físicas.

3.3) A Terceira Série: granizo, gafanhotos e escuridão

O objetivo desta última série de pragas, anunciado pela declaração "Para que saibas que não há ninguém como Eu, em toda a Terra" (9:14), foi demonstrar o infinito poder de Deus. Outro propósito para a ação Divina é revelado por Moisés, quando informa ao Faraó que, apesar de merecer morrer, sua vida fora poupada para que ele reconhecesse a grandeza do Deus Único e Verdadeiro. "Para que Meu Nome seja anunciado em toda a terra" (9:16), afirma Deus. E para que fosse transmitido, de geração em geração, o relato do que estava ocorrendo no Egito, ou seja, a manifestação explícita de Sua Vontade.
Na sétima, uma violenta tempestade de granizo assola o país. O mundo nunca vira algo igual. Muito menos o Egito, onde, devido à escassez de chuva, este fenômeno meteorológico era desconhecido. Havia um aspecto sobrenatural nesta praga: o granizo vinha acompanhado de raios que incendiava a terra egípcia (9:23). Antes da sétima praga, Deus alertou os egípcios para procurarem abrigo durante a chuva de granizo, pois, nenhum ser e nenhum vegetal escapariam sem ferimento. E os que acreditaram nas palavras de Moisés procuraram abrigo, tanto para si como para o gado que restou.
Na oitava praga, um vento do leste trouxe nuvens de gafanhotos. Os insetos devoraram cada folha verde que sobrevivera ao granizo e às pragas anteriores. Invadiram os lares e os campos egípcios e trouxeram ruína total ao país, já praticamente destruído pelas catástrofes anteriores. Pela primeira vez, o Faraó reconhece seus erros, mas ainda permaneceu firme na determinação de não deixar partirem os judeus.
Quando a nona praga se abateu sobre o Egito, uma "escuridão tangível", impenetrável, tão densa que apagava qualquer luz, envolveu o país por seis dias. Mais uma vez, um fenômeno natural - a escuridão - se manifestou de forma sobrenatural, pois enquanto nos lares egípcios não era possível acender uma luz, nos lares judaicos, havia luz abundante. Os egípcios, tomados de pavor, permaneceram imóveis onde se encontravam. Ao descrever a praga, a Torá menciona "escuridão e trevas": escuridão no sentido físico e trevas no sentido espiritual. A Torá nos ensina que esta praga refletia o egoísmo prevalente no Egito: "Não via nenhum homem a seu irmão", pois cada egípcio via somente a si próprio; assim aconteceu durante a praga da escuridão, ninguém se mexeu para socorrer o outro, pois a ajuda mútua não fazia parte de sua visão de mundo.

3.4) A Décima Praga: a morte dos primogênitos egípcios

A décima e última praga é amplamente anunciada por Moisés, que alerta o Faraó que, por volta da meia-noite o anjo da morte passaria sobre o Egito e golpearia todos os primogênitos - filhos de homens ou de animais.
Seu aspecto de punição é imensamente mais severo do que o das outras, cujo principal objetivo era incutir nos egípcios a fé em Deus. Durante esta praga, Deus, Juiz Supremo, executou o castigo, "medida por medida", pelo decreto de extermínio que o Egito lançara contra o Povo Judeu. O Faraó, que emitira a ordem de que todo menino judeu fosse afogado no Nilo, e os egípcios, que a haviam executado, presenciaram a morte de seus primogênitos na noite que antecedeu o Êxodo.
À meia-noite, todos os primogênitos egípcios, inclusive o filho do Faraó, faleceram a um só tempo. A única exceção foi o Faraó, ele era um primogênito, mas Deus poupou-lhe a vida porque, às margens do Mar de Juncos, no episódio da abertura do mar, ele ainda iria testemunhar, uma vez mais, o ilimitado poder de Deus.
Naquela fatídica noite nenhum judeu faleceu; Deus postergou até mesmo a morte dos que haviam terminado seu tempo na Terra. Demonstrava assim, mais uma vez, a clara distinção entre os oprimidos e os opressores.
Naquela noite, os Filhos de Israel vivenciaram uma nova dimensão da Justiça Divina e tiveram a certeza que o Verdadeiro e Misericordioso Deus os libertara da escravidão.


4 - Conclusão

Em toda narrativa bíblica observamos que Deus não aceita idolatria e traz punição a todo aquele que, de alguma forma a pratica ou permite sua prática.
Foi esse o motivo da destruição da Torre de Babel, foi por este motivo que Deus enviou as pragas ao Egito, por isso também castigou o povo de Israel no deserto e posteriormente todos os reis que tiveram, dividindo-os no tempo de Roboão pelo pecado de Salomão. Também esta foi à causa do exílio de Israel na Assíria e de Judá na Babilônia.
Não se engane esse é um pecado do qual Deus não perdoa. Esse é o pecado que Marcos 3:28-29 se refere, como a blasfêmia contra o Espírito Santo. Aquele que escolhe se rebelar contra o único Deus em prol dos ídolos não tem perdão, ou seja, aquele que pratica idolatria sem arrependimento.
“Eis que sofrereis sobre as vossas cabeças todas as conseqüências de vossos pecados horrendos de idolatria! E todos vós sabereis que Eu Sou YHWH, o Eterno Senhor Deus”. (EZ 23:49 - KJA)


Curiosidade:
Este link tem uma matéria que mostra como a ciência explica e comprova as Pragas do Egito.
https://noticias.gospelmais.com.br/as-dez-pragas-do-egito.html


QUESTIONÁRIO:


1 – Faraó era o título dado ao rei do Egito, mas ele se auto-intitulava como...
Filho de Rá, um deus.

2 – Quantos anos o povo de Israel ficou no Egito?
430 anos

3 – A partir de qual praga o povo de Israel foi privilegiado por deus?
4ª praga – moscas ou insetos

4 - Segundo Rabi D. Isaac Abravanel, quais eram as 3 verdades sobre Deus que as pragas revelavam?
Sua Existência, Sua Divina Providência e Sua Onipotência

5 – Qual foi a primeira série de pragas?
sangue, rãs e piolhos

6 – Qual era o significado para o povo de Israel, a transformação das águas do Nilo em sangue?
Deus estava punindo os egípcios por terem jogado nas águas daquele rio o sangue de seus filhos.

7 – De que forma Arão chama a praga dos piolhos ao Egito?
Tocando com o cajado na terra a transformando em piolhos.

8 – Qual foi a segunda série de pragas?
Moscas, pestes e tumores

9 – Qual foi a terceira série de pragas?
granizo, gafanhotos e escuridão

10 – A praga da escuridão tinha uma característica peculiar e sobrenatural. Qual era?
Apagava qualquer luz que fosse acesa.

11 – Na praga dos primogênitos, Deus fez uma exceção ao povo egípcio, qual foi?
Poupou a vida do faraó quem também era primogênito

12 – Essa história nos revela que existe algo que deus não tolera de jeito nenhum, o que seria?
A idolatria

13 – O povo do Egito era descendente de qual filho de Noé?
Cam

14 – Como era a praga conhecida como saraiva?
Granizo e relâmpagos que incendiava o local que caia.


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Aula 08 - Desmistificando Gênesis - Melquisedeque


“E Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho. Melquisedeque abençoou Abrão, dizendo: “Abrão seja abençoado pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra! ““Seja louvado o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos de você em suas mãos” Aí Abrão deu a Melquisedeque a décima parte de tudo o que havia trazido de volta”.  (Gn 14:18-20 - NTLH)

1 – Introdução

Conhecer as escrituras e observá-la vai além de ler e obedecer. Conhecer as escrituras imputa pesquisa, entendimento e submissão.
Existem personagens na bíblia mal interpretados e cujo entendimento traria riquezas espirituais inimagináveis àqueles que se habilitam ao aprendizado.
Um desses personagens é Melquisedeque.
Melquisedeque foi citado como um rei e sacerdote contemporâneo de Abraão. 
Por ser um dos personagens mais misteriosos da Bíblia, muita gente se pergunta quem foi ele, já que em toda bíblia são feitas apenas três menções em livros (Gn 14:18; Sl 110:4; Hb 5:6,10; 6:20; 7:1,10,11,15,17)
Toda essa curiosidade se dá pelos assuntos relevantes ao sacerdócio eterno, dízimo e sua biografia.
Melquisedeque é a tradução aportuguesada de Malki -Tzedek, que significa “meu Rei é Justo” junção das palavras (Malki = rei e Tzedek = justo). Este título, e não nome foi-lhe dado por causa da sua grande sabedoria, ao mesmo tempo em que ele também é chamado de sacerdote.
De tudo o que li, pesquisei e ouvi, escolhi a linha mais plausível e pertinente aos conceitos judaicos e bíblicos que encontrei.
Que este estudo possa ajudá-lo a entender as escrituras com a mesma clareza com que entendi.


2 – Contexto Histórico

A bíblia não pode ser lida com a mentalidade ocidental, assim como não pode ser traduzida de forma literal, já que as palavras hebraicas têm conotações muito diferentes das línguas ocidentais, daí tanta tradução equivocada e tantos erros de interpretação.
Na época de Abraão, houve uma guerra de 4 contra 5 reis daquela região, o que incluía os reis de Sodoma e Gomorra. Como sabemos, Ló havia separado de seu tio e escolhido a região de Sodoma para morar, num local chamado Sidim. Exato local onde os 4 reis ganharam a batalha e levaram Ló e seus bens seqüestrados.
Abraão ficou sabendo disso e convocou seus 318 melhores homens para libertar seu sobrinho, o que fez com êxito.
Ao retornar, o rei de Sodoma foi-lhe ao encontro saudá-lo pela vitória, e a bíblia diz que Melquisedeque, essa figura misteriosa, apareceu-lhe levando consigo pão e vinho para entregar Abraão e lhe abençoou em nome do Deus Altíssimo. Foi quando Abraão, reconhecendo nele uma autoridade espiritual, repartiu os despojos de sua vitória dando-lhe a décima parte, ou o dízimo, como costumamos falar.
Abraão deu o dízimo de tudo o que tinha conquistado a Melquisedeque, porque reconheceu que ele era Sem, filho de Noé a quem abençoara como sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14:20).
Em 2079 a.C. quando houve esse encontro, Abraão tinha 80 anos e Sem (Melquisedeque) tinha 470 anos.
A tradição judaica, diz que Abraão foi visitar Melquisedeque a fim de conhecer sua sabedoria, pois vendo que este servia ao Deus Altíssimo quis averiguar se este era o mesmo Deus que havia se manifestado a ele em Ur dos Caldeus.
Os judeus contam que foi Melquisedeque quem contou para Abraão toda a história da criação, do dilúvio e das promessas de Deus feitas à descendência de Sem (filho de Noé).
E Melquisedeque falou de um rapaz cujo pai deu-lhe o nome de Shem (na Torá significa boa reputação). O personagem de boa reputação ficou famoso depois que teve filhos, netos e bisnetos, mas as pessoas foram esquecendo-se de toda a mensagem do pai de Sem (Noé), e o mundo voltou à idolatria.
Mas Sem decidiu montar uma escola para preservar todo aquele conhecimento. Essa escola se tornou um pequeno reino de justiça num mundo repleto de violência. Como líder era chamado de rei, pois quando dava sua palavra não voltava atrás, e o monte onde ficava a escola de Sem se chamava Montanha da Paz (Har Shalem) inicialmente, o Nome Sem foi esquecido e o apelido Rei Justo ficou. 
Então eles contam que Abraão decidiu montar sua tenda perto dele, e que Isaque e, posteriormente, seus filhos o conheceram.
Jacó tinha 48 anos de idade quando Sem faleceu, e depois de sua morte, seguiu seus estudos com Éber (bisneto de Sem) por 4 anos.
Por isso, mesmo na escravidão no Egito, os israelitas (filhos de Jacó e descendência), mantiveram o conhecimento de Sem.
Muitas passagens das Escrituras Hebraicas indicam que Sem era Melquisedeque, mas com o passar do tempo e com as diversas traduções, foi perdido a originalidade da história.

Curiosidade:

O texto de Hb 7:1-3 no grego foi traduzido como: “Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente.”. (ARA)
Ao pesquisar este versículo no hebraico, aparece exatamente assim:

כִּי זֶה מַלְכִּי-צֶדֶק מֶלֶךְ שָׁלֵם כֹּהֵן לְאֵל עֶלְיוֹן אֲשֶׁר יָצָא לִקְרַאת אַבְרָהָם בְּשׁוּבוֹ מֵהַכּוֹת אֶת-הַמְּלָכִים וַיְבָרֲכֵהוּ:
וַאֲשֶׁר חָלַק-לוֹ אַבְרָהָם מַעֲשֵׂר מִכֹּל שְׁמוֹ הוּא מֶלֶךְ הַצְּדָקָה וְעוֹד מֶלֶךְ שָׁלֵם הוּא מֶלֶךְ הַשָּׁלוֹם:
בְּאֵין-אָב בְּאֵין-אֵם בְּאֵין יַחַשׂ וּלְיָמָיו אֵין תְּחִלָּה וּלְחַיָּיו אֵין סוֹף וּבְזֹאת-נִדְמֶה לְבֶן-הָאֱלֹהִים הוּא עוֹמֵד בִּכְהֻנָּתוֹ לָנֶצַח:
 
Pois este é o rei dos reis, o rei de Salomão, que é capaz de ler Abraão quando ele retorna
dos reis, e o abençoa:
E quando ele era um membro de sua família, ele era um servo de todo o seu nome, e ele
era o rei de toda a justiça, e o rei do reino era o rei da paz:
Não há fim, e não há fim para isso, e não há fim para isso, e é ao Filho de Deus que ele
permanecerá ao seu comando para ser vitorioso.
O que me causou estranheza, pois nada tem a ver com a nossa tradução. Daí, lendo e ouvindo comentários a respeito, vi que tem algumas frases em parênteses, sugerindo que tenha sido inserida ao texto e não interpretado do original grego. E como ela não faz sentido, traduziram da forma que lhe aprouveram.
3 – Por que Melquisedeque era Sacerdote
“Mas aquele, cuja genealogia (grego = generosidade) não é contada entre eles, tomou (recebeu) dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas”. (Hb 7:6 ACF)
Abraão ofereceu a Melquisedeque um dízimo de tudo que tinha conquistado na batalha. Ao fazer isso Abraão reconheceu que Melquisedeque servia o Deus verdadeiro, assim como um sacerdote de posição mais elevada que o próprio Abraão. A existência de Melquisedeque mostra que outras pessoas além de Abraão e sua família também serviam ao Deus verdadeiro.
No Salmo 110, um salmo messiânico escrito por Davi (Mateus 22:43), Melquisedeque é visto como um tipo de Cristo (modelo ou figura de Cristo). O tema é repetido no livro de Hebreus, onde Melquisedeque e Cristo são considerados reis da justiça e da paz. Onde, ao citar Melquisedeque e seu sacerdócio como um tipo, o autor mostra que o sacerdócio de Cristo é superior à ordem levítica e ao sacerdócio de Arão (Hebreus 7:1-10), mas equivale ao sacerdócio de Melquisedeque.
Como entender essa diferença?!
Sacerdote, no original da palavra hebraica Gohem ou Kohem, significa a pessoa que se santifica num relacionamento com Deus, aquele que cumpre a lei de Deus e a ensina.
Para entender isso, precisamos ter em mente que o sacerdócio existiu antes mesmo dos levitas, e não era uma exclusividade do povo israelita.
Nas culturas pagãs antigas, sempre existiu o rei (figura de autoridade política para o povo) e o sacerdote (figura religiosa, responsável pelo culto e propagação de sua divindade), muito antes de Israel se formar como nação. Isso nos mostra que essa palavra vai além do significado atual.
Então, para entender, Deus havia estabelecido Adão como o cabeça, o que equivale a palavra sacerdote em Gênesis, mas ele falhou (no Éden já existia lei e mandamentos, e ele desobedeceu)
Em seguida estabeleceu Sete, até que sua descendência se corrompeu chegando a Noé (último justo achado sobre a terra, ou seja, último sacerdote – Gn 6:1-8), daí veio Sem, aquele que entre os filhos de Noé se manteve fiel a Deus e foi escolhido para gerar o Messias (Gn 4:26 - NTLH)
Quando Paulo diz que o sacerdócio de Melquisedeque é maior que o sacerdócio levítico, ele estava dizendo da forma original de ser sacerdote – pessoa que serve a Deus não por obediência a lei e sua punição, mas por iniciativa e motivação própria. Aquele que a cumpre e a ensina.
Quando Melquisedeque oferece pão e vinho como sinal de bênção para Abrão (Gn 14:19), ritual conhecido como Kidush (do hebraico, "santificação") o objetivo era “santificar” e abençoar aquele que recebia esses elementos, no caso Abrão (símbolos que perduram hoje na Santa Ceia).
Abraão estava sendo abençoado por Melquisedeque, tornando-se um filho espiritual para aquele sacerdote (discípulo). Assim como Cristo o fez na última ceia com seus discípulos, abençoando-os e os santificando para a obra que iria começar em suas vidas.
Dizer que Jesus era da ordem sacerdotal de Melquisedeque é dizer que ele cumpriu todos os requisitos da lei sem falhar repassando-as para seus discípulos, portanto, maior que o sacerdócio levítico que falhou na sua missão (Mt 5:17-18; Gl 1:4; 1 Tm 2:1-6).


4 – Para Finalizar: Salém X Jerusalém

Os jebuseus chamavam a cidade de Salém de Jebus, e os israelitas se referiam a eles como os “Jebus de Salém” (lugar de paz) que mais tarde tornou-se Jerusalém (Js 16:63 , 18:28 , 1Cr 11:4).
Sem possuía terras em volta de Jerusalém (1 Sm 7:12), e isto é mais uma prova de que ele era Melquisedeque.

Salém é uma corruptela de Shem (ou seja, forma errada de pronunciar ou escrever uma palavra – daí surgiu a palavra corrupção = modificação, adulteração das características originais de algo), onde está inserida em seu meio a palavra aramaica Al que significa o mesmo que El em hebraico, ou seja: Senhor, Deus.

Salém significa, portanto “O Senhor Deus habitando no meio de Sem -> S E M + A L = SALEM
Outra coisa que precisamos observar era que aquele lugar onde Abraão estava era Canaã, lugar que por promessa divina receberia como herança de Deus para sua descendência, e lugar que mais tarde, Deus entregou a Josué para formar a nação de Israel, no entanto, já pertencia a Sem seu ancestral (note no mapa abaixo)
A cidade ficou conhecida por este nome com Davi, que a fez de capital.
YERUSHALEM, significa no hebraico ALICERCE DA PAZ, ou CIDADE DA PAZ, talvez como uma menção a Melquisedeque, primeiro habitante daquele lugar.





DATA

NASCIMENTO

MORTE

REFERÊNCIA

2919 a.C
Noé
1969 a.C
Gn 5: 30, 9:28
2417 a.C
Sem
1807 a.C
Gn 5:26, 11:11
2317 a.C
Arfaxade (Fundador de Ur)
1879 a.C
Gn 11:10, 11:13
2282 a.C
Selá
1849 a.C
Gn 11:12, 11:15
2252 a.C
Héber
1788 a.C
Gn 11:14, 11:17
2218 a.C
Pelegue
1979 a.C
Gn 11:16, 11:19
2188 a.C
Reú
1949 a.C
Gn 11:18, 11:21
2156 a.C
Serugue
1926 a.C
Gn 11:20, 11:23
2126 a.C
Naor
1978 a.C
Gn 11:22, 11:25
2097 a.C
Terá
1892 a.C
Gn 11:24, 11:32
1967 a.C
Abrão
1792 a.C
Gn 11:26, 25:7
1867 a.C
Isaque
1687 a.C
Gn 21:3-5, 35:28
1807 a.C
Esaú e Jacó
Jacó = 1660 a.C
Gn 25:19-26, 49:33



Dinâmica – Galope passa a Bíblia



Divida o grupo em duas fileiras com o mesmo número de participante.
Dê uma bíblia para os participantes que estão na frente.
A brincadeira segue da seguinte maneira:
O professor falará um texto bíblico e quem abrir primeiro e lê corretamente, vai pra trás na fila e entrega a bíblia para o segundo participante que deverá fazer a mesma coisa com aquele que não conseguiu. Assim sucessivamente até que o que começou sendo o primeiro volte a sua posição.


1 – Gn 14:20 - E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

2 – Sl 110:4 – Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.

3 – Hb 5:10 – Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

4 – Mt 22:43 – Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo

5 – Gl 1:4 – O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai,

6 – 1 Tm 2:6 – O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.

7 – Js 18:28 – E Zela, Elefe, e Jebus (esta é Jerusalém), Gibeá e Quiriate: catorze cidades com as suas aldeias; esta é a herança dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias.

8 - 1 Cr 11:4 – E partiu Davi e todo o Israel para Jerusalém, que é Jebus; porque ali estavam os jebuseus, habitantes da terra.

9 – 1 Sm 7:12 – Então tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e chamou-lhe Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor.

10 – Gn 6:8 – Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.

11 – Mt 5:17 – Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.

12 – Hb 7:10 - Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro.


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