“Venham a
mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu
lhes darei descanso. Sejam
meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração
humilde; e vocês encontrarão descanso. Os
deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é
leve.”. (Mateus 11:28-30 - NTLH)
1 - Introdução
Jugo éuma peça feita de madeira que é
utilizada para unir dois bois, para que ande no mesmo compasso
enquanto puxam um arado ou uma carroça.
Mas
também era uma espécie
de forca, por baixo da qual os romanos faziam passar os inimigos
vencidos nas batalhas.
No sentido figurado,
jugo significa submissão, obediência, autoridade,
domínio, opressão, sujeição.
E no original da
palavra em hebraico (tsé·medh) ou no grego (zy·gós,
zeú·gos),
significa juntar, unir, amarrar, parelhar.
Outro termo hebraico (moh·táh, pau de jugo) é
associado com jugos (Lv 26:13; Is
58:6, 9; Ez
30:18; 34:27), e em 1 Crônicas
15:15 refere-se aos varais usados para carregar a Arca, ou
como barra carregada nos ombros das pessoas com fardos suspensos em ambas as
pontas (Is 9:4; Je
27:2; 28:10,12 e13)
2 - Contexto Histórico
Esta fala de
Jesus a respeito do jugo era uma fala muito comum e conhecida naquele tempo no
contexto das escolas rabínicas de sua época, onde cada rabino tinha seu próprio
jugo.
Eles viviam
de discutir, interpretar e de oferecer recomendações práticas de como guardar a
lei.
A este
conjunto de regras dava-se o nome de jugo, onde cada rabino tinha o seu.
E funcionava da
seguinte maneira:
Sobre a
guarda do sábado, a lei de Moisés dizia:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra,
mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu
Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o
teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está
dentro das tuas portas. Porque em seis
dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia
descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou”. (Êx
20:8-11)
Os rabinos interpretavam esta lei da seguinte maneira:
1 - Caminhar
mais de 5 km no sábado era considerado trabalho
2 – Outro,
dizia não, trabalhar no sábado é caminhar mais do que 8 km.
3 – E o
terceiro dizia: Não, 8 km sem peso se forem com peso só podem caminhar 5 km.
Da mesma
forma acontecia em assuntos coditianos:
Se a sua casa
pegar fogo no sábado, você poderia retirar as coisas pra livrar do incêndio ou
você teria que deixar tudo lá?
E um dizia: Você
só pode tirar da sua casa aquilo que você puder carregar no seu corpo, tipo
vestir 4, 5túnicas. Mas não pode carregar nada com as mãos. Porque vestir não é
trabalho, mas carregar com as mãos é.
Então, as
discussões eram as mais inusitadas e os rabinos iam aos extremos do
detalhamento para a observação da lei.
Como foi
mencionado por Jesus em Mateus 12:11 sobre livrar
um animal do abismo no dia de sábado.
Uma das
questões mais interessantes que estão presentes e relatas no NT é, por exemplo,
a questão do divórcio.
Em Mateus 19:3-9 - Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus para pô-lo à prova. E
perguntaram-lhe:
"É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por
qualquer motivo? "
Ele respondeu: "Vocês não leram que, no
princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu
ninguém o separe". Perguntaram eles:
"Então, por que Moisés mandou dar uma carta de divórcio à mulher e
mandá-la embora? " Jesus respondeu:
"Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de
coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio.Eu lhes digo que todo
aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se
casar com outra mulher, estará cometendo adultério".
Mas o que eles queriam saber era se Jesus era favor do divórcio por
qualquer motivo ou não.
Por trás
dessa pergunta pra Jesus estava um debate em sua época entre duas grandes
escolas rabínicas: a do rabino Hillel, um rabino liberal que dizia:.
Se
sua mulher não fizer a comida que lhe agrade, você pode se divorciar dela.
E a do rabino
Shamai, que dizia, não, o divórcio só é permitido em caso de pornéia. Apenas na
violação da unidade de uma só carne (quer dizer, do adultério)
Aí Jesus quis
dizer que concordava com Shamai, pois Hillel era muito liberal.
Em outras
palavras eles queriam saber de qual jugo, de qual rabino, Jesus pertencia.
Então isso de
ter um jugo era algo muito comum entre os judeus, pois significava que a pessoa
estava debaixo de uma recomendação da Torá, de uma interpretação da lei de
Moisés, de uma autoridade.
Então Hillel
tinha seu jugo e seus seguidores, Shamai tinha seu jugo e seus seguidores, e
agora Jesus vem e diz assim: “Tomem sobre vocês o meu jugo”.
Ele estava
dizendo que os rabinos tinham as suas interpretações da lei, mas que ele também tinha a Sua interpretação da lei.
Jesus não
estava dizendo que os fariseus ensinavam errado, pelo contrário, havia muitos
ali fiéis a Torá, mas que também havia ensinamentos errados.
Em Mateus 23:2-4
diz: "Os mestres da lei e os fariseus se assentam
na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e
façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não
praticam o que pregam. Eles atam fardos
pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão
dispostos a levantar um só dedo para movê-los”.
3 - Jesus não foi Reconhecido como um Rabino Oficial.
Em Israel, as crianças iam para as escolas aos 6 anos de idade. Aos 10 anos já conheciam de cor a Torá (Gênesis,
êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio).
Alguns, depois de 10 anos, iam pra casa aprender uma função com o
pai, outros, eram escolhidos para continuar os estudos até os 14 anos, quando
aprendiam os livros históricos, poéticos e proféticos, tornando-se um talmidim (discípulos
de um rabino) e aprendendo um pouco da tradição oral de Israel.
Por isso, quando Jesus estava no templo debatendo com os rabinos
com apenas 12 anos, não era uma cena impressionante em Israel, pois fazia parte
do costume judaico que perdura até hoje, chamado de bar-mitzvah.
O
impressionante foi que Jesus os deixou em uma situação delicada, pois lhes
fazia perguntas das quais ele também respondia deixando-os maravilhados (Lc 2:41-47)
Mas o
estranho, era que Jesus não foi convidado a continuar na escola.
Lemos em
Lucas que ele só estava no templo porque havia subido a Jerusalém com seus pais
para comemorar a páscoa. E na sua fase
adulta era conhecido como filho carpinteiro.
Então Jesus
não era um rabino oficial, ele não tinha esse título conquistado pela escola
rabínica, mas muitas pessoas o chamavam assim: (Mc 4:38;
5:35; 9:5; 9:17; 10:17; 10:35; 12:14; 12:32; Lc 7:40; 9:38; Jo 1:38; 3:2; 9:2; 13:13)
Um outro exemplo de rabino e seus talmidins
que vemos no Novo testamento está na história de Paulo e de como foi instruído por Gamaliel, um
rabino que era neto de Hillel, e que dava aulas na escola rabínica de seu avô.
A perseguição de Paulo aos cristãos era
devido ao zelo com as escrituras e em querer fazer o certo, achando que mais
uma seita herética havia surgido em Israel.
Por isso, Gamaliel se levantou para defender
os apóstolos, dizendo: Deixem que eles preguem não os matem, pois se de fato
falam de Deus, não poderemos matá-los e trazer sobre nós juízo, mas se for mais
uma seita que surgiu, por si só acabará como tantas outras acabaram (At 5:33-34 e 38-39)
Para se
tornar um rabino eram usados critérios selecionados, e para ter discípulos
também.
Quando surgia
alguém oferecendo uma interpretação diferente da lei de Moisés,os rabinos se
reuniam, faziam questionamentos, e decidiam se essa pessoa podia ser rabino ou
não, se ele poderia ter seu jugo ou não. Para isso, também existia o Sinédrio (assembleia judia de
anciãos da classe dominante à qual diversas funções políticas, religiosas,
legislativas, jurisdicionais e educacionais foram atribuídas).
Quando um
rabino recebia essa autoridade, que lhe era conferida por no mínimo três outros
rabinos, se dizia que um novo rabino, que agora tinha seu próprio jugo, havia
recebido as chaves do reino, e
autoridade pra ligar e desligar, proibir e permitir,
Em Mateus 16:19, Jesus diz a Pedro, depois que este
afirma que Cristo era o filho de Deus...
“Eu
darei a ti as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra haverá sido
ligado nos céus, e o que desligares na terra, haverá sido desligado nos céus”.
Aqui Jesus
está dizendo que Pedro continuaria pregando a Sua mensagem, repassando o Seu jugo
aos outros e formando outros discípulos, depois que Ele partisse. Que Pedro
havia sido aprovado.
Aqui Jesus
não lhe passa a autoridade rabínica, mas a autoridade apostólica.
4
- Então, o que acontecia no tempo de Jesus?
Vamos supor
que existissem três rabinos: Hillel, Shamai e Isaque, e eu estivesse caminhando
num sábado com uma sacola.
Então uma
pessoa dissesse:
Ei, você está quebrando a lei do
sábado.
E eu
respondesse: Não estou não, porque o meu rabino Isaque disse que eu posso
caminhar até 3 km com peso.
Então ele
pergunta: Quem é esse rabino Isaque aí?
E ele iria se
certificar quem era esse rabino e se ele de fato tinha autorização para ter seu
jugo e formar discípulos.
Jesus foi
chamado de Rabi pelo povo, Nicodemos, um farizeu o chamou de rabi.
Por isso, os
farizeus rodeavam Jesus e o interrogavam a toda hora tentando achar falhas Nele
perante a lei.
E também por
isso o povo o seguia, pois achava que Jesus era um rabino mais liberal.
Pois Jesus
conversava com prostitutas (Lc 7:36-50), tocava
em leprosos (Mc 1:40-45), freqüentava casa de
publicanos (Mc 2:15), abençoava estrangeiros (Mc 7:24-30), curava cegos de nascença (Jo 9:1-10:21), permitia que os discípulos comessem
sem lavar as mãos (Mt 15:2-11)...
Até que eles
começam perceber algumas diferenças na pregação de Jesus;
“Vocês ouviram o que foi dito aos seus
antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu
irmão estará sujeito a julgamento
Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’.
“Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma
mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”. (Mt
5:21-28)
E eles começam a ver que as interpretações de Jesus não eram tão suaves
como pensavam, e começam deixá-lo (Jo 6)
É quando Pedro diz: “Mestre,
dura é sua palavra...”
Trocar
o jugo com Jesus implicava em deixar ensinamentos e conceitos do tempo e passar
a seguir os mandamentos de Deus segundo a interpretação de cristo, à maneira
que Ele vivia. E isso não era tão fácil.
A
forma com que os fariseus eram exortados por Jesus mostrava o quanto suas
interpretações da lei eram falhas e o quanto seus ensinamentos se equivocavam
com suas atitudes.
Jesus
queria mais de seus discípulos.
Jesus
queria que eles vivessem a plenitude daquele evangelho (boas
novas de salvação).
Jesus
queria direcionar o povo de forma que não mais fossem conduzidos por pesados
fardos de engano, mas agora pelo fardo suave da verdade que os levassem a uma
vida reta e justa. Mas esse jugo lhes causou comichões nos ouvidos (2Tm 4:3)
5
- Conclusão
Hoje
nós temos encontrado muitas interpretações das escrituras.
Versículos
isolados que tem trazido heresias para o meio da igreja, trazendo conceitos
mundanos e transformando a Palavra de Deus em um livro de múltiplas
interpretações.
Precisamos
continuar seguindo o nosso mestre Jesus Cristo.
Lendo
as instruções deixadas por Ele nas escrituras e rebatendo toda hipocrisia
gospel que tem surgido.
Precisamos
parar de procurar mestres, pois já possuímos um e já temos sobre nós o Seu jugo
que é a nossa referência de direção, autoridade, a ferramenta que nos deixa no
caminho certo.
Não
tire o jugo e nem se deixe acreditar nas teorias que dizem que Cristo já levou
o jugo embora.
Ele
não levou o jugo, Ele mandou tomar o Dele e carregar, pois é suave, e o fardo,
que seria a bagagem, também é leve.
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