quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Lição 12: Profetas Maiores - Ezequiel

Autor: Ezequiel
Data: 593 – 571 a.C
Alvo: Povo de Judá
Local: Cativeiro Babilônico
Contemporâneos: Jeremias e Daniel


"É a mim que pertencem às vidas, a vida do pai e a vida do filho. Ora, é o culpado que morrerá." (Ezequiel, 18:4 – Bíblia Católica)

1 – Introdução

Como você pode lidar com um mundo desviado? Ezequiel, destinado a iniciar o ministério de sua vida como um sacerdote aos trinta anos, foi tirado de sua terra natal e enviado para a Babilônia com a idade de 25. Por cinco anos ele viveu em desespero.
Aos trinta anos, ele teve uma visão majestosa da glória do Senhor que cativou o seu ser na Babilônia. O sacerdote/profeta descobriu que Deus não era limitado pelas restrições estreitas da sua terra nativa. Em vez disso, Ele é um Deus universal que comanda e controla as pessoas e nações.
Na Babilônia, Deus concedeu a Ezequiel Sua Palavra para o povo.
A experiência de sua chamada transformou Ezequiel. Ele se tornou avidamente dedicado à Palavra de Deus, e percebeu que pessoalmente não tinha nada para ajudar aos cativos em sua situação amarga, mas estava convencido de que a Palavra de Deus falava ao seu povo e poderia dar-lhes a vitória. Ezequiel usou vários métodos para transmitir a Palavra de Deus. Utilizou arte ao desenhar um retrato de Jerusalém, ações simbólicas e conduta incomum para assegurar a sua atenção, como cortar seu cabelo e a barba para demonstrar o que Deus faria a Jerusalém e seus habitantes.
Ficou conhecido como um profeta visionário, pois quase um terço de suas mensagens, foi recebido por meio de visões.


2 – Quem foi  Ezequiel

Filho de Buzi, sacerdote da linha de Zadoque (1 Rs 2.26, 27, 35; Ez 1.3; 40.46; 44.15), cujo nome significa – Deus Fortalece.
Ezequiel foi para a Babilônia em 597 a.C, na segunda e maior leva de cativos. Estes foram levados para um acampamento ao norte da Babilônia, perto do rio Quebar (Ez 1:1).
É possível que devido a influência de Daniel (que já era governador) estes reféns tivessem permissão de ficar juntos, recebendo terras para cultivo e certo grau de liberdade civil e religiosa. Isto demonstra claramente o plano minucioso de Deus. Para purificar a nação de Israel de suas práticas idólatras, foi necessário manter o povo separado dos babilônios.
Da mesma maneira Deus manteve o Seu povo separado dos egípcios durante o cativeiro naquela terra.
Suas mensagens eram todas cuidadosamente datadas, tornando assim, fácil a orientação do tempo em que estavam no exílio.
Ezequiel apesar de ser sacerdote, serviu a Deus como profeta, já que no exílio, os rituais cessaram. Assim, sua mensagem é repleta de referências ao templo. Ele condena o sacrilégio na casa do Senhor, prediz a destruição do templo e prediz a sua reconstrução.
Sua esposa morreu repentinamente no dia da destruição de Jerusalém.
As datas de suas profecias indicam que ele ministrou por um período de quase 22 anos (593-571 a.C). As tradições afirmam que seu ministério findou de repente, ao ser morto por um judeu irado, acusado pelo profeta de praticar idolatria.


3 – Contexto Histórico

O pensamento corrente em Israel é que Deus estava restrito à Palestina e ao Templo de Jerusalém. No exílio esta idéia foi posta em xeque, pois os judeus aprenderam que Deus poderia ser adorado fora dos limites da Terra Prometida.
A profecia de Ezequiel foi uma conseqüência dos atos políticos e religiosos do rei Manassés quando decretou o baalismo como religião oficial (2 Rs. 21:1-9). Este decreto estabeleceu, inevitavelmente, o fim da nação de Judá (2 Rs. 21:9-15; 24:3-4).
Josias, neto de Manassés, foi o último a tentar restabelecer o padrão ético, moral e religioso de Judá, quando o livro da Lei (provavelmente Deuteronômio) foi redescoberto (2 Rs. 22:3-13). Entretanto, com a morte de Josias em 609 a.C. (2 Rs. 23:28-30; 2 Cr. 35:20-27), pelo faraó egípcio Neco, sua tentativa não teve continuidade.
Após este episódio, todos os demais reis de Judá foram marionetes dos reinos que procuravam dominar a região da Palestina, que não obedeceram às regras da Aliança e não se arrependeram de seus atos, mesmo com grande volume de mensagens proféticas. O cronista vê nesta situação um caminho sem retorno (2 Cr. 36:15-16).
O faraó Neco deixou os filhos de Josias, Jeoacaz e Eliaquim, como vassalos do Egito, porém Jeoacaz foi destituído por insubordinação (2 Rs 23:31-35). Então Eliaquim, também chamado de Jeoaquim, governou Jerusalém por onze anos (2 Rs 23:34 - 24:7), cujo governo Jeremias avaliou como corrupto, idólatra, com injustiças sociais, assassinatos, roubos, extorsão e abandono da Aliança com Deus (Jr. 22:1-17).
Em 605 a.C. na batalha de Carquêmis, o Egito fugiu diante da Babilônia (2 Rs. 24:7) e Judá teve que pagar tributo a  Nabucodonosor. Porém Jeoaquim rebelou-se contra a Babilônia e o resultado foi o cerco de Jerusalém em 598-597 a.C. quando Jeoaquim morreu. Joaquim, seu filho, governou em seu lugar por apenas três meses até que os babilônios invadiram e destruiriam a cidade (2 Rs. 24:1-17).
A partir daí, a família real e outras 10 mil pessoas (entre eles nobres, sacerdotes, artífices e ferreiros) foram levadas para a Babilônia, e, entre elas estava Ezequiel, que aproveitou o exílio de Joaquim para datar muitas de suas profecias aos hebreus deportados (Ez. 1:1-3; 8:1).


4 – Conteúdo e Estrutura do Livro

Seu livro sempre fez parte do cânon hebraico, mas, em virtude das diferenças em relação às cerimônias do templo e das leis mosaicas ( conferir Nm 28:11 e Ez 46:6), eruditos judeus, posteriormente, chegaram a questionar sua canonicidade até que os rabinos restringiram seu uso quando as divergências fossem solucionadas na “vinda de Elias” (Ml. 4:5).
O capítulo 1 foi proibido nas sinagogas e a leitura privada só era permitida àqueles que tivessem mais de trinta anos.
De acordo com a análise literária do livro de Ezequiel podemos afirmar que ele mesmo escreveu suas profecias, em virtude do uso constante dos pronomes “eu”, “me” e “meu”. O estilo e uniformidade de sua escrita e linguagem também contribuem para corroborar a tese de Ezequiel como autor único da obra que leva seu nome.
A data da produção do livro de Ezequiel é determinada principalmente em razão da evidência interna de treze profecias datadas  a partir do dia, mês e ano do exílio do rei Joaquim. Seu chamado é do ano de 593 a.C., e sua última profecia, contra o Egito, de 571 a.C. Uma vez que Ezequiel nada fala sobre o libertação de Joaquim em 562 a.C. é possível supor que o registro das suas atividades proféticas tenha ocorrido entre 571 e 562 a.C.

O livro de Ezequiel pode ser dividido em três partes, da seguinte forma:
1 - Contra Jerusalém – (1 a 24)
2 - Contra as nações – (25 a 32)
3 - A restauração de Jerusalém (33 a 48)


5  – Ezequiel, seus Recursos e  Alegorias


Ezequiel foi o profeta que mais se valeu deste recurso. Seu livro está cheio de provérbios, alegorias, pequenas descrições, visões, mas, sobretudo, de ações simbólicas.
Eis alguns dos recursos por ele empregados para ensinar a mensagem ao povo:


·         Um tijolo (4.1-3) - Simbolizando o cerco e a queda de Jerusalém.
·         Ele se deitando do lado esquerdo e do lado direito (4.4-8) - Simbolizando o cerco de Jerusalém e o castigo divino.
·         Bolos e água racionada como sua comida (4.9-17) - Simbolizando a fome no cativeiro.
·         Ele tirando a barba e raspando a cabeça (5.1-17) - Simbolizando a destruição do povo pela espada.
·         Ele se mudando de casa (12.1-7) - Simbolizando a ida do povo para o cativeiro.
·         Ele comendo e bebendo com tremor (12.17-20) - Simbolizando a ansiedade e o desespero do povo no dia da desolação.
·         A espada afiada e polida (21.1-17) - Simbolizando o juízo iminente de Iahweh sobre Jerusalém.
·         A espada de Nabucodonosor (21.18-23) - Simbolizando a vitória de Babilônia.
·         A fornalha (22.17-31) - Simbolizando o julgamento de Jerusalém por causa da corrupção dos sacerdotes.
·         A morte da esposa (24.15-27) - Simbolizando a queda de Jerusalém.
·         Dois pedaços de pau (37.15-23) - Simbolizando a reunificação de Israel e Judá

Além disso, ele nos brinda com muitas alegorias, que é simbolismo para ensinar uma verdade espiritual. Eis algumas delas:


·         A madeira inútil da videira, símbolo da destruição de Jerusalém (15.1-8)
·         A esposa infiel, símbolo da infidelidade de Jerusalém (16.1-63)
·         As duas águias e a videira, símbolos da Babilônia e destruição de Jerusalém (17.1-21)
·         O broto do cedro, símbolo da elevação e queda das nações por Iahweh (17.22-24)
·         A leoa e seus filhotes, símbolo dos reis de Judá, que serão presos (19.2-9)
·         A mãe como videira plantada, símbolo da destruição da realeza de Judá (19.10-14)
·         O fogo no bosque, símbolo da destruição de Judá (20.46-49)
·         As duas irmãs prostitutas, símbolo de Samaria e Jerusalém (23.1-49)
·         A caldeira enferrujada, símbolo da imundícia de Jerusalém (24.1-14).



6 – As Visões de Ezequiel

Por perdermos ao longo dos séculos a simbologia usada na antiguidade por esses homens de Deus, muitas vezes não conseguimos compreender com exatidão o que eles queriam dizer. O que sabemos, é que, as visões de Ezequiel ressaltaram a soberania de Deus sobre o mundo e destacaram o conhecimento que o profeta tinha deste papel que o Senhor desempenhava. A escatologia presente nestas visões indicava para o povo que as promessas de Deus se cumpririam, pois os ossos secos tornariam à vida.



1 - Visão das Rodas (Ez 1:4-28) Era para mostrar que Deus estava no controle absoluto do universo, pois Seus olhos estavam voltados em todas as direções. A característica motora de Seu trono simbolizava Sua presença em todos os lugares. Portanto, o povo cativo poderia ter certeza de que o Senhor estava com eles na Babilônia.

2 - Seres Viventes ( Ez 1:4-28) Existem alguns significados para esta visão, duas achei relevantes:

A) Quatro Tribos

Judá, Rúben, Efraim e Dã – foram reconhecidas como líderes tribais (Nm 2: 1-34). Cada uma teve seu próprio estandarte ou bandeira que os identificava como cabeça das tribos, enquanto as outras tribos tiveram suas insígnias, uma bandeira menor.



B) Quatro Evangelhos

Essas quatro faces também apontam para cada um dos evangelhos:
·         Rosto de Leão: Mateus – Rei: Começa com uma Genealogia, para mostrar que ele vem do Rei Davi. Ele é o Leão da Tribo de Judá.
·         Rosto de Boi: Marcos – Servo: Não há genealogia em Marcos, para mostrar que servo não tem genealogia. Jesus Cristo é aquele que suporta cargas e fardos, e que veio a Terra para levar sobre Si toda a carga de pecados, vergonhas e doenças humanas.
·         Rosto de Homem: Lucas – Filho do homem: Por isso a sua genealogia vai até Adão.
·         Rosto de Águia: João – Filho de Deus que desceu do céu: Jesus o Verbo eterno que desceu do céu.

3 – Vale dos Ossos Secos (Ez 37) Os ossos secos simbolizava toda a nação de Israel, que por se desviar de Deus, fora entregue aos Assírios e aos Babilônicos respectivamente. Mas Deus iria conduzir Seu povo (agora sendo como ossos secos) novamente à vida. E eles novamente estariam vivos (libertos) para andar nos caminhos de Deus. Os restauraria como nação forte e poderosa novamente.


4 – O Novo Templo (Ez 40: 1-49) As interpretações da visão do templo basicamente aparecem sob duas categorias – a literal e a figurada. Damos abaixo um resumo das principais opiniões referentes à narrativa do templo.

       1) Alguns defendem que é uma descrição do Templo de Salomão, preservada para que os exilados, ao retomar, pudessem reconstruir o seu santuário. Na realidade, as especificações para o Templo de Ezequiel eram diferentes e maiores do que as do Templo de Salomão.
2) Outros dizem que ela representa um ideal elevado, um padrão geral para guiar os exilados, que retomavam, na sua edificação. Toda a seção é considerada como uma constituição para a teocracia pós-exílica. Mas em parte nenhuma dos livros pós-exílicos do V.T. há uma referência ao Templo de Ezequiel, nem há alguma indicação dele na obra de Zorobabel e Josué, Ageu e Zacarias (Ed 3:8-13; 5:1, 2, 13-17; 1:2-4; 6:14; Ag 1:2, 7-15; 2:1-9; Zc. 6:9-15), ou Esdras (Ed 7:10, 15, 16, 20, 27 e Ne 8-9) que este fosse o tipo de templo que deviam edificar.



3) Alguns comentaristas judeus têm defendido que o Rei Messias, na sua vinda, completará o Templo e instituirá os detalhes do ritual.

4) Do mesmo modo há alguns cristãos que defendem que existirão um Templo literal, sacrifícios e um sacerdócio durante o Milênio, de acordo com as especificações apresentadas por Ezequiel.

5) Ainda outros defendem que o Templo de Ezequiel é uma figura representando os redimidos de todas as idades adorando Deus nos céus. Contudo, muitos dos detalhes terrenos da visão, como, por exemplo, a oferta pelo pecado nega a sugestão de que este seja um retrato da perfeita adoração nos céus.

6) O ponto do vista simbólico típico, ou, mais acertadamente, o alegórico, foi preferido pelos Pais da Igreja e pelos Reformadores. Eles descobriram no príncipe, nos sacerdotes, nas ofertas, nas medidas do templo, na corrente que brota do santuário, nas divisões tribais, etc., elementos descrevendo Cristo e as perfeições espirituais da Igreja através da dispensação do Evangelho. Esta opinião sofre da excentricidade do subjetivismo e rouba à passagem o significado para o tempo de Ezequiel.



7) Alguns vêem nela simplesmente uma parábola profética. Esses capítulos, dizem, apresentam grandes verdades espirituais em linguagem e pensamentos padrões de Ezequiel, o sacerdote. São caracterizados pela mesma minuciosidade de detalhes observada em suas visões (cap. 1, 32), transmitindo assim o sentido da segurança divina.
A visão de Ezequiel da comunidade restaurada abrange um novo Templo, ao qual a glória do Senhor retorna (caps. 40-43), um novo culto de adoração, com um ministério e sistema sacrificial ideais (caps. 44-46) e uma nova terra santa re-dividida entre as tribos sobre novos princípios (caps. 47 ; 48).



7 – Conclusão

O livro de Ezequiel nos convida a participar de um novo e vivo encontro com o Deus de Abraão, Moisés e profetas. Temos que ser vencedores ou seremos vencidos. Ezequiel nos desafiou a: experimentar de uma visão transformadora do poder, conhecimento, presença eterna e santidade de Deus; deixar Deus nos dirigir; compreender a profundidade e compromisso com o mal que se aloja em cada coração humano; reconhecer que Deus dá aos seus servos a responsabilidade de advertir os ímpios de seu julgamento e, por último, ter uma experiência genuína de uma relação viva com Jesus Cristo, o qual disse que a nova aliança pode ser encontrada em Seu sangue.


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