1 - Introdução
Muitas
vezes, os ministros de louvor e músicos evangélicos são chamados de “levitas”.
No Novo Testamento não temos referência a ministros de louvor nem a
instrumentistas na igreja. Jesus disse que o Pai procura adoradores (João
4:24). O ensino apostólico, por sua vez, incentiva todos os cristãos a
prestarem culto ao Senhor, com salmos, hinos e cânticos espirituais.
De
onde então vem o conceito de “levita”?
Originalmente,
“levita” significa “descendente de Levi”, que era um dos 12
filhos de Jacó. Os levitas começaram a se destacar entre as 12 tribos de Israel
por ocasião do episódio do bezerro de ouro. Quando Moisés desceu do monte e viu
o povo entregue à idolatria, encheu-se de ira e cobrou um posicionamento dos
israelitas. Naquele momento, os descendentes de Levi se manifestaram para
servirem somente ao Senhor (Êx 32:26). Daí em diante, os levitas se tornaram
ministros de Deus. Dentre eles, alguns eram sacerdotes (família de Aarão) e os
outros, seus auxiliares.
Embora
os sacerdotes fossem levitas, tornou-se habitual separar os dois grupos. Então,
muitas das vezes em que se fala sobre os levitas no Velho Testamento, a
referência se aplica aos ajudantes dos sacerdotes.
Seu
serviço era cuidar do tabernáculo e de seus utensílios, inclusive carregando
tudo isso durante a viagem pelo deserto (Nm 3,4,8,18). Naquele tempo, os
levitas não eram responsáveis pela música no tabernáculo, foi muito tempo
depois que Davi inseriu a música como parte integrante do culto. Afinal, ele
era músico e compositor desde a sua juventude (I Sm 16:23) então, atribuiu a
alguns levitas a responsabilidade musical. Em I Crônicas 9:14-33; 23:1-32;
25:1-7, vemos diversas atribuições dos levitas. Havia então entre eles
porteiros, guardas, padeiros e também cantores e instrumentistas (II Cr 5:13;
34:12).
2 - A Música Contemporânea na Igreja
Anteriormente,
a congregação cantava embalada por hinários e um organista. Isto foi mudando e
após a revolucionária década de 60 a sonoridade pop invadiu as liturgias, com
isso boa parte das igrejas aderiu ao que chamamos de “liturgia contemporânea”.
Embora
gostemos das letras contidas nos hinários, pois teologicamente são bem
robustas, não desprezamos a musicalidade de nossa época. Os louvores podem sim
ter uma melodia tocada por instrumentos como guitarra, bateria e baixo. Quanto
a isso, não há nada de errado em si. O foco importante deve estar no
comportamento do grupo de louvor e, sobretudo, no conteúdo daquilo que se
canta. Fica a pergunta no ar: Os louvores contemporâneos são bíblicos?
Todos
os componentes de um ministério de louvor na igreja têm a obrigatoriedade de
saber o que é louvar a Deus, e por que isso faz parte da nossa liturgia de
culto.
Em Efésios
5:18-20, o apóstolo Paulo cita os elementos de culto e lá estão listados hinos
e cânticos espirituais. Este é o respaldo bíblico para que a música seja parte
importante no ajuntamento dos remidos para adorar ao Deus verdadeiro (durante
a reforma do século 16, alguns teólogos eram contra as músicas executadas nos
cultos). Portanto, é necessário entender que o objetivo do louvor não é
demonstrar técnica exuberante e nem chamar a atenção da igreja a um determinado
instrumento ou cantor. O objetivo do período de louvor é a glória de Deus.
“E não
vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;
Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração; Dando sempre graças por tudo a nosso Deus
e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Tendo
este pressuposto bem definido - o louvor é para glorificarmos a Deus – daremos
alguns conselhos práticos para que o ministério de louvor se apresente sem
querer roubar a glória de Deus.
Um
princípio apostólico deve vir sempre à mente quando o assunto é louvor e
adoração:
“É
necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).
3 – Os Cinco Princípios Básicos
3.1 – Cantem a Palavra
Algo
precioso da herança reformada é o princípio de que temos que ler a Bíblia, orar
a Bíblia, pregar a Bíblia, cantar a Bíblia e viver a Bíblia. Se ela é nossa
fonte suprema de sabedoria, o livro da revelação que nos alimenta
espiritualmente, o retrato de Cristo (pois aponta para ele) e nosso guia
prático, então porque cantar letras de origem puramente humana?
Chega
de tanto humanismo e psicologia barata que fala que “você é campeão e
vencedor”. Paremos com esses “hinos” que amaciam nosso ego e que não
tem respaldo na Palavra. Embasemos nossas canções na Sagrada Escritura. Isto
agrada a Deus.
3.2 - Não molde o repertório ao gosto pessoal
O
culto é determinado por Deus e não está ao bel prazer do grupo de músicos. Deus o instituiu para ser comunitário. A
Igreja é quem louva e não o grupo de louvor sozinho. Lembrem que a congregação
é multi-geracional, isto é, tem diversas gerações: idosos, adultos, jovens,
adolescentes e crianças. Temos visto que o estilo de música mais atraente para
o público jovem tem dominado as listas de canções nos cultos. Lembrem que, na
igreja, nem todo mundo é fã de solos de guitarra e gritos ensurdecedores. Parem
de tocar músicas de aulas de aeróbica. Não desprezem os antigos hinos, toque-os
alternando-os com hinos mais recentes. E não se esqueçam da importância do
nosso primeiro item, que é cantar a Bíblia.
3.3 - Abaixem o volume e evitem o estrelato
Como
dito acima, o culto é comunitário. A igreja canta junto numa só voz. A maioria
esmagadora dos grupos de louvor cobre a voz da congregação devido ao alto
volume do seu som amplificado. É preciso ter sensibilidade e evitar o
exibicionismo. A congregação também encontra dificuldades quando a música
escolhida tem um tom muito elevado, onde apenas o cantor consegue alcançar as
notas.
No
culto solene o objetivo é apenas acompanhar a melodia e conduzir o povo a
louvar a Deus. Conduzir o louvor – e não se apresentar.
A
música na igreja não pode ofuscar a pregação. Em muitos lugares temos de quinze
a vinte minutos de pregação e quase duas horas de música. A música comunica o
evangelho, mas, a pregação existe para que os homens creiam e se arrependam dos
seus pecados. Não se pode reposicionar a música no lugar da pregação. E também,
o momento do louvor não prepara o coração da igreja para a pregação, quem
prepara a igreja para o momento da exposição da Palavra é o Espirito Santo.
3.4 - Zelem por uma boa conduta
Os
músicos cristãos devem ter uma vida piedosa, santa e não escandalosa e ímpia
como acontece em alguns casos. Aqueles que cantam e tocam na igreja devem saber
que sua presença a frente da congregação é algo de responsabilidade para com
Deus e não para inflar o ego. Por isso deve-se atentar também até para o tipo
de roupa do grupo.
3.5 - Envolvam-se com a Igreja
“Meu
ministério é tocar/cantar”.
Esta é uma frase comum, todavia enganosa. Cantar ou tocar um instrumento é um
dom que pode ser colocado a serviço da igreja, todavia, ministério é algo que é
indispensável. A igreja sobrevive sem guitarra ou sem bateria. A igreja ainda
será igreja mesmo cantores talentosos. Todavia, a igreja não pode deixar de
lado a pregação do evangelho, o discipulado, o serviço e a admoestação da
Palavra.
4 - Conclusão
Aprendemos
hoje a diferença entre levita e músico no contexto bíblico. Falamos sobre 5
princípios básicos
que
todo integrante do ministério local deve saber, que é:
· Cantar a Palavra, que é inerrante,
sábia e edifica a todos.
· Não moldar o repertório da igreja ao
gosto pessoal, pois somos uma comunidade multi-geracional.
· Evitar o estrelado, pois o centro do
culto é Deus.
· Ter uma conduta íntegra e buscar a
santificação.
· Envolver-se com a obra do reino, pois
Deus tem coisas muito além de cantar e tocar para cada um de nós.
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