“Contudo, recebereis
poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas,
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
Terra!” (Atos 1:8 – KJA)
1 – Prefácio
Neste texto iremos
expor as principais interpretações sobre a identidade das duas testemunhas. Não
iremos considerar aqui as interpretações defendidas por algumas seitas, pois
isso desviaria nosso foco.
2 – Interpretações Baseadas em Linhas Teológicas
· As Duas Testemunhas são Enoque e Elias
Dentre todas as
interpretações sobre quem são as duas testemunhas do Apocalipse, provavelmente
esta seja a mais popular entre os cristãos. O principal ponto de defesa para
que as duas testemunhas sejam identificadas como sendo o profeta Elias e Enoque, diz respeito ao
fato de que estes dois homens foram os únicos a estarem com Deus sem passar
pela morte (Hb 9:27-28)
Então quem defende
que eles serão as duas testemunhas, afirma que estes dois homens foram
guardados para essa missão final. Será no ministério das duas testemunhas do
apocalipse que eles finalmente experimentarão a morte.
· As Duas Testemunhas são Moisés e Elias
Esta interpretação é
bem semelhante à anterior. A diferença é que ao invés de Enoque, a outra
testemunha é Moisés.
A principal defesa
para esta linha de interpretação fica por conta de que as duas testemunhas
possuem características que lembram os dias desses homens na terra. As duas
testemunhas poderão “ferir a terra com toda sorte de pragas” e “converter
as águas em sangue”, como no ministério Moisés. Elas também
terão “poder
para fechar o céu, para que não chova”,
assim como foi com Elias (Ap 11:6).
Outro ponto utilizado
nesta interpretação é o fato de que Elias e Moisés foram os personagens
presentes na transfiguração de Jesus (Mt 17:3).
Ainda sobre Elias, tanto essa interpretação quanto a anterior, geralmente
utiliza uma profecia de Malaquias para defender um
possível retorno do profeta a terra (Malaquias 4:5,6 refutar
com Mt 17:10-13)
· As Duas Testemunhas são Cristãos Desconhecidos
Esta interpretação
diz que as duas testemunhas do Apocalipse não serão personagens bíblicos
conhecidos. Na verdade os dois profetas serão cristãos, ainda anônimos, que
serão levantados por Deus no período final, durante a grande tribulação.
Então estes dois
cristãos exercerão um ministério muito importante e especial. Eles atuarão no
espírito e no poder de Elias e Moisés, mas não serão eles próprios. Isto seria
algo semelhante ao que ocorreu no ministério de João Batista (Lc 1:15-17).
· Outras Interpretações sobre as Duas Testemunhas do Apocalipse
Outras duas
importantes interpretações se destacam dentro da teologia reformada
sobre quem são as duas testemunhas do Apocalipse.
Em comum, estas duas
interpretações se apegam ao estilo literário do livro do Apocalipse,
considerando especialmente ao amplo uso de simbolismos.
A primeira - delas defende que as duas testemunhas são
o Antigo e o Novo Testamento. Em outras palavras, as duas testemunhas são
referências simbólicas utilizadas pelo autor do Apocalipse para se referir ao
propósito central das Escrituras reveladas no Antigo e no Novo Testamento dados
a humanidade após a primeira vinda de Cristo. Uma revelação que ele teve sobre a
bíblia ser conhecida em todo mundo.
A segunda - e mais amplamente aceita dentro da teologia
reformada, diz que as duas testemunhas são um símbolo da verdadeira Igreja de Cristo na face da terra.
Então as duas testemunhas representam no texto do Apocalipse toda a Igreja
militante ao longo dos tempos sem divisão denominacional, a junção entre os
judeus convertidos com a igreja apostólica.
3 - Introdução
A
curiosidade sobre quem são as duas testemunhas do Apocalipse é um tema bastante
discutido entre os cristãos. Essas duas testemunhas são mencionadas num
capítulo do Apocalipse que descreve um contexto de perseguição contra o povo de
Deus.
Em
harmonia com o restante do livro, esse capítulo traz muitas informações, e é
caracterizado pelo uso de linguagem simbólica. Apesar dos detalhes, a
identidade das duas testemunha não são reveladas diretamente.
Existem
realmente muitas interpretações que tentam explicar quem são as duas
testemunhas. Muitas dessas interpretações que surgiram ao longo da História do
Cristianismo foram defendidas por cristãos sinceramente comprometidos com a
Palavra de Deus.
No entanto, toda
base de interpretação deve ser a própria bíblia. Cada palavra, significado e
simbologia do Apocalipse só serão entendidos se analisados paralelamente com
outros textos que tratam do mesmo assunto nas Escrituras.
Sabendo que todo
livro profético usa uma linguagem metafórica para descrever um evento literal,
e não o contrário.
4 - Contextualizando
Ap
11:1-3 – “Depois disso, recebi uma vara de medir e me
foi dito: “Vá e tire as medidas do templo de Deus e do altar, e conte o número
de adoradores. Mas não meça o pátio exterior, porque ele foi entregue às
nações. Elas pisotearão a cidade santa durante 42 meses. “Darei
autoridade às minhas duas testemunhas para que profetizem durante mil
duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco”.
João
recebeu uma vara, muito parecida com aquela mencionada por Ezequiel (Ez 40.3,5) em sua visão das medidas do templo. A
medida dos que nele adoram pode significar avaliação daqueles que prestam
adoração ao Senhor no templo, (2 Rs 21:13; Is 10:5; Zc 2:1) e sobre
julgamento da igreja, já que vara e bastão falam do juízo de Deus. Da mesma forma, quando procuramos nas Escrituras
referências de testemunhas, encontramos, entre outros, os seguintes textos: 2 Rs 21:13; At 1:8; 10:39; Hb 12:1).
O pano de saco ou “cilício” era um tecido grosseiro e resistente feito de pelos de
cabra ou de camelo, utilizado para conter cereais, objetos e alimentos em
geral. Esse pano de saco era devidamente cortado e vestido como uma roupa por
algumas pessoas em algumas ocasiões, e a cinza era o conhecido pó resultante da
queima de alguma coisa. Usava-se esse “traje” quando:
·
A
pessoa ou o povo estava passando por momentos de grande tristeza: “Disse, pois, Davi
a Joabe e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as vossas vestes, cingi-vos
de panos de saco e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia seguindo o
féretro.” (2 Sm 3.31).
·
A
pessoa ou povo estava passando por momentos de arrependimento: “Ai de ti, Corazim!
Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os
milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido,
assentadas em pano de saco e cinza.” (Lc 10.13)
·
A
pessoa ou povo estava passando por momentos de humilhação: “Pus um pano de saco por veste e me tornei
objeto de escárnio para eles.” (Sl 69.11)
Como vimos essa é uma
expressão muito significativa ao povo judeu e que diz muito a respeito de seus
sentimentos e atitudes.
Ap
11:4-6 - “São estas as duas oliveiras e os dois
candelabros que estão em pé diante do Senhor da terra. Se alguém
pretende causar-lhes dano, da boca dessas testemunhas sai fogo e devora
os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente deve morrer.
Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em
que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para transformá-las
em sangue, bem como para ferir a terra com todo tipo de flagelos, tantas vezes
quantas quiserem”.
As testemunhas são descritas como duas oliveiras
e dois castiçais, associando-as à visão em Zacarias 4, sobre os dois
ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra (Zc
4-14). Lá, os dois ungidos eram Zorobabel (descentende
real de Davi) e Jesua, o sumo-sacerdote.
Oliveira na Bíblia é a representação de Israel
segundo Rm 11:15-21, que nos revela que nós fomos
enxertados nessa oliveira, tornando-nos povo. E castiçal ou candelabro na
bíblia representa a igreja segundo Ap 1:20.
Dois na bíblia representa testemunho, unidade,
comunhão (Ec 4:912; Mc 6:7; Lc 10:1; Mt 18:16)
O fogo saindo da boca das duas testemunhas para punir
quem se opuser a elas, é parecido com a descrição de Jeremias
5:14, mostrando que a declaração da Palavra de deus terá uma intensidade
poderosa.
Aparentemente, a missão delas será impossível de
ser interrompida durante três anos e meio (Ap 11.3)
até quando acabarem o seu testemunho (v.7).
O fogo também lembra dois dos milagres de Elias (1 Rs 18; 2 Rs 1), que serviram para testemunhar ao
rei Acabe, assim como para todo o povo de Israel que havia se desviado da
presença de Deus, que somente YHWH é o Senhor.
A menção sobre elas também poderem assolar a terra
com pragas (Êx 7—11) lembra a experiência
vivenciada por Moisés no Egito, outro acontecimento que serviu para mostrar a
Faraó, o imperador da época, quanto para os egípcios que representam os
gentios, assim como para o povo de Israel, que representa o povo de Deus, que somente
Deus é Deus acima de qualquer outro no mundo (Rm
9:17-18)
Em Isaías 44,
Deus usa o profeta Isaías para dizer que Israel é a Sua testemunha nessa terra,
e que ela apregoará a Sua palavra quando abandonar a sua idolatria.
Em ambos os textos podemos observar que as
testemunhas são usadas para mostrar ao povo de Deus quem Ele é, e para fazê-los
retornar à obediência a Deus e não apenas para apregoar o evangelho aos ímpios.
Ap
11: 7-10 - “Quando tiverem, então, concluído o
testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo fará guerra
contra elas; a besta vencerá e matará as testemunhas. E os seus
cadáveres ficarão estirados na praça da grande cidade que, espiritualmente, se
chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. Então, muitos
dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplarão os cadáveres das duas
testemunhas, por três dias e meio, e não permitirão que esses cadáveres
sejam sepultados. Os que habitam sobre a terra se alegrarão por causa da morte
dessas duas testemunhas, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros,
porque esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra”.
O verbo traduzido como concluído é o mesmo que
Jesus usou quando gritou triunfantemente na cruz: Está consumado (Jo 19.30). A besta tem a permissão para matar as duas
testemunhas na cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito. A
besta, que vem à tona como um governante mundial satanicamente autorizado nos
capítulos 13 e 17, emerge do abismo, assim como a praga dos gafanhotos
demoníacos da quinta trombeta (Ap 9.1-10). A
grande cidade no Apocalipse geralmente é a Babilônia (Ap
14.8), que provavelmente representa Roma ou qualquer grande império
mundial, ou sistema satânico. (l Pe 5.13).
Porém, a descrição mais adiante, de onde o seu
Senhor também foi crucificado, parece referir-se a Jerusalém. Alguns estudiosos
entendem a frase como simbólica, significando o mundo pecaminoso no qual Cristo
foi crucificado. Sodoma foi o primeiro modelo de degeneração moral em uma
grande cidade (Gn 19); o Egito era o protótipo
da idolatria desenfreada e da escravidão imposta.
Povos, e tribos, e línguas, e nações são
aqueles para quem o testemunho do evangelho deve continuar até a consumação dos
séculos (Mt 28.19,20). Os que habitam na terra
são aqueles sobre quem o juízo de Deus recairá (Ap
6.10; 8.13). Estar morto por três dias e meio lembra os três anos
e meio da missão das testemunhas, já que dia na bíblia representa ano (v.3). A
morte das duas testemunhas (v.7) iniciará uma celebração global entre os
infiéis que odiaram a mensagem verdadeira delas e o domínio completo da besta.
A morte em praça pública pode ser entendida como
proibição e aniquilamento da pregação por um tempo. E a ressurreição, é a prova
de que nada e ninguém podem coibir a mensagem de Deus e que no fim, ela
ressurgirá mais poderosa e abrangente.
Nesta etapa se cumprirá as palavras de Jesus
em Mt 24:14; Mc
13:11-13; Lc 21:12-15.
Ap 11:11-14
– “Mas, depois
dos três dias e meio, entrou neles um espírito de vida vindo da parte de
Deus, e eles se ergueram sobre os pés, e aqueles que os viram ficaram com muito
medo. E as duas testemunhas ouviram uma voz forte vinda do céu, dizendo-lhes: —
Subam para cá. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as
contemplaram. Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima
parte da cidade. Nesse terremoto, morreram sete mil pessoas. As outras
pessoas ficaram aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu. Passou o
segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai”.
O espírito de vida, vindo de Deus, lembra a
profecia dos ossos secos (Ez 37).
Subi cá é a mesma ordem dada a João em Ap 4.1. Subiram ao céu em uma nuvem lembra a descrição
da ascensão de Cristo (At 1.9) e o ensino de
Paulo sobre o arrebatamento, em 1 Ts 4.17.
Alguns estudiosos acreditam que o arrebatamento do povo de Deus acontecerá
nesse exato momento, já que este acontecimento antecede a última trombeta (Mt 24:30-31; 1 Co 15:51-52; 1 Ts 4:16), que declara a
vitória de Cristo e a implantação do Seu reino.
Outro texto que mostra isso é Ap 10:7 – “Mas, nos dias em que o
sétimo anjo estiver para tocar sua trombeta, vai cumprir-se o mistério de Deus,
como Ele o anunciou aos seus servos, os profetas”.(NVI)
E qual é a verdade que ainda não foi totalmente
revelada (Ef 3.9) os quais serão compreendidos
plenamente apenas quando os eventos ocorrerem? A volta de Jesus. (1 Co 15:51; Ef 5:32; Ap
10:7) para todos que o aceitaram como Cristo, entre judeus e nações
gentias.
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