terça-feira, 20 de novembro de 2018

Aula 12 - Desmistificando o Fogo Estranho


“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso e trouxeram fogo profano perante o Senhor, sem que tivessem sido autorizados. Então saiu fogo da presença do Senhor e os consumiu. Morreram perante o Senhor. Moisés então disse a Arão: “Foi isto que o Senhor disse:“ Aos que de Mim se aproximam santo me mostrarei; à vista de todo o povo glorificado serei’ ”. Arão, porém, ficou em silêncio... Então Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: “Não andem descabelados nem rasguem as roupas em sinal de luto, senão vocês morrerão e a ira do Senhor cairá sobre toda a comunidade. Mas os seus parentes, e toda a nação de Israel, poderão chorar por aqueles que o Senhor destruiu pelo fogo“. Não saiam da entrada da Tenda do Encontro, senão vocês morrerão, porquanto o óleo da unção do Senhor está sobre vocês”. E eles fizeram conforme Moisés tinha ordenado. Depois o Senhor disse a Arão: “Você e seus filhos não devem beber vinho nem outra bebida fermentada antes de entrar na Tenda do Encontro, senão vocês morrerão. É um decreto perpétuo para as suas gerações. Vocês têm que fazer separação entre o santo e o profano, entre o puro e o impuro, e ensinar aos israelitas todos os decretos que o Senhor lhes deu por meio de Moisés”. (Lv 10:1-3, 6-11 / NVI)



1 – Introdução

No episódio do “Bezerro de Ouro” (Ex 32:26-29), Deus separou a tribo de Levi, consagrando-os perpetuamente para o Seu serviço. Porém, antes disso, (Ex 28:1)    já havia separado Arão e sua descendência para o sacerdócio, mostrando-nos que um fato não tinha a ver com outro, ou seja, o sacerdócio já era de Arão e sua descendência mesmo que a tribo de Levi não fosse separada.
É interessante observarmos que Deus o escolheu mesmo sabendo que ele instruiria o povo na fundição do bezerro de ouro, e que ele mesmo conduziria o povo à idolatria (Ex 32:1-6)
Com isso, onde estaria à qualificação de Arão para um Ministério considerado tão Santo e tão Sagrado como o do Sacerdócio Levítico?
Por mais que pareça contraditória, a resposta é que a fraqueza que o desqualificava era a mesma que o tornava apto para esta elevada missão.
A Tradição Judaica ensina que as primeiras Tábuas da Lei quebradas por Moisés, também fora colocada dentro da arca junto com a segunda dada por Deus, e que os fragmentos das primeiras Tábuas da Lei, juntamente com as segundas Tábuas inteiras, formavam pares importantíssimos para se compreender  o “teshuváh” ou Arrependimento.
As primeiras Tábuas da Lei foram quebradas por Moisés em um ato de ira, por causa do pecado cometido pelo povo na sua ausência. As segundas tábuas foram talhadas por Moisés e depois escritas pelo dedo de Deus - o resultado da interação humana com o Perdão Divino.
Era isso que Arão e depois seus descendentes, viam quando entravam no Santo dos Santos: as Tábuas quebradas - que trazia a mensagem única sobre arrependimento; e as Tábuas inteiras que revelava o perdão de Deus.


2 – O Sumo Sacerdote

A principal missão do Sumo Sacerdote era apresentar o homem pecador diante do Deus Santo.
Já os sacerdotes tinham como missão: “santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores”. Eles também atuavam como mestres da lei (Lv 10:11). Por isso os sacerdotes não receberam nenhuma herança de terra quando as tribos entraram em Canaã, pois a sua recompensa era servir ao Todo-Poderoso. Assim, eles eram sustentados pelas ofertas e os sacrifícios levados ao Tabernáculo, e viviam de modo simples dependendo única e exclusivamente da obediência e fidelidade do povo ao trazer seus dízimos (Nm 18.3-32).
A ordenação do primeiro Sumo Sacerdote israelita está registrada no Pentateuco quando Deus instruiu  Moisés no Monte Sinai a ordenar Arão e seus filhos como os primeiros sacerdotes do povo de Israel (Êx 27:21; 28:1; 29:9-44). Sendo Arão ungido com óleo numa cerimonial especial (Êx 29;5-7; Lv 8:12). Por isso o Sumo Sacerdote era chamado de Sacerdote Ungido ou Grande Sacerdote.
O sumo sacerdote também participava das tarefas comuns aos outros sacerdotes. Porém, além de chefiá-los, havia algumas funções que ficavam exclusivamente sob sua responsabilidade. A principal delas era o fato de que somente ele poderia entrar no Santo dos Santos onde ficava a Arca da Aliança, o que acontecia apenas uma vez por ano, no Yom Kipur - Dia da Expiação - nesse dia o sumo sacerdote entrava na presença de Deus para oferecer sacrifícios pelos seus próprios pecados e pelos pecados de todo o povo (Lv 16:32-34), e o sinal da aceitação de Deus era o próprio sumo sacerdote sair com vida da Sua Presença.


3 – O Altar do Incenso

Senhor Deus disse a Moisés:
— Faça também um altar de madeira de acácia para queimar incenso em cima dele. Esse altar será quadrado, medindo quarenta e cinco centímetros de comprimento por quarenta e cinco de largura; e terá noventa centímetros de altura. Nos quatro cantos haverá pontas, que formarão uma só peça com o altar. A tampa, os quatro lados e as pontas deverão ser revestidos de ouro puro. E ponha um remate de ouro em volta do altar. Ponha também duas argolas de ouro debaixo do remate, uma de cada lado. Por dentro dessas argolas passarão os cabos com que se carregará o altar. Esses cabos deverão ser feitos de madeira de acácia e revestidos de ouro. Ponha o altar em frente da cortina que ficará diante da arca da aliança. Ali eu me encontrarei com você. De manhã, quando Arão for cuidar das lamparinas, ele deverá queimar incenso cheiroso. Ao anoitecer, quando for acender as lamparinas, ele deverá fazer a mesma coisa. Essa oferta de incenso continuará para sempre, de geração em geração. Nesse altar não ofereçam incenso comum, nem animais, nem cereais e não derramem ofertas de vinho sobre ele. Uma vez por ano Arão fará uma cerimônia de purificação do altar, pondo nas suas quatro pontas o sangue do animal sacrificado para tirar os pecados do povo. Isso deverá ser feito para sempre, uma vez por ano. “Esse altar deverá ser completamente santo, separado para mim, o Senhor”. (Ex 30:1-10 / NTLH)



4 – O Fogo Estranho

Até hoje essa passagem é alvo de muita especulação, porque ninguém sabe exatamente qual foi o ato de transgressão cometido aqui.
O Fato é que podemos observar três coisas:

·         Eles haviam bebido vinho: Esta suposição se baseia na própria Escritura citada onde diz:  Nem você nem os seus filhos podem entrar na Tenda Sagrada depois de terem bebido vinho ou cerveja; se fizerem isso, morrerão. Todos os seus descendentes também deverão obedecer a essa lei. Vocês devem estar em condições de fazer diferença entre o que é e o que não é sagrado, e entre o que é impuro e o que é puro. E devem ensinar aos israelitas todas as leis que eu, o Senhor, dei a eles por meio de Moisés. E Moisés disse a Arão e a Eleazar e Itamar, os dois filhos de Arão que ainda estavam vivos...” (Lv 10:9-11 - NTLH).

·         Eles teriam entrado no Santo dos Santos: Essa interpretação está baseada na seguinte Escritura: Depois que os dois filhos de Arão foram mortos quando apresentavam a Deus, o Senhor, uma oferta de incenso que não estava de acordo com a lei, o Senhor falou de novo com Moisés. Ele disse:— Diga ao seu irmão Arão que não é a qualquer hora que ele pode entrar no Lugar Santíssimo, que fica atrás da cortina da Tenda Sagrada. Se ele entrar, morrerá, pois é ali que eu apareço numa nuvem acima da tampa da arca da aliança, que é o lugar onde os pecados são perdoados” (Lv 16:1-2 – NTLH). 

·         Eles não podiam queimar incenso, pois essa era uma tarefa de Arão: “De manhã, quando Arão for cuidar das lamparinas, ele deverá queimar incenso cheiroso. Ao anoitecer, quando for acender as lamparinas, ele deverá fazer a mesma coisa. Essa oferta de incenso continuará para sempre, de geração em geração. Nesse altar não ofereçam incenso comum, nem animais, nem cereais e não derramem ofertas de vinho sobre ele. Uma vez por ano Arão fará uma cerimônia de purificação do altar, pondo nas suas quatro pontas o sangue do animal sacrificado para tirar os pecados do povo. Isso deverá ser feito para sempre, uma vez por ano. Esse altar deverá ser completamente santo, separado para mim, o Senhor.” (Ex 30:7-10)

O incensário deveria ser aceso com mesmo fogo usado sobre o altar. Mas alguém pode questionar: “Mas e quando acabasse o fogo? Como se acenderia o incenso novamente?
Em Ex 29:38-39 diz: Eis o que sacrificarás regularmente sobre o altar: a cada dia dois cordeiros de um ano. Oferecerás um de manhã e o outro ao entardecer”.
Levítico 6:12-13 – “O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará”.
Uma outra explicação que poderia ser atribuída para aquele juízo dado por Deus seria o que foi dito em Êxodo 30:1-10, onde Deus já havia prescrito um meio para queimar o incenso e lá diz que não deveria ser trazido incenso, óleo ou azeite estranho para Deus. Porém a Escritura não diz que eles trouxeram incenso estranho, mas fogo estranho. 

Eles trataram o Sagrado como se fosse algo comum. Erraram por fazer uma tarefa que não lhes competia e erraram por executar a tarefa de forma profana, pois ao invés deles terem usado o mesmo fogo do altar para queimar o incenso, utilizaram um fogo que eles mesmos haviam trazido e feito para aquele fim, e se achegaram a Deus para apresentar a Ele algo que eles mesmos haviam feito.

Ao queimar incenso com outro fogo, eles desprezaram aquilo que era santo dando pouca importância. Talvez seja por isso que depois Deus disse que o Seu povo deveria saber fazer a diferença entre o santo e o profano, porque Nadabe e Abiú não souberam fazer isso. (Nm 3:4-5; 26:61)


5 – A Profanação sempre começa da Liderança

Os líderes de Israel que deveriam servir de exemplo, eram sempre os primeiros a profanar e apresentar fogo estranho para Deus.
A Bíblia diz que os sacerdotes do templo não sabiam mais discernir o sagrado do profano.
Ezequiel 22:26 – “Os sacerdotes desobedecem à minha Lei e não têm respeito por aquilo que é santo. Não fazem diferença entre o que é santo e o que não é. Não ensinam a diferença entre as coisas puras e as impuras e não respeitam o sábado. Como resultado disso, o povo de Israel não Me respeita”.
Então nós observamos que antes da profanação ter sido feita pelo povo de Israel, ela começou primeiro pela sua liderança religiosa, pelos seus sacerdotes e reis. Eles deviam ser o exemplo e mostrar a distinção do santo e do profano, mas aqui é dito que os sacerdotes sequer sabiam como fazer isso.
Da mesma maneira, antes que uma profane as coisas de Deus, sua liderança é quem primeiro faz isso. Se a igreja adultera a Palavra é porque seus ministros adulteraram primeiro.
A Bíblia nos mostra aqui em Ezequiel que a profanação começa primeiro pela liderança e depois esse espírito passa para os seus liderados.
Quando um ministro é firme em suas convicções e posicionado na Palavra de Deus, todo o povo se manterá nessa mesma firmeza. Mas se ele adulterar a Palavra, em algum momento toda a congregação acabará adulterando junto com ele.
Por isso a cobrança será maior para os mestres que ensinam a Palavra de Deus, pois a sua responsabilidade é dobrada.
“Não muitos de vocês deveriam se tornar mestres, meus irmãos, pelo fato de saberem que seremos julgados com mior severidade”. (Tg 3:1 – BJC)





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