sábado, 8 de dezembro de 2018

Aula 14 - Desmistificando as Festas Judaicas (parte 2)


1 – Introdução

O dicionário define festa como “reunião de pessoas com fins recreativos, geralmente acompanhada de música, dança, bebidas e comidas.” Para que haja uma festa, é preciso: um motivo, um grupo de pessoas e algum tipo de cerimonial.
Na Bíblia, em Israel, o significado de Festa era basicamente de cunho espiritual, e não somente para entretenimento e diversão. O termo hebraico “Chag” (Festa) significa: “ato de chamar ou reunir por convocação para uma Solenidade, Festival, Honra, Regozijo”.
Deus instituiu as Festas no meio do seu povo como um tipo de mensagem insculpida no tempo. Nem todos teriam acesso às Escrituras, mas uma data comemorativa chegaria para todos indiscriminadamente, e seu significado seria conhecido, tornando-se uma espécie de “monumento no tempo” ou “Santuários de tempos”.
As sete Festas anuais do povo de Israel eram: Páscoa (Lv 23:5), Pães Asmos (Lv 23:6), Primícias (Lv 23:10),
Pentecostes (Lv 23:15-16), Trombetas (Lv 23:24), Expiação (Lv 23:27) e Tabernáculos (Lv 23:34).
Cada Festa instituída possuía um significado especial, e tinha o propósito de marcar e celebrar um acontecimento histórico do povo de Israel. Mas além deste significado, cada Festa apontava também para algo que aconteceria no futuro, como um sinal profético do que haveria de vir.
Estas sete Festas anuais aconteciam em três épocas diferentes: três na Primavera, uma no início do verão e as outras três no outono.


ÉPOCA
FESTA
SIGNIFICADO
SIMBOLIZAVA
Primavera
Páscoa
Redenção
Crucificação de Cristo

Pães Asmos
Pureza
Sepultamento de Cristo

Primícias
Consagração
Ressurreição de Cristo
Verão
Pentecostes
Comunhão
Descida do Espírito Santo
Outono
Trombetas
Anunciação
Grande Tribulação (Ap 6)

Expiação
Arrependimento
Juízo de Deus (Ap 9 – 18)

Tabernáculo
Celebração
Volta do Messias (Ap 19 – 22)

Vamos agora analisar cada uma das Festas da tabela anterior em detalhes e seu significado profético.

2 – Páscoa

A Páscoa é uma Festa que lembra a libertação do povo Judeu da escravidão do Egito, para nós Cristãos, nos lembra de nossa libertação da escravidão do pecado através de Cristo. Jesus é o Cordeiro Pascal definitivo e provido por Deus para a salvação dos homens, conforme profetizado durante todo o Antigo Testamento, desde a queda do homem.
O cordeiro tinha de ser sacrificado no crepúsculo ou no início do entardecer, o horário das 3 da tarde (a hora nona) era a divisão entre a Oblação (oferta) menor e a Oblação (oferta) maior. Jesus foi crucificado às 9 da manhã do dia 14 de Nisan e morreu (expirou) às 3 da tarde (Marcos 15.25), sendo sepultado as 6 da tarde daquele mesmo dia.
Na pessoa de Cristo, essa Festa teve seu cumprimento máximo, na Cruz, onde foi cravada a cédula de nossa dívida com Deus (Colossenses 2.14).

3 - Pães Asmos

A Páscoa é seguida de uma semana de Festa dos Pães Asmos (não levedados). No Antigo Testamento, fermento poderia ser leite; ovo ou qualquer outro ingrediente que, ao ser adicionado na massa, poderia causar a fermentação. Normalmente o fermento é a “levedura”, e a massa se leveda quando é adicionada outra massa contaminada, nessa massa fresca e pura (Gálatas 5.9). O termo fermento ou levedo, no seu sentido mais amplo, é qualquer coisa que pode causar uma mudança numa massa maior. Referente às escrituras, é qualquer coisa que corrompe um ingrediente quando é adicionado.
E no caso de Cristo, o que isso representa? Vejamos:
      • Ele é o pão da vida.
      • Ele não teve fermento.
      • Ele foi açoitado, dilacerado, traspassado e moído por nós. Curiosamente o Matzo (pão sem fermento) é cheio de sulcos na aparência, o Matzo é perfurado para que o calor do forno possa passar por todo seu interior e o Matzo é feito de semente esmagada.

Em Cristo a Festa dos Pães Asmos foi cumprida, pois ele é o Pão da Vida sem fermento, do qual devemos nos alimentar continuamente para termos vida e vida em abundância.

4 - Primeiros Frutos (Primícias)

Durante o ano existiam alguns sábados (“Shabat“) extras conhecidos como “Shabaton” ou como “O Grande Shabat“. Esses sete “Shabaton” extras caíam em dias especiais do calendário e não exatamente nas noites de sextas-feiras. O primeiro Shabaton do ano é no dia 15 de Nisan. No ano em que Jesus morreu, o dia 15 de Nisan caiu numa quinta à noite e na sexta de dia. Portanto, houve dois Shabats, um logo após o outro, ou seja, um Grande Shabat para a Páscoa, no dia 15 de Nisan, e o outro no dia 16 de Nisan que foi um Shabat normal celebrado na sexta a noite e no sábado durante o dia. Isso só pode ser encontrado no Novo Testamento somente se for lido no grego em Mateus 28.1 onde a palavra traduzida para Shabat é, na verdade, Shabaton e indo até Marcos 15.42 encontramos o texto dizendo claramente que “e portanto era o Dia da Preparação, isto é a véspera do sábado (Shabat), …”, veja também Mateus 26.62 e João 19.31. O “Dia da Preparação” refere-se a qualquer dia da semana, em qualquer data, antes de um Shabat.
A Festa dos Primeiros Frutos ou das Primícias teve seu cumprimento em Cristo através de sua ressurreição nesse dia, sendo assim Ele é o primogênito entre os mortos (Colossenses 1.18) para a vida eterna, Ele foi feito a primícia dos que dormem (1 Corintios 15.20). As manifestações descritas em Mateus 27.52-53 foram as Primícias de Cristo oferecidas a Deus Pai, aqueles santos que ressuscitaram foram os primeiros de uma imensa colheita que está para acontecer. A Festa das Primícias é a terceira e última Festa que Jesus cumpriu pessoalmente na Terra. Jesus estava presente fisicamente na Páscoa, nos Pães Asmos e nas Primícias. Ele subiu (ascendeu) ao céu depois de 40 dias, 10 dias antes do Pentecostes. Ele ainda virá fisicamente cumprir mais três Festas.

5 – Pentecostes

Depois das Primícias conta-se o Omer (feixe), a contagem dos 50 dias é chamada de “contando o Omer“, contando os feixes. A nação de Israel ressuscitou quando saiu das águas do Mar Vermelho e 50 dias depois Deus deu a eles a Lei, a Torah. Jesus ressuscitou e 50 dias depois Deus nos concedeu o Ruach Ha’Kodesh (o Espírito Santo). Ambos os casos citados tem o mesmo propósito (João 16.13 e Gálatas 5.22-23).
A Festa hebraica é chamada Festa do Shavuot. Shavuot significa “semanas” e se refere as semanas que estão entre as Festas das Primícias e do Pentecostes. Nas Primícias, um feixe de “grãos ázimos” era movido perante Deus, exatamente como Jesus, sem pecados, foi movido (levantado) diante do Pai. No Shavuot, dois pães levedados (porosos) eram levantados diante de Deus. Já que os dois pães contem levedura (fermento), o que eles representam? Os dois pães são as duas partes da Igreja, a judia e a gentia, mas ambas contem pecado. O término dessa quarta Festa traz o encerramento das Festas das primeiras chuvas, as chuvas temporãs. Jesus falou sobre o Pentecostes em vários momentos, inclusive no dia de sua ascenção (Atos 1.4-9).
Podemos resumir as 4 primeiras Festas da seguinte forma:
Páscoa: Convocação pela morte do Messias.
Pães Asmos: Convocação pelo sepultamento do Messias.
Primeiros Frutos (Primícias): Convocação pela ressurreição do Messias.
Pentecostes: Convocação pela nomeação e delegação de poder ao povo dado pelo Messias.
Vamos observar agora as 3 Festas seguintes, relacionadas as últimas chuvas, a chuva serôdia, que estão para se cumprir. Como vimos nas 4 primeiras, Deus zela pelo cumprimento das Festas de acordo com seus significados e podemos esperar fatos relevantes também para as Festas de outono.

6 – Trombetas

O dia 1 de Tishrei inicia a Festa das Trombetas ou Yom Teruah (O Dia do Estrondoso Despertar) ou ainda o Rosh Ha’Shanah (Cabeça do Ano, o dia do Som do Shofar). Essa é a única Festa que começa com a Lua Nova. O Shofar tinha suma importância na celebração do Ano do Jubileu. Como todos os meses do calendário, o primeiro dia de Tishrei começa com o brilho de uma lua nova. Os vigias no oriente de Israel ficavam observando até que surgisse o primeiro raio ou sinal da lua nova e esse sinal era transmitido rapidamente de vigia em vigia até chegar no Templo. O sacerdote ficava em pé no parapeito a sudeste do Templo e soava o Shofar para que fosse ouvido em todo vale ao redor. Assim que o sacerdote soava o Shofar, os tementes a Deus, verdadeiros servos, interrompiam imediatamente a colheita, mesmo que ficasse ainda mais para ser colhido, deixavam tudo lá mesmo, no campo. Era época de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo, para adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas.
Jesus usou essa ilustração para descrever a sua Segunda Vinda. Paulo associa claramente o “soar das trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1 Tessalonicenses 4.16-17 e 1 Coríntios 15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com a vinda do Messias (Isaías 51.9 e 60.1). Paulo associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios 5.14-17.
Rosh Ha’Shanah é também chamado de Yom Ha’Din, o Dia do Juízo, uma época em que as cortes celestiais se reúnem e fazem uma análise completa da vida de cada pessoa. Os 30 dias de Elul, antes do primeiro dia de Tishrei é, então, tempo de se voltar para Deus e os 10 dias que precedem ao Yom Kippur (Dia do Temor, Expiação), são chamados de Dias de Temor ou “Os Dias Terríveis”. Exatamente como o Judeu faz anualmente, vemos que precede o encerramento do Rosh Ha’Shanah e que inaugura o “Dia do Senhor” (Sofonias 2.1-3).

7 - Expiação

A palavra expiação, kippur, literalmente significa “cobertura do pecado”. A oferta pelos pecados oferece o perdão de Deus ao ofensor, uma expiação pelo pecado. O Yom Kippur ocorre no dia 10 de Tishrei e é o dia de adoração mais solene e mais sagrado no Judaísmo. Ele é chamado de “O Sabbath dos Sabbaths”. Esse é o dia em que todo Israel chora por seus pecados. Esse é o único dia do ano em que o sumo-sacerdote entra no santíssimo lugar ou “santo dos santos”, o lugar mais sagrado.
Deus revelou Sua intenção de que o Yom Kippur deveria ensinar o perdão de todas as dívidas; a libertação daqueles que estavam em algum tipo de servidão e o retorno das possessões. Quando Ele instituiu o Ano do Jubileu, a cada 50 Yom Kippur teria que ser um jubileu mesmo, ou seja, um júbilo.
Yom Kippur, ou Dia da Expiação, vem da palavra Kaphar que quer dizer “cobrir”. Jesus é a nossa propiciação ou cobertura, Ele é a nossa expiação que apaga completamente os nossos pecados.

8 - Tabernáculos

A Festa dos Tabernáculos ou Sukkot é também chamada de “Festa das Tendas” ou “Festa das Cabanas” (Sukkahs). A Festa do Senhor e a Festa do Recolhimento da Colheita. Essa é a terceira das Festas da colheita, uma grande temporada de júbilo e alegria. Começa 5 dias após o Yom Kippur, no dia 15 de Tishrei, na lua cheia e dura 7 dias. A Festa comemora a provisão e o abrigo de Deus durante o êxodo e ilustra Sua habitação no mundo porvir, a Nova Jerusalém. A Festa dos Tabernáculos continuará a ser celebrada durante o reino milenial de Cristo (Zacarias 14.16-19).
O sétimo dia da Festa dos Tabernáculos foi chamado de Hosha’Na Rabba, que significa o Dia da Grande Hosana. Assim como todos os dias os sacerdotes derramavam água no Templo durante a Festa dos Tabernáculos, Jesus também se colocou no monte do Templo e declarou ser a verdadeira Água da Vida, a Vida no Espírito, estava sendo derramada de dentro Dele mesmo. Durante a Festa dos Tabernáculos, o Monte do Templo ficava impressionantemente iluminado com muitas tochas e lanternas. No Templo completamente iluminado Jesus declarou ser Ele mesmo a verdadeira Luz. Essas tradicionais alusões à água e à luz, como aqui mencionados, lembram parte do descritivo da Nova Jerusalém que desce do céu, conforme está escrito no livro de Apocalipse 21.9-27.
Jesus em pessoa é o nosso Sukkot, nosso verdadeiro tabernáculo que habitará perpetuamente entre os homens.

9 - Conclusão

Os livros da bíblia se completam. Nada pode ser lido de forma isolada e nem descontextualizado.
Deus instituiu as Festas Judaicas como marcos da história a fim de revelar-nos seus propósitos futuros.
Entender o significado das festas é entender o propósito de Deus para o homem.
Sigamos firmes no propósito de se preparar para o que há de vir, seja arrebatamento ou Grande Tribulação.

“Sê fiel até a morte, e Eu te darei a coroa da vida” (Ap 2:10 c)


sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Aula 13 - Desmistificando as Festas Judaicas



“Ele falará contra Deus e perseguirá o povo do Deus Altíssimo. Procurará mudar a Lei de Deus e os tempos das festas religiosas. O povo de Deus será dominado por ele durante três anos e meio. Mas depois disso o tribunal o condenará, e assim ele perderá o seu reino, e o seu poder acabará para sempre. Mas o reino, o poder e a glória serão dados ao povo do Deus Altíssimo, e eles governarão o mundo inteiro para sempre; todos os outros povos os servirão, todos lhes obedecerão” (Daniel 7:25-27)

1 – Introdução

O dicionário define festa como “reunião de pessoas com fins recreativos, geralmente acompanhada de música, dança, bebidas e comidas.” Para que haja uma festa, é preciso: um motivo, um grupo de pessoas e algum tipo de cerimonial.
Na Bíblia, em Israel, o significado de Festa era basicamente de cunho espiritual, e não somente para entretenimento e diversão. O termo hebraico “Chag” (Festa) significa: “ato de chamar ou reunir por convocação para uma Solenidade, Festival, Honra, Regozijo”.
Deus instituiu as Festas no meio do seu povo como um tipo de mensagem insculpida no tempo. Nem todos teriam acesso às Escrituras, mas uma data comemorativa chegaria para todos indiscriminadamente, e seu significado seria conhecido, tornando-se uma espécie de “monumento no tempo” ou “Santuários de tempos”.
As sete Festas anuais do povo de Israel eram: Páscoa (Lv 23:5), Pães Asmos (Lv 23:6), Primícias (Lv 23:10),
Pentecostes (Lv 23:15-16), Trombetas (Lv 23:24), Expiação (Lv 23:27) e Tabernáculos (Lv 23:34).
Cada Festa instituída possuía um significado especial, e tinha o propósito de marcar e celebrar um acontecimento histórico do povo de Israel. Mas além deste significado, cada Festa apontava também para algo que aconteceria no futuro, como um sinal profético do que haveria de vir.
Estas sete Festas anuais aconteciam em três épocas diferentes: três na Primavera, uma no início do verão e as outras três no outono.



ÉPOCA
FESTA
SIGNIFICADO
SIMBOLIZAVA
Primavera
Páscoa
Redenção
Crucificação de Cristo

Pães Asmos
Pureza
Sepultamento de Cristo

Primícias
Consagração
Ressurreição de Cristo
Verão
Pentecostes
Comunhão
Descida do Espírito Santo
Outono
Trombetas
Anunciação
Grande Tribulação

Expiação
Arrependimento
As duas Casas de Israel se reconciliam com Deus

Tabernáculo
Celebração
Reino Milenar do Messias

2 – As Duas Casas de Israel

Em Gênesis 13:15-16 o Senhor promete a Abraão que toda a terra que ele via seria herdada pela sua descendência para sempre e que esta descendência seria como o pó da terra.
Um pouco mais adiante, Deus reforça a promessa dizendo que a sua descendência seria como as estrelas do céu e como a areia do mar e que, por intermédio de Abraão, todas as famílias da terra seriam benditas (Gn 22:16-18).
Deus fez uma aliança com Abraão em Gênesis 17:7 e disse que essa aliança iria ser perpétua através da sua descendência. Abraão teve alguns filhos, mas a Palavra dá destaque a dois destes filhos: Ismael (Gn 16:15) e Isaque (Gn 21:3-5). Ismael não era o filho da promessa dada a Abraão e Sara (Gn 17:15-16), pois foi gerado por Agar (Gn 16:16), logo a aliança de Deus não era com Ismael e sim com Isaque (Gn 17:19-21).
A promessa feita a Abraão é novamente proferida à Isaque (Gn 26:3-4). Ora, claramente vemos que agora precisamos saber qual o rumo que a bênção tomaria já que Isaque também teve filhos. Em Gênesis 25 a Bíblia narra que Isaque orou a Deus para que Rebeca lhe concedesse filhos. Deus ouviu a oração de Isaque e Rebeca ficou grávida de gêmeos. Mas, a partir do verso 23 a palavra nos mostra que duas nações e dois povos estavam no seu ventre. O primeiro filho  chamou de Esaú e o segundo, Jacó.
Esaú vendeu sua bênção de primogenitura a Jacó em Gn 25:31-33. Sendo assim,  vemos claramente aqui que a bênção agora estava com Jacó e não Esaú conforme Gn 28 e se estenderia ao mundo.
Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. Darei a você e a seus descendentes a terra na qual você está deitado. 14Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência.  ” (Gn. 28:13-14)
Jacó teve 12 filhos que formaria a nação de Israel. Em Gn 35:10-12 Deus muda o nome de Jacó para Israel e reforça a ele a promessa feita anteriormente a Abraão e a Isaque, acrescentando que uma multidão de nações e reis procederiam dele.
Os doze filhos de Jacó então se tornam os líderes das 12 tribos de Israel (Gn 49; Ex 28:21).
Em Gênesis 48 acontece um episódio interessante. José, filho de Jacó, está levando seus filhos Manassés e Efraim para receberem a bênção do avô. Entretanto, Israel estava com dificuldades na visão por causa da idade avançada e José sabendo disso levou os filhos ao avô já na posição tradicional da bênção. Colocou Efraim (Frutífero) na sua mão esquerda, e Manassés (o Primogênito) na sua mão direita. Nessa ocasião Israel abençoa a José e logo após abençoa os meninos e invertendo as mãos, dá a bênção “maior” para Efraim e não Manassés.
Ora, por que Israel fez isso? A resposta está na continuação do texto:
José não gostou quando viu o seu pai colocar a mão direita sobre a cabeça de Efraim; por isso pegou a mão dele para tirá-la da cabeça de Efraim e colocá-la sobre a de Manassés. E explicou: Não, pai; assim não. Este aqui é o filho mais velho; ponha a mão direita sobre a cabeça dele. Mas Jacó não quis e disse:
Eu sei, filho, eu sei. Os descendentes de Manassés também serão um grande povo. Mas o irmão mais moço será mais importante do que ele, e os seus descendentes formarão muitas nações.”. (Gn. 48:17-19)
Que fato maravilhoso! Deus através de Jacó profetiza que de Manassés sairia um povo, mas que de Efraim sairia uma multidão de nações a mesma promessa dada a Jacó anteriormente.
O interessante é que a palavra “multidão” empregada aqui é traduzida como “multitude” na versão inglesa King James  e no hebraico como “milo’”. Que significa “plenitude ou totalidade”. Estas são as mesmas palavras usadas em Dt 33:16, tanto em português, quanto em inglês e no hebraico; onde Deus declara sua benevolência à terra e sua plenitude. Essa mesma palavra irá aparecer em Rm 11:25 onde Paulo se refere a um segredo. Qual segredo era esse? O tempo da plenitude dos gentios. Portanto, de Efraim sairia à plenitude dos gentios.
Ora, Jesus quando estava na terra realizou o milagre da pesca maravilhosa e ainda disse aos discípulos que a partir daquele dia eles seriam pescadores de homens. Confirmando a bênção dada a Efraim (Lc 5:5-10).
Esta bênção é mencionada em 1 Pe 2:9-10 Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. 10Antes, vocês não eram o povo de Deus, mas agora são o seu povo; antes, não conheciam a misericórdia de Deus, mas agora já receberam a sua misericórdia”.
parafraseando Os 1:10 - Um dia, o povo de Israel será como os grãos de areia do mar; será tão numeroso, que não poderá ser contado, nem medido. E, no mesmo lugar onde Deus disse: “Vocês não são o meu povo”, ali ele dirá: “Vocês são os filhos do Deus vivo”, e confirmada em  Rm 9:25-26 - “Aqueles que não eram meu povo eu chamarei de ‘meu Povo’. A nação que eu não amava chamarei de ‘minha Amada’. E no mesmo lugar onde foi dito: ‘Vocês não são o meu povo’, ali eles serão chamados de‘os filhos do Deus vivo’.”
Em 1 Rs 11 e 12 o rei Salomão confessa seus pecados e a Palavra diz que Deus se ira contra ele por ter se desviado de Sua vontade, dizendo-lhe que o reino seria rasgado, ou seja dividido, por Deus.
Você quebrou a sua aliança comigo e desobedeceu aos meus mandamentos; por isso, eu vou tirar o reino de você e vou dá-lo a um dos seus oficiais. No entanto, por amor a Davi, o seu pai, eu não farei isso enquanto você estiver vivo, mas durante o reinado do seu filho. E não tomarei dele o reino inteiro, mas deixarei que ele fique com uma tribo , por causa do meu servo Davi e por causa de Jerusalém, que escolhi para ser a minha cidade.O Senhor Deus fez com que Hadade se virasse contra Salomão. Hadade era da família do rei de Edom”.  (1 Rs 11:11-14)
Após este episódio Deus levantou muitos inimigos contra Israel.
Numa ocasião Jeroboão ( da tribo de Efraim) saindo de Jerusalém encontrou o profeta Aías que rasgou sua capa e a partiu em dez pedaços, dando-a a Jeroboão, disse:
Fique com dez pedaços porque o Senhor, o Deus de Israel, está lhe dizendo o seguinte: “Eu vou arrancar o reino da mão de Salomão e vou dar dez tribos a você. Salomão ficará com uma tribo por causa do meu servo Davi e por causa de Jerusalém, a cidade que escolhi em toda a terra de Israel para ser minha. Vou fazer isso porque Salomão me rejeitou e tem adorado deuses estrangeiros: Astarote, a deusa de Sidom, Quemos, o deus de Moabe, e Moloque, o deus de Amom. Salomão tem me desobedecido; ele tem agido de maneira errada e não tem guardado as minhas leis e as minhas ordens como Davi, o seu pai, guardou. Mas eu não vou tomar de Salomão o reino todo; vou deixar que ele governe enquanto viver. Eu farei isso por causa de Davi, o meu servo, que escolhi e que obedeceu aos meus mandamentos e leis. Do filho de Salomão eu tomarei o reino e darei a você dez tribos. Mas deixarei que o filho de Salomão fique com uma tribo, para que eu sempre tenha um descendente de Davi reinando em Jerusalém, a cidade que escolhi como o lugar onde devo ser adorado. Jeroboão, eu vou fazer de você o rei de Israel, e você vai governar todo o território que quiser. Se você der atenção a todas as minhas ordens e viver de acordo com a minha vontade, fazendo aquilo que eu aprovo e obedecendo às minhas leis e aos meus mandamentos, como fez o meu servo Davi, então eu sempre estarei com você. Eu farei com que você seja o rei de Israel e, como fiz com Davi, certamente farei com que os seus descendentes governem depois de você. Por causa do pecado de Salomão, eu castigarei os descendentes de Davi, mas isso não será para sempre.Por causa disso, Salomão tentou matar Jeroboão, mas ele fugiu para o Egito. Jeroboão ficou com Sisaque, rei do Egito, e morou lá até a morte de Salomão”. (1 Rs 11:31-40)
O reino de Salomão foi passado para Roboão (1 Rs 12:1,17), mas seu reino foi dividido e dado a parte de Jeroboão profetizada anteriormente por Aías (1 Rs 12:20).
As únicas tribos que ficaram fiéis à dinastia de Davi foram as tribos de Judá e Benjamim.
Dentro desta história a palavra diz que a CASA DE ISRAEL se rebelou contra a dinastia de Davi, e a assim permanece até hoje.
Neste momento da história é clara a divisão entre CASA DE ISRAEL e CASA DE JUDÁ, 1 Rs 12:1 deixa isso claro:
Quando Roboão, filho de Salomão, chegou a Jerusalém, convocou cento e oitenta mil homens de combate, das tribos de Judá e de Benjamim, para guerrearem contra Israel e recuperarem o reino. Entretanto, veio esta palavra de Deus a Semaías, homem de Deus: “Diga a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, às tribos de Judá e Benjamim, e ao restante do povo: Assim diz o Senhor: Não saiam à guerra contra os seus irmãos israelitas. “Voltem para casa, todos vocês, pois fui Eu que fiz isso”. “E eles obedeceram à palavra do Senhor e voltaram para as suas casas, conforme o Senhor tinha ordenado”. (1 Rs 12:21-24)
Devido ao  cativeiro de Israel, na Assíria, as dez tribos foram misturadas aos povos da época formando outras nações , que ao longo do tempo tomou o Oriente, Ocidente, Leste e Sul de todo o mundo, cumprindo-se a profecia de Jacó em sua bênção a Efraim (cabeça de Israel)
Em Oséias 1, diz:
“Disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra certamente se prostitui, desviando-se do Senhor. Foi, pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu, e lhe deu um filho. E disse-lhe o Senhor: Põe-lhe o nome de Jezreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jezreel sobre a casa de Jeú,  e farei cessar o reino da casa de Israel. E naquele dia quebrarei o arco de Israel no vale de Jezreel. E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha. E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama ; porque eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei. Mas da casa de Judá me compadecerei, e os salvarei pelo Senhor seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros. E, depois de haver desmamado a Lo-Ruama, concebeu e deu à luz um filho. E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ami;  porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus. Todavia o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo. E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jezreel”. (Oséias 1:1-11)
Aqui a divisão das duas casas é explícita e o profeta irá discorrer sobre elas. A esposa de Oséias se chamava Gomer que significa “conclusão”. Gomer dá a luz a Jizreel que significa “Deus espalha”. Depois dá a luz a Lo-Ruama que significa “não amada ou desfavorecida”. Logo após, Gomer dá a luz novamente e dá o nome de Lo-Ami que significa “não meu povo”.
Por que esses nomes? O próprio Deus que ordenou que assim os chamasse , explica o porquê. “Porque vós não sois meu povo, nem sou eu vosso Deus”. Esta foi a resposta de Deus para as transgressões da casa de Israel.
Ora, estamos no tempo de Jeroboão e Deus proclama seu juízo a CASA DE ISRAEL (Efraim) e a rejeita sem misericórdia. Mas com a CASA DE JUDÁ Deus mantém a misericórdia.
Mas, Deus faz uma promessa:  este povo rejeitado, um dia, será chamado de “filhos do Deus vivo” e a congregação de Judá e Israel se ajuntará novamente e voltará a ser uma só nação. Esta é uma alusão clara à missão aos gentios. (Rm 9:26; 1 P. 2:10; Jo 10:14-18) – “Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. 16Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor. O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer”.
Como profecia no texto, a casa de Israel, ainda formada pelas 10 tribos do reino do norte, será espalhada e irá se multiplicar no meio das nações e se misturará com os gentios. ““Efraim mistura-se com as nações; Efraim é um bolo que não foi virado.  Estrangeiros sugam sua força, mas ele não o percebe. Seu cabelo vai ficando grisalho, mas ele nem repara nisso”. (Os 7:8-9)
Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo,  às doze tribos dispersas entre as nações: Saudações”. (Tg 1:1).
  
Casa de Judá = Judeus (Judá e Benjamim, Judá como cabeça)
Casa de Israel = Gentios (10 tribos, Efraim como cabeça.)

Esta união dos povos se dá por intermédio da cruz de Cristo e será selada na segunda vinda de Jesus. (Ef 2:11-22; Ez 37:11-28; Rm 11)
Em Oséias 5:14-15 Deus diz que iria despedaçar as duas casas até que estas clamassem por misericórdia,  que iria embora mas que retornaria quando as duas casas de arrependessem.
Em Oséias 6 é possível ver esse clamor.
Em Joel 2 o profeta anuncia o dia terrível do Senhor e diz que ele virá como chuva, a temporã (adiantada, que vem antes do esperado) e a serôdia (tardia, fora do tempo esperado) - Jl 2:23). Isso é confirmado em Tiago 5:7. As primeiras chuvas, as Temporãs, já foram cumpridas no Pentecostes, mas as Serôdias ainda virão, as últimas chuvas.
Deus irá restaurar a aliança com seu povo, mas esta não será mais em tábuas de pedra e sim no coração do povo. Ora, por que isso? Porque o ministério da Expiação de Jesus ainda está operando, ele é o nosso sumo-sacerdote, mas no dia da sua segunda vinda este ministério chegará ao fim e poderemos ir para os Seus Tabernáculos  (Jr 31:31-34; Ez 37:11-28; Zc 11:7).
“Vou apanhar a vara que está na mão de Efraim, pertencente a José e às demais tribos israelitas, suas companheiras, e vou juntá-las à vara de Judá. Assim farei delas um único pedaço de madeira, e elas se tornarão uma só na minha mão. Segure diante dos olhos deles os pedaços de madeira em que você escreveu e diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Tirarei os israelitas das nações para onde foram. Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e trazê-los de volta à sua própria terra. Eu os farei uma única nação na terra, nos montes de Israel. Haverá um único rei sobre todos eles, e nunca mais serão duas nações nem estarão divididos em dois reinos”. (Ez 37:19-22)
Este estudo é importantíssimo para entender Apocalipse, pois os profetas sempre referem aos gentios como "Casa de Israel" ou "Efraim" e aos judeus como "Casa de Judá" ou "Judá".
É uma revelação tremenda e vocês nunca mais irão ler Efésios 2, Romanos 11 e Ezequiel 37 da mesma forma.

3 - Conclusão

Os livros da bíblia se completam. Nada pode ser lido de forma isolada e nem descontextualizado.
Deus instituiu as Festas Judaicas como marcos da história a fim de revelar-nos seus propósitos futuros.
Entender o significado das festas é entender o propósito de Deus para o homem.
A compreensão das Duas Casas de Israel é fundamental para compreendermos as profecias de Daniel, Apocalipse e entender Israel como plano do Criador.
Ao entendermos as Duas Casas, compreenderemos que nós os gentios somos Efraim (Casa de Israel) e a Casa de Judá (as tribos Judá e Benjamim), unificadas pelo sacrifício perfeito de Jesus que disse: “Eu vim senão para as ovelhas perdidas da casa de Israel“.
A Velha Aliança, ou seja, o primeiro casamento de Israel com Deus realizado no deserto do Sinai, foi quebrado, pois a “noiva” adulterou contra Deus, tendo Ele que se divorciar.
“Assim diz o Senhor: “Acaso sua mãe foi mandada embora porque me divorciei dela? Vendi vocês como escravos para meus credores? Não, foram vendidos por causa de seus pecados, e sua mãe se foi por causa da rebeldia de vocês”. (Is 50:1)
 “Judá também sabe que eu me divorciei de Israel e que a mandei embora porque ela me abandonou e virou prostituta. Mas Judá, a sua irmã infiel, não ficou com medo. Ela também virou prostituta”.  (Jr 3:8).
O livro de Oséias nada mais é que um simbolismo do perdão de Deus a casa de Israel e a nova aliança feita a fim de reconciliar-se com a amada.
Por isso, todos os que aceitam a Nova Aliança de Cristo, tornam-se israelitas.
E quando a Casa de Judá juntamente com a Casa de Israel se arrepender de seus pecados, Deus as restaurará como um único reino que Ele mesmo governará durante o milênio.






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