“Então olhei e vi a
mão de alguém estendida para mim. Nela estava o rolo de um livro, que ele
desenrolou diante de mim. Em ambos os lados do rolo estavam escritas palavras
de lamento, pranto e ais”. (Ez 2:9-10 –
NVI)
1
- Introdução
Novamente, uma série
de sete acontecimentos, é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o
sétimo selo, houve um intervalo para assegurar os fiéis da proteção divina (capítulo
7). Agora, entre a sexta e a sétima trombeta, Deus oferece outras mensagens de
consolação aos seus servos numa série de acontecimentos no intervalo dos capítulos 10 e 11 que apresenta
um quadro da última mensagem de Deus antes da Segunda Vinda de Cristo.
Neste capítulo, João descreve a visão de um
anjo forte cujo o esplendor se vê nas suas vestiduras, nas suas atitudes e
na sua atuação. Alguns intérpretes vêem uma representação de
Cristo ressuscitado, sendo provavelmente um embaixador de Cristo.
Sua descrição inclui: a nuvem que simboliza o julgamento divino; o rosto,
indicando a santidade divina; o arco-íris, representando a
misericórdia e fidelidade divinas, especialmente no assunto da Aliança de
Deus com Seu povo.
Este anjo segurava na mão um “livrinho
aberto”.
Quando o profeta Daniel recebeu sua
última visão ele fora instruído a “encerrar
as palavras, e a selar o livro, até o tempo do fim” (Dn 12:4). Esta
recomendação se aplica de modo específico à porção das profecias de Daniel, que
trata dos últimos dias, especialmente ao elemento tempo dos 2.300 dias de Dn
8:14, referentes à purificação do santuário e a restauração da verdade (Ap
14:6-12).
O livrinho que se encontra aberto na
visão de João é o mesmo que se encontrava fechado na visão de Daniel. Portanto,
este “livrinho” que
João viu é o livro do profeta Daniel. As “palavras” que se achavam encerradas
nos dia de Daniel, não deveriam permanecer assim para sempre. Elas
permaneceriam “fechadas” apenas até o “tempo
do fim” (Dn 12:9), até que se completasse o tempo especificado
na profecia: “um tempo, dois
tempos e metade de um tempo” (Dn 12:7), ou três anos e meio.
2 – Entendendo o Texto
Ap 10:1-3 – “Depois avistei outro anjo poderoso que descia dos céus. Estava ele
envolto numa nuvem, e havia um arco-íris sobre sua cabeça. Sua face era como a
luz do sol e suas pernas como colunas de fogo. Ele segurava um livrinho
que estava desenrolado em sua mão. Então, colocou o pé direito sobre o mar e o
pé esquerdo sobre a terra, e bradou com grande voz, como um forte rugido
de leão. Assim que ele ergueu seu clamor, os sete trovões soaram suas poderosas
vozes”.
Aqui surge um intervalo entre os juízos da sexta
para a sétima trombeta (Ap 11.15-19), assim como Apocalipse 7 o fez entre o
sexto e o sétimo selo.
Esse interlúdio (intervalo entre um toque e o outro
da trombeta) é dividido em duas cenas, onde ambas se referem ao papel do povo
de Deus e seu testemunho durante o presente tempo. Na primeira cena João recebe
um livrinho, que significa que ele recebeu as mensagens proféticas, e é
comissionado a proclamá-las (Ap 10:1-11). Onde percebemos alguns paralelos com Dn
10:4-11 e Ez 2:1; 3:11. Na segunda cena encontramos a descrição da história das
duas testemunhas (Ap 1:1-14). De forma geral, podemos dizer que o interlúdio do
cap 7 enfatiza a segurança e a glória da igreja perseguida. Agora, neste
interlúdio, a ênfase está sob o sofrimento, poder, dever e a vitória final da
igreja.
Ap 10:4 –
“E quando os trovões terminaram de fazer ecoar suas palavras, eu já ia
escrever, quando ouvi uma voz do céu que ordenava: “Guarda o que os sete
trovões disseram e não escrevas!”
Bem no início do capítulo, aparece um anjo forte
descendo do céu com algumas características especiais, e quando Ele ruge, os
sete trovões falam algo que João achou interessante. Entende-se que ele começa
a escrever, mas uma voz vinda do céu pede para ele não escrever sobre aquilo,
mas guardar somente para si as instruções.
Vamos fazer um paralelo com Dn
12:1-10,13 abaixo:
“E o anjo continuou, dizendo: —
Nesse tempo, aparecerá o anjo Miguel, o protetor do povo de Deus. Será um tempo
de grandes dificuldades, como nunca aconteceu desde que as nações existem. Mas
nesse tempo serão salvos todos os do povo de Deus que tiverem os seus nomes
escritos no livro de Deus. Muitos dos que já tiverem morrido viverão de
novo: uns terão a vida eterna, e outros sofrerão o castigo eterno e a desgraça
eterna. Os mestres sábios, aqueles que ensinaram muitas pessoas a
fazer o que é certo, brilharão como as estrelas do céu, com um brilho que nunca
se apagará. E você, Daniel, não conte nada disso a ninguém. Feche o
livro com um selo para que fique fechado até o momento final.
Muitos correrão de cá para lá, procurando ficar mais sábios.
Então eu vi dois anjos de pé na
beira do rio, um de um lado, e o outro do outro. Um deles perguntou ao
anjo vestido com roupas de linho, que estava rio acima: — Quando é que todas
essas coisas maravilhosas vão acontecer?
O anjo levantou as mãos para o
céu e em nome de Deus, que vive para sempre, disse: — Eu juro que tudo isso vai
acontecer daqui a três anos e meio quando terminar a perseguição do povo de
Deus.
Mas eu não entendi bem e por isso
perguntei: — Por favor, me diga como é que tudo isso vai acabar.
E ele respondeu: — Agora, Daniel,
você pode ir embora, pois tudo isso deve ficar
em segredo até o fim. Muitos serão postos à prova, e com isso se
purificarão, e se aperfeiçoarão. Os maus continuarão na sua maldade, e nenhum
deles entenderá o que está acontecendo, mas os sábios entenderão...
— E você, Daniel,
continue firme até o fim. Você morrerá, mas no fim ressuscitará para receber a
sua recompensa.
Neste texto, assim como o de Apocalipse, vemos que
alguns segredos estão reservados para o fim, e que Deus faz questão de
mantê-los assim, talvez seja por isso que não tenha deixado João escrever tudo
o que ouviu.
Ap 10:5-7 – “O anjo, que vi em
pé sobre o mar e a terra, levantou a mão direita em direção ao céu, e
jurou, por Aquele que vive pelos séculos dos séculos e que criou o céu, a terra
e tudo o que neles existe, exclamando: “Eis que não haverá mais demora!”E, que
nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para soar a sua trombeta, o
mistério de Deus se completará, exatamente da maneira como Ele anunciou
aos seus servos, os profetas”
O anjo com o seu pé direito
sobre o mar e o esquerdo sobre a terra simboliza o controle de Deus sobre os
acontecimentos mundiais. Um representante majestoso do trono de Deus está intervindo
nos assuntos terrenos. E ele brada
dizendo e jurando que já não haverá mais demora e é dito que se cumprirá no
toque da última trombeta o mistério de Deus conforme Ele tem anunciado.
O mistério de Deus, a verdade que precisa
ser revelada (Ef 3.9) – Paulo destaca em Éfeso dizendo que é a união entre os
judeus e os gentios em Cristo como um só povo — isso será manifesto e cumprido
conforme a sucessão dos acontecimentos, os quais já foram revelados pelos
profetas do Antigo e do Novo Testamento, no entanto, serão compreendidos
plenamente apenas quando os eventos ocorrerem.
Ap
10:8-10 - “Então, a voz que eu havia ouvido do céu falou comigo uma vez mais,
ordenando: “Vai e recebe o rolo aberto que está na mão do anjo que se encontra
em pé sobre o mar e sobre a terra”. Em seguida, me aproximei do anjo e lhe
roguei que me desse o livrinho, ao que Ele me declarou: “Pega-o e come-o;
ele lhe será amargo no estômago, todavia doce como o mel na boca”. Peguei
o livrinho da mão do anjo e o comi depressa e, de fato, ele era doce como o mel
ao paladar; contudo, assim que o engoli, meu estômago ficou muito amargo”.
Come-o – aproprie-se
inteiramente de seu conteúdo de modo a ser assimilado como alimento e torne-se
parte de si mesmo, de modo a transmiti-lo mais vivamente a outros. Sua
descoberta do rolo doce ao gosto no início é porque era a vontade do Senhor que
ele estava fazendo, e porque, despojando-se do sentimento carnal, ele
considerava a vontade de Deus como sempre agradável, por mais amarga que fosse
a mensagem de julgamento a ser anunciado.
O livrinho é o mesmo selado
por Daniel e engolido por Ezequiel (Ez 2.9—3.3), que dá mesma forma menciona
ter deixado o seu espírito amargo (Ez 3.14).
Ap 10:11 - “Então,
recebi a seguinte orientação: “É necessário que profetizes novamente a
respeito de muitos outros povos, nações, línguas e reis”.
Os acontecimentos em Ezequiel 2 e 3 ocorreram antes do juízo
de Deus sobre Judá e Jerusalém, e tiveram efeito na comissão do profeta.
João pode ter sentido uma comissão parecida aqui para
profetizar essa mensagem de juízo para o mundo. A profecia de João para muitos
povos, e nações, e línguas, e reis pode referir-se especificamente ao restante
do segundo ai (Ap 11.1 -14), já que existe um enfoque nas duas testemunhas. No
entanto, o uso de expressões parecidas em Ap 13.7; 14.6 e 17.15 indicam o
encargo de João para escrever toda a revelação que Deus o deu, desde os
acontecimentos ligados a segunda vinda de Cristo (Ap 19.11-21) até o fim de
todas as coisas (Ap 22:6-7,10)
É como se Deus dissesse: _ “João, esta profecia deve chegar a
todo mundo e não só as igrejas da Ásia”.
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