Autor: Ezequiel
Data: 593 – 571 a.C
Alvo: Povo de Judá
Local: Cativeiro Babilônico
Contemporâneos: Jeremias e Daniel
"É
a mim que pertencem às vidas, a vida do pai e a vida do filho. Ora, é o culpado
que morrerá." (Ezequiel,
18:4 – Bíblia Católica)
1 – Introdução
Como você pode lidar com um mundo desviado? Ezequiel,
destinado a iniciar o ministério de sua vida como um sacerdote aos trinta anos,
foi tirado de sua terra natal e enviado para a Babilônia com a idade de 25. Por
cinco anos ele viveu em desespero.
Aos trinta anos, ele teve uma visão majestosa da glória do
Senhor que cativou o seu ser na Babilônia. O sacerdote/profeta descobriu que
Deus não era limitado pelas restrições estreitas da sua terra nativa. Em vez
disso, Ele é um Deus universal que comanda e controla as pessoas e nações.
Na Babilônia, Deus concedeu a Ezequiel Sua Palavra para o
povo.
A experiência de sua chamada transformou Ezequiel. Ele se
tornou avidamente dedicado à Palavra de Deus, e percebeu que pessoalmente não
tinha nada para ajudar aos cativos em sua situação amarga, mas estava
convencido de que a Palavra de Deus falava ao seu povo e poderia dar-lhes a
vitória. Ezequiel usou vários métodos para transmitir a Palavra de Deus. Utilizou
arte ao desenhar um retrato de Jerusalém, ações simbólicas e conduta incomum para
assegurar a sua atenção, como cortar seu cabelo e a barba para demonstrar o que
Deus faria a Jerusalém e seus habitantes.
Ficou conhecido como um profeta visionário, pois quase um
terço de suas mensagens, foi recebido por meio de visões.
2 – Quem foi Ezequiel
Filho
de Buzi, sacerdote da linha de Zadoque (1 Rs 2.26, 27, 35; Ez 1.3; 40.46; 44.15), cujo
nome significa – Deus Fortalece.
Ezequiel foi para a
Babilônia em 597 a.C, na segunda e maior leva de cativos. Estes foram levados
para um acampamento ao norte da Babilônia, perto do rio Quebar (Ez 1:1).
É possível que devido a influência de Daniel (que já era
governador) estes reféns tivessem permissão de ficar juntos, recebendo
terras para cultivo e certo grau de liberdade civil e religiosa. Isto demonstra
claramente o plano minucioso de Deus. Para purificar a nação de Israel de suas
práticas idólatras, foi necessário manter o povo separado dos babilônios.
Da mesma maneira Deus manteve o Seu povo separado dos egípcios
durante o cativeiro naquela terra.
Suas mensagens eram todas cuidadosamente
datadas, tornando assim, fácil a orientação do tempo em que estavam no exílio.
Ezequiel apesar de ser
sacerdote, serviu a Deus como profeta, já que no exílio, os rituais cessaram. Assim, sua mensagem é repleta de referências
ao templo. Ele condena o sacrilégio na casa do Senhor, prediz a destruição do
templo e prediz a sua reconstrução.
Sua esposa morreu repentinamente no dia da
destruição de Jerusalém.
As datas de suas profecias indicam que ele
ministrou por um período de quase 22 anos (593-571 a.C). As tradições afirmam
que seu ministério findou de repente, ao ser morto por um judeu irado, acusado
pelo profeta de praticar idolatria.
3 – Contexto Histórico
O pensamento corrente em Israel é que Deus estava
restrito à Palestina e ao Templo de Jerusalém. No exílio esta idéia foi posta
em xeque, pois os judeus aprenderam que Deus poderia ser adorado fora dos
limites da Terra Prometida.
A profecia de Ezequiel foi uma conseqüência dos atos políticos e religiosos do rei Manassés quando decretou o baalismo como religião oficial (2 Rs. 21:1-9). Este decreto estabeleceu, inevitavelmente, o fim da nação de Judá (2 Rs. 21:9-15; 24:3-4).
A profecia de Ezequiel foi uma conseqüência dos atos políticos e religiosos do rei Manassés quando decretou o baalismo como religião oficial (2 Rs. 21:1-9). Este decreto estabeleceu, inevitavelmente, o fim da nação de Judá (2 Rs. 21:9-15; 24:3-4).
Josias, neto de Manassés, foi o último a tentar restabelecer o
padrão ético, moral e religioso de Judá, quando o livro da Lei (provavelmente Deuteronômio) foi
redescoberto (2 Rs. 22:3-13). Entretanto, com a morte de Josias em 609
a.C. (2 Rs. 23:28-30; 2 Cr. 35:20-27), pelo faraó egípcio Neco, sua
tentativa não teve continuidade.
Após este episódio, todos os demais reis de Judá foram marionetes
dos reinos que procuravam dominar a região da Palestina, que não obedeceram às
regras da Aliança e não se arrependeram de seus atos, mesmo com grande volume
de mensagens proféticas. O cronista vê nesta situação um caminho sem retorno (2 Cr.
36:15-16).
O faraó Neco deixou os filhos de Josias, Jeoacaz e Eliaquim, como
vassalos do Egito, porém Jeoacaz foi destituído por insubordinação (2 Rs 23:31-35). Então
Eliaquim, também chamado de Jeoaquim, governou Jerusalém por onze anos (2 Rs 23:34
- 24:7), cujo governo Jeremias avaliou como corrupto, idólatra, com
injustiças sociais, assassinatos, roubos, extorsão e abandono da Aliança com Deus
(Jr. 22:1-17).
Em 605 a.C. na batalha de Carquêmis, o Egito fugiu diante da
Babilônia (2 Rs. 24:7) e Judá teve que pagar tributo a Nabucodonosor. Porém
Jeoaquim rebelou-se contra a Babilônia e o resultado foi o cerco de Jerusalém
em 598-597 a.C. quando Jeoaquim morreu. Joaquim, seu filho, governou em seu
lugar por apenas três meses até que os babilônios invadiram e destruiriam a
cidade (2 Rs. 24:1-17).
A partir daí, a família real e outras 10 mil pessoas (entre eles nobres,
sacerdotes, artífices e ferreiros) foram levadas para a Babilônia, e, entre
elas estava Ezequiel, que aproveitou o exílio de Joaquim para datar muitas de
suas profecias aos hebreus deportados (Ez. 1:1-3; 8:1).
4 – Conteúdo e
Estrutura do Livro
Seu livro sempre fez parte do cânon hebraico,
mas, em virtude das diferenças em relação às cerimônias do templo e das leis
mosaicas ( conferir Nm 28:11 e Ez 46:6), eruditos judeus, posteriormente, chegaram a questionar sua
canonicidade até que os rabinos restringiram seu uso quando as divergências
fossem solucionadas na “vinda de Elias” (Ml. 4:5).
O capítulo 1 foi proibido nas sinagogas e a
leitura privada só era permitida àqueles que tivessem mais de trinta anos.
De acordo com a análise literária do livro de Ezequiel podemos afirmar que ele mesmo escreveu suas profecias, em virtude do uso constante dos pronomes “eu”, “me” e “meu”. O estilo e uniformidade de sua escrita e linguagem também contribuem para corroborar a tese de Ezequiel como autor único da obra que leva seu nome.
De acordo com a análise literária do livro de Ezequiel podemos afirmar que ele mesmo escreveu suas profecias, em virtude do uso constante dos pronomes “eu”, “me” e “meu”. O estilo e uniformidade de sua escrita e linguagem também contribuem para corroborar a tese de Ezequiel como autor único da obra que leva seu nome.
A data da produção do livro de Ezequiel é determinada
principalmente em razão da evidência interna de treze profecias datadas a
partir do dia, mês e ano do exílio do rei Joaquim. Seu chamado é do ano de 593
a.C., e sua última profecia, contra o Egito, de 571 a.C. Uma vez que Ezequiel
nada fala sobre o libertação de Joaquim em 562 a.C. é possível supor que o
registro das suas atividades proféticas tenha ocorrido entre 571 e 562 a.C.
O livro de Ezequiel pode ser dividido em três partes, da seguinte forma:
1 - Contra Jerusalém – (1
a 24)
2 - Contra as nações – (25
a 32)
3 - A restauração de
Jerusalém (33 a 48)
5 – Ezequiel, seus Recursos e Alegorias
Ezequiel foi o profeta que mais se valeu deste recurso. Seu
livro está cheio de provérbios, alegorias, pequenas descrições, visões, mas,
sobretudo, de ações simbólicas.
Eis alguns dos recursos por ele empregados para ensinar a mensagem
ao povo:
·
Um tijolo (4.1-3) -
Simbolizando o cerco e a queda de Jerusalém.
·
Ele se deitando do lado
esquerdo e do lado direito (4.4-8) - Simbolizando o cerco de Jerusalém e o
castigo divino.
·
Bolos e água racionada como
sua comida (4.9-17) - Simbolizando a fome no cativeiro.
·
Ele tirando a barba e
raspando a cabeça (5.1-17) - Simbolizando a destruição do povo pela espada.
·
Ele se mudando de casa
(12.1-7) - Simbolizando a ida do povo para o cativeiro.
·
Ele comendo e bebendo com
tremor (12.17-20) - Simbolizando a ansiedade e o desespero do povo no dia da
desolação.
·
A espada afiada e polida
(21.1-17) - Simbolizando o juízo iminente de Iahweh sobre Jerusalém.
·
A espada de Nabucodonosor
(21.18-23) - Simbolizando a vitória de Babilônia.
·
A fornalha (22.17-31) -
Simbolizando o julgamento de Jerusalém por causa da corrupção dos sacerdotes.
·
A morte da esposa (24.15-27)
- Simbolizando a queda de Jerusalém.
·
Dois pedaços de pau
(37.15-23) - Simbolizando a reunificação de Israel e Judá
Além disso, ele nos brinda com muitas alegorias,
que é simbolismo para ensinar uma verdade espiritual. Eis algumas delas:
·
A madeira inútil da videira,
símbolo da destruição de Jerusalém (15.1-8)
·
A esposa infiel, símbolo da
infidelidade de Jerusalém (16.1-63)
·
As duas águias e a videira,
símbolos da Babilônia e destruição de Jerusalém (17.1-21)
·
O broto do cedro, símbolo da
elevação e queda das nações por Iahweh (17.22-24)
·
A leoa e seus filhotes,
símbolo dos reis de Judá, que serão presos (19.2-9)
·
A mãe como videira plantada,
símbolo da destruição da realeza de Judá (19.10-14)
·
O fogo no bosque, símbolo da
destruição de Judá (20.46-49)
·
As duas irmãs prostitutas,
símbolo de Samaria e Jerusalém (23.1-49)
·
A caldeira enferrujada,
símbolo da imundícia de Jerusalém (24.1-14).
6 – As Visões de Ezequiel
Por perdermos ao longo dos séculos a simbologia usada na
antiguidade por esses homens de Deus, muitas vezes não conseguimos compreender
com exatidão o que eles queriam dizer. O que
sabemos, é que, as visões de Ezequiel ressaltaram a soberania de Deus sobre o
mundo e destacaram o conhecimento que o profeta tinha deste papel que o Senhor
desempenhava. A escatologia presente nestas visões indicava para o povo que as
promessas de Deus se cumpririam, pois os ossos secos tornariam à vida.
1 - Visão das Rodas – (Ez 1:4-28) Era para mostrar que Deus estava no controle absoluto do
universo, pois Seus olhos estavam voltados em todas as direções. A
característica motora de Seu trono simbolizava Sua presença em todos os
lugares. Portanto, o povo cativo poderia ter certeza de que o Senhor estava com
eles na Babilônia.
2 - Seres Viventes – ( Ez 1:4-28) Existem alguns significados para
esta visão, duas achei relevantes:
A) Quatro
Tribos
Judá, Rúben, Efraim e Dã – foram reconhecidas
como líderes tribais (Nm 2: 1-34). Cada uma teve
seu próprio estandarte ou bandeira que os identificava como cabeça das tribos,
enquanto as outras tribos tiveram suas insígnias, uma bandeira menor.
B) Quatro Evangelhos
Essas quatro
faces também apontam para cada um dos evangelhos:
·
Rosto de
Leão: Mateus –
Rei: Começa com uma Genealogia, para mostrar que ele vem do Rei Davi. Ele é o
Leão da Tribo de Judá.
·
Rosto de
Boi: Marcos –
Servo: Não há genealogia em Marcos, para mostrar que servo não tem genealogia.
Jesus Cristo é aquele que suporta cargas e fardos, e que veio a Terra para
levar sobre Si toda a carga de pecados, vergonhas e doenças humanas.
·
Rosto de
Homem: Lucas – Filho
do homem: Por isso a sua genealogia vai até Adão.
·
Rosto de
Águia: João – Filho
de Deus que desceu do céu: Jesus o Verbo eterno que desceu do céu.
3 –
Vale dos Ossos Secos – (Ez 37) Os ossos secos simbolizava toda a nação de Israel, que por se desviar de
Deus, fora entregue aos Assírios e aos Babilônicos respectivamente. Mas Deus
iria conduzir Seu povo (agora sendo como ossos secos) novamente à vida. E eles
novamente estariam vivos (libertos) para andar nos caminhos de Deus. Os
restauraria como nação forte e poderosa novamente.
4 – O Novo Templo – (Ez 40: 1-49) As interpretações da
visão do templo basicamente aparecem sob duas categorias – a literal e a
figurada. Damos abaixo um resumo das principais opiniões referentes à narrativa
do templo.
1)
Alguns defendem que é uma descrição
do Templo de Salomão, preservada para que os exilados, ao retomar,
pudessem reconstruir o seu santuário. Na realidade, as especificações para o
Templo de Ezequiel eram diferentes e maiores do que as do Templo de Salomão.
2) Outros dizem que ela
representa um ideal elevado, um
padrão geral para guiar os exilados, que retomavam, na sua edificação.
Toda a seção é considerada como uma
constituição para a teocracia pós-exílica. Mas em parte nenhuma dos livros
pós-exílicos do V.T. há uma referência ao Templo de Ezequiel, nem há alguma
indicação dele na obra de Zorobabel e Josué, Ageu e Zacarias (Ed 3:8-13; 5:1, 2, 13-17; 1:2-4; 6:14; Ag 1:2, 7-15; 2:1-9;
Zc. 6:9-15), ou Esdras (Ed 7:10, 15, 16, 20, 27
e Ne 8-9) que este fosse o tipo de templo que deviam edificar.
3) Alguns comentaristas judeus têm
defendido que o Rei Messias, na
sua vinda, completará o Templo e instituirá os detalhes do ritual.
4) Do mesmo modo há alguns cristãos que
defendem que existirão um Templo
literal, sacrifícios e um sacerdócio durante o Milênio, de acordo com as
especificações apresentadas por Ezequiel.
5) Ainda outros defendem que o Templo de Ezequiel é uma figura
representando os redimidos de todas as idades adorando Deus nos céus.
Contudo, muitos dos detalhes terrenos da visão, como, por exemplo, a oferta
pelo pecado nega a sugestão de que este seja um retrato da perfeita adoração
nos céus.
6) O ponto do vista simbólico típico, ou, mais acertadamente, o
alegórico, foi preferido pelos Pais da Igreja e pelos Reformadores. Eles
descobriram no príncipe, nos sacerdotes, nas ofertas, nas medidas do templo, na
corrente que brota do santuário, nas divisões tribais, etc., elementos
descrevendo Cristo e as perfeições espirituais da Igreja através da dispensação
do Evangelho. Esta opinião sofre da excentricidade do subjetivismo e rouba à
passagem o significado para o tempo de Ezequiel.
7) Alguns vêem nela simplesmente uma parábola profética. Esses
capítulos, dizem, apresentam grandes verdades espirituais em linguagem e
pensamentos padrões de Ezequiel, o sacerdote. São caracterizados pela mesma
minuciosidade de detalhes observada em suas visões (cap.
1, 32), transmitindo assim o sentido da segurança divina.
A visão de Ezequiel da comunidade restaurada abrange um novo Templo, ao
qual a glória do Senhor retorna (caps. 40-43),
um novo culto de adoração, com um ministério e sistema sacrificial ideais (caps. 44-46) e uma nova terra santa re-dividida entre
as tribos sobre novos princípios (caps. 47 ; 48).
7
– Conclusão
O livro de Ezequiel nos convida a participar de um novo e vivo encontro
com o Deus de Abraão, Moisés e profetas. Temos que ser vencedores ou seremos
vencidos. Ezequiel nos desafiou a: experimentar de uma visão transformadora do
poder, conhecimento, presença eterna e santidade de Deus; deixar Deus nos
dirigir; compreender a profundidade e compromisso com o mal que se aloja em
cada coração humano; reconhecer que Deus dá aos seus servos a responsabilidade
de advertir os ímpios de seu julgamento e, por último, ter uma experiência
genuína de uma relação viva com Jesus Cristo, o qual disse que a nova aliança
pode ser encontrada em Seu sangue.