sábado, 28 de julho de 2018

Aula 07 - Desmistificando Gênesis - A Torre de Babel


Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
(GN 11:5-7 – ACF)

1 – Introdução

Cerca de 170 anos se passaram do dilúvio quando as pessoas decidiram novamente se revoltar contra Deus.
O líder daquela geração era o rei Ninrode (Gn 10:8-12 - ACF), descendente de Cam, monarca poderoso e forte.
“Cuxe gerou também Ninrode, o primeiro homem poderoso na terra.  Ele foi o mais audaz e corajoso dos caçadores diante do SENHOR, e por esse motivo há o ditado: “Valente como Ninrode!”  No início, o seu reino abrangia Babel, Ereque, Acade e Calné, nas terras da Babilônia.  Dessa terra ele partiu para a Assíria, onde fundou Nínive, Reobote-Ir, Cala e Resém, que fica entre Nínive e Cala, a grande cidade”.
A tradição judaica diz ter sido por influência dele que as pessoas decidiram não obedecer ao Criador.
“Em todo o mundo, as pessoas se serviam de uma mesma língua, e de uma única maneira de falar. Quando os seres humanos emigraram para o Oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se estabeleceram.  Combinaram uns com os outros: “Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo!” O tijolo lhes serviu de pedra e o betume de argamassa.  E decidiram mais: “Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre nos céus! “Dessa forma, nosso nome será honrado por todos e jamais seremos dispersos pela face da terra”. (Gênesis 11:1-4 KJA)
Mas Deus resolveu confundir aquelas pessoas e distribuiu várias línguas, de forma que não podiam mais entender um ao outro, e assim, dispersaram todos.
A palavra Babel em hebraico significa confundir e em acadiano (língua babilônica) significa Portal de Deus.

2 – As Evidências Históricas

O interessante na história da humanidade, é que o evento da “Torre de Babel” também é contado fora da bíblia e do judaísmo, em outras civilizações igualmente antigas através de seus documentos históricos.
Temos como exemplo os islamitas que contam a mesma história, mas sendo a torre destruída por Alá, e que distribuiu 72 línguas diferentes para a dispersão do povo.
Outro historiador muçulmano do século XIII relata a mesma história, adicionando que o patriarca Éber (um antepassado de Abraão) tinha sido autorizado a manter a língua original, neste caso o Hebraico, porque ele não participou da construção.
Os babilônicos também contam a mesma história, atribuindo a Nabucodonozor a restauração da torre na época do seu reinado, com o nome de Zigurate em honra a Marduke, cerca de 560 a.C, vista pelos historiadores como tendo cerca de 2090 metros de altura e 100 de largura.
Assim como os egípcios, chineses, maias, persas e outros contam a mesma história na sua ótica cultural.
Segundo o levantamento da ONU, possui hoje no mundo mais de 3000 idiomas falados, fora os dialetos. O interessante é que eles também garantem que todas vieram de uma única língua mãe, ainda não identificada.
É curioso notarmos também, que os mesmos estudiosos que chegaram a esta conclusão, garantem que na antiguidade somente um deus era adorado, e que o politeísmo veio justamente depois da dispersão do povo e com a formação de novas civilizações.
O motivo de Deus ter impedido a construção da torre e confundido a língua do povo, se dá por três óticas:
·         O propósito do Criador era que a humanidade se espalhasse por toda a terra. A idéia de construir tal torre tinha o objetivo de manter todas as pessoas num só lugar. Ou seja, o povo estava indo contra uma ordem de Deus. “Disseram: — Venham, vamos construir uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra”. (Gn 11:4 - NAA)
·         Outro motivo era porque o povo tinha a intenção de colocar no cume da torre a imagem de um homem com a espada desembainhada contra Deus, sinalizando uma rebelião contra a sua autoridade (tradição oral judaica). “E o Senhor disse: — Eis que o povo é um, e todos têm a mesma língua. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo o que planejam fazer”.  (Gn 11:6 - NAA)
·         E o terceiro motivo era a prevenção contra um novo dilúvio, temendo que isso acontecesse, eles teriam um lugar alto para se refugiar (segundo a tradição judaica, torre é lugar de refúgio). “Havia, porém, no meio da cidade, uma torre forte, e todos os homens e mulheres, todos os moradores da cidade, fugiram para lá...” (Jz 9:51 - NAA)
Independente de qual tenha sido o motivo, observamos que as pessoas rejeitavam a autoridade, a ordem e as promessas de Deus.
Segundo os arqueólogos (matéria da revista Istoé de 21/01/16), um dos primeiros arranha-céus da história da humanidade é uma torre construída na Idade da Pedra Polida (entre 9000 a 4500 a.C.), descoberta em 1952, em Jericó, na Palestina.
É consenso entre os pesquisadores que a civilização começou na Mesopotâmia, atual Iraque, na região conhecida como Crescente Fértil. Ali, teria sido inventada a roda, a escrita e a agricultura. 
Jericó seria uma espécie de neta da Mesopotâmia, para onde algumas pessoas migraram, fundando um dos assentamentos urbanos mais antigos da Terra fora do Crescente Fértil. Elas teriam chegado lá trazendo na memória um trauma de seus ascendentes, uma catástrofe diluviana.


Naquela época, seca, terremotos ou meteoros não amedrontavam a população, de acordo com o especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém Rodrigo Pereira da Silva. Uma grande inundação, um dilúvio, era a catástrofe que se temia. “Quando um povoado fundava novas civilizações, erguer uma torre era um procedimento-padrão”. Atualmente, já foram encontradas 31 ruínas de torres só na Mesopotâmia.
Dessa forma, fica fácil entender o motivo das grandes construções do Egito, México, China e outros países do mundo.

3 – A Dispersão

Ao destruir a Torre, Deus decidiu destruir a arrogância do povo liderado por Ninrode, destruindo a capacidade de compreender o outro. Ele confundiu as pessoas, dividindo-a em setenta nações e tribos diferentes, cada um com uma linguagem própria.
Quando isso aconteceu, o projeto da torre teve que ser abandonado. Os vários grupos migraram em diferentes direções e se estabeleceram em todas as partes do mundo.
Quando lemos a bíblia precisamos ter em mente que ela não foi escrita em ordem cronológica e por este motivo, lemos em Gn 10:5 – “Esses foram os descendentes de Jafé; eles moram no litoral e nas ilhas, cada povo e cada família na sua própria terra, com a sua própria língua”.
Como poderia falar de língua neste texto se a confusão das línguas aconteceria por causa da Torre de Babel em Gn 11? Justamente por não estar em ordem cronológica, mas por estar de acordo com que o autor foi se lembrando ao escrever.
“Éber foi pai de dois filhos: um se chamava Pelegue porque no seu tempo os povos do mundo foram divididos; o seu irmão se chamava Joctã”. (Gn 10:25 – NTLH)
A bíblia nos dá vários indícios da história, e um deles é o significado dos nomes. Aqui claramente observamos que o nome Peleque (divisão), foi dado devido à divisão dos povos ocorrido naquele tempo. Que divisão seria essa? A divisão das terras feita através da linhagem, raça e língua de cada um, originando os povos antigos encontrados na bíblia. Alguns teólogos marcam o evento da Torre também como a origem das raças.
“São esses os clãs dos filhos de Noé, distribuídos em suas nações, conforme a história da sua descendência. A partir deles, os povos se dispersaram pela terra, depois do Dilúvio”. (Gn 10:32 - NVI)
O nome Joctã no hebraico significa encurtar. Os teólogos dizem que este nome foi dado porque na sua geração Deus abreviou o tempo de vida do ser humano (Gn 6:3).




4 – A Torre de Babel e o Pentecostes

Quando lemos a Palavra de Deus em Gênesis 11 e Atos 2, observamos dois acontecimentos distintos com características muito parecidas. Após observar estas semelhanças vemos uma tipologia profética maravilhosa, que é um padrão em toda a Bíblia. A Bíblia sempre mostrou duas condições adversas: o obediente e o desobediente, o fiel e o infiel.
Façamos um paralelo entre a “GERAÇÂO DE BABEL” e a “GERAÇÂO DO CENÁCULO”


BABEL (Gênesis 11:1-9)

CENÁCULO (Atos 2:1-4)
Reunidos em um mesmo lugar
Reunidos em um mesmo lugar
Unidos para um único Projeto
Unidos para um único Projeto
Obedeciam a um líder (Ninrode)
Obedeciam a um líder (Jesus)
Maior desejo = Chegar ao céu
Maior desejo = Chegar ao céu
Ousados, esforçados e corajosos.
Ousados, esforçados e corajosos.
(Não temeram Roma, as arenas as fogueiras...)
Queriam ver a obra crescer
Queriam ver a Obra crescer
Construíram uma “Torre”
Edificaram um “Altar” para Deus
Conseguiram atrair a presença de Deus, que distribuiu “línguas estranhas” (“dialektus”)
Conseguiram atrair a presença de Deus, que distribuiu “línguas estranhas” (“glossa”)

Em Babel Deus desceu para reprovar, para embargar aquela obra.
No Cenáculo Deus desceu para aprovar e abençoar.
As Línguas estranhas, em Babel foram idiomas (“dialektus”) para divisão, no Cenáculo (“glossa”) foram para trazer união.
O Projeto de Babel = Torre (lugar alto, visível, símbolo de status, popularidade, destaque).
O Projeto do Cenáculo = Altar (lugar secreto, de sacrifício, renúncia, lugar onde as vaidades não sobrevivem).
Na desobediência temos uma geração motivada pelos seus próprios interesses. Na obediência temos uma geração motivada a buscar a vontade de Deus e a fazer o que Ele manda.
Em qual desses grupos nos encaixamos hoje?


5 – Conclusão

E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.  (Jo 17:21 - NTLH)
A oração de Jesus pela unidade do corpo de Cristo é uma revelação profunda do plano de Deus para nós.
Jesus não está apenas orando para que todos nós sejamos unidos, mas que nessa unidade cheguemos a um lugar de glória, poder e autoridade. Essa oração pode “reverter à maldição” de Babel.
Gênesis 11.6: “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem… agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer.
Babel mostra o potencial ilimitado para o mal que a raça humana tem. João 17 mostra o potencial ilimitado que a raça humana tem para o bem.
Jesus orou para que nada nos fosse impossível enquanto nossos corações estivessem se aperfeiçoando em união com nosso Pai celeste, e uns com os outros. Vamos caminhar nesse destino pleno que Deus planejou para nós.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Aula 06 - Desmistificando Gênesis - Nefilins



“Ora, naquela época, e também algum tempo depois, havia nefilins na terra, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhes deram filhos. Esses foram os heróis dos tempos antigos, homens rudes e famosos”.
(Gn 6:4)


1 – Introdução


Há várias teorias a cerca da origem dos "homens poderosos" que apareceram na terra antes do dilúvio (Gn 6:1-4), e dentre elas destaca-se o posicionamento de que os ‘filhos de Deus’ (anjos caídos - demônios), coabitaram com as ‘filhas dos homens’ (mulheres) dando origem aos Nefilins, os valentes da Antiguidade.
Dizem que a Bíblia é um livro escrito com metáforas e tudo o que nela está escrito não tem um sentido literal, mas precisa de uma interpretação. Um dos apócrifos mais polêmicos que existe é o "Livro de Enoch", um texto escrito por volta de 200 a.C. em aramaico, e descoberto no mar Morto, que faz referência aos 200 anjos caídos que extravasaram seus desejos cometendo pecados sexuais com seres humanos.


I Enoch 15:6 - “Portanto, deves abandonar o sublime e santo céu, o qual permanece para sempre; deitastes com mulheres; vos corrompestes com as filhas dos homens; tomaste-as para ti esposas; agistes igual aos filhos da terra, e gerastes uma ímpia descendência”.


I Enoch 6:10-11 - "Estes são os nomes de seus chefes: Samyaza, que era o seu líder, Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danel, Azkeel, Saraknyal, Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel, Yomyael, Arazyal. Estes eram os prefeitos dos duzentos anjos, e os restantes estavam todos com eles".


Enoch 7:1-2 - "Então eles tomaram esposas, cada um escolhendo por si mesmo; as quais eles começaram a abordar, e com as quais eles coabitaram, ensinando-lhes sortilégios, encantamentos, e a divisão de raízes e árvores. E as mulhrres conceberam e geraram gigantes”.


Os anjos são seres espirituais (Hb 1:14), não possuem um corpo físico. Apesar do poder que possuem e da possibilidade de assumir a forma humana, não podem transmutar os seus corpos celestiais em corpos orgânicos.
O próprio Senhor Jesus, apesar do poder que lhe é inerente, para alcançar um corpo semelhante a dos homens, precisou ser gerado da mesma matéria que nós para ser introduzido neste mundo.


2 - Por que os anjos caídos coabitariam com as filhas dos homens?


A bíblia não apresenta uma resposta, visto que a pergunta acima é descabida.
Seria possível um anjo ter desejo sexual e se relacionar com um ser humano?
Alguns conjecturam que sim por causa da perversidade daqueles que caíram, ou que os demônios estavam intentando atrapalhar a linhagem consangüínea de Cristo.
Tal posicionamento deriva de uma má interpretação de Gênesis 6:2-3 influenciado por escritos apócrifos e algumas lendas judaicas que existem, porém para nós o que importa é o que a Bíblia diz.
– “Então, quando a humanidade começou a se multiplicar sobre a face da terra e nasceram muitas mulheres, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram atraentes, e escolheram, para si, aquelas que lhes agradaram os olhos. Então, declarou o Senhor: Por causa da malignidade do seu humano mortal, o Espírito que lhe dei não permanecerá nele para sempre; portanto, ele não viverá além dos cento e vinte anos.” (KJA)


3 - E o que a bíblia diz?


A bíblia nos apresenta um norte a seguir em busca de uma resposta segura.
Os saduceus não acreditavam na ressurreição dos mortos, nem na existência dos anjos, nem na existência do espírito, apenas no corpo e na alma (At 23:8). Querendo surpreender Jesus em alguma contradição envolvendo a lei Mosaica, perguntaram: “Mestre, Moisés ensinou assim: “Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que morreu.” Acontece que havia entre nós sete irmãos. O mais velho casou e morreu sem deixar filhos. Assim, ele deixou a viúva para o segundo irmão. A mesma coisa aconteceu com este, e também com o terceiro, e, finalmente, com todos os sete. Depois de todos eles, a mulher também morreu”. ( Mt 22:24-27).
Daí propuseram a seguinte pergunta: “Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?” ( Mt 22:28 ).
Depois de Jesus repreendê-los (Mt 22:29), respondeu: “Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento...” ( Lc 20:34-38 ). Deixando evidente que ter relações sexuais e ter filhos é algo próprio ao mundo dos homens, e não ao ‘mundo’ dos seres espirituais, dos anjos, caídos ou não.
O casamento é apresentado em conexão à capacidade de procriação, que é próprio aos homens, pois para este fim foram abençoados “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra...” (Gn 1:28).
Porém, com relação ao mundo vindouro, Jesus é claro:” — Nesta vida os homens e as mulheres casam. Mas as pessoas que merecem alcançar a ressurreição e a vida futura não vão casar lá”., ( Lc 20:34-35 ). O Casamento e a procriação é um atributo deste mundo. A capacidade de procriação do homem tem relação direta com a morte. Quando o homem deixar de ser sujeito a morte não mais haverá necessidade de casamento e nem de ter filhos, tal qual os anjos, os quais não são sujeitos à morte. Por isso, Jesus, ao ser introduzido neste mundo, precisou ser feito menor que os anjos a fim de que pudesse morrer – “Mas nós vemos Jesus fazendo isso. Por um pouco de tempo ele foi colocado em posição inferior à dos anjos, para que, pela graça de Deus, ele morresse por todas as pessoas. Agora nós o vemos coroado de glória e de honra por causa da morte que ele sofreu”. ( Hb 2:9 ) – assim como nós (Sl 8:4-5; Rm 3:23)
Como o dom que Deus dá a um ser não pode ser anulado (Rm 11:29 NVI), a capacidade que possuíam os anjos antes da queda não lhes foi tirada (vida eterna), e eles, por si só, jamais adquiriram a capacidade de procriação. Procriar é capacidade humana, o que é impossível aos anjos apesar do poder que possuem.
Os anjos foram chamados a existência por ordem divina (Sl 148:2 e 5), e todos foram criados ao mesmo tempo. Diferente dos homens, os anjos não foram criados macho e fêmea, condição essencial para a procriação (Gn 1:27).
Fica claro que a união conjugal foi instituída por Deus em decorrência da necessidade de o homem procriar, o que é imprescindível para a manutenção da espécie.




4 – Então quem eram as Filhas dos Homens?


A bíblia diz que após Caim matar Abel, o mesmo disse a Deus: “da Tua face me esconderei “(Gn 4:14). Em seguida Caim se casa e vai morar na terra de Node (Gn 4:16-17). Caim e sua mulher tiveram filhos e edificaram uma cidade inteira cujo nome foi Enoque dando inicio a uma geração inteira.
Como seria a geração de um homem sem temor a Deus, como Caim? (1 Jo 3:12).
Na genealogia de Caim encontramos o primeiro homem a rejeitar o princípio divino do casamento monogâmico, ordenado por Deus – Lameque, que mais tarde também se tornou um assassino matando dois homens (Gn 4:19, 23), e deixou como ordenança a morte de 77 pessoas da família daquele que o matasse.
A Descendência de Caim era um povo totalmente desviado da presença do Senhor. Eles eram os filhos dos homens que possuíam filhas.
Em seguida surge outra geração, os descendentes de Sete, que nascera após a morte de Abel. Adão e Eva deram o nome de Sete, pois significava: colocar, definido, nomeado. Certamente viam nele o substituto do seu primogênito. A partir de Sete começa uma nova e abençoada geração.
O primeiro filho de Sete foi Enos; este começou a invocar o nome do Senhor (Gn 4:26), mais adiante aparece Enoque, homem temente a Deus, que andou com o Senhor até que Este o levasse (Gn 5:23-24). Até que surge Noé, desta mesma geração, um homem temente a Deus, que alcançou graça aos olhos do Senhor e foi salvo no meio de uma geração corrompida (Gn 6:8-9). Estes eram os filhos de Deus.




5 - Conclusão


Hebreus 1:5 está escrito: “Pois Deus nunca disse a nenhum dos seus anjos: “Você é o meu Filho; hoje eu me tornei o seu Pai.” E também não disse a respeito de nenhum anjo: “Eu serei o Pai dele, e ele será o meu Filho.”
Infelizmente a interpretação de textos isolados forma muitas heresias, o que prejudica a verdade do Evangelho ser pregada de forma simples.
Em nenhum lugar da bíblia acharemos Deus dizendo que anjos são Seus filhos, a não ser em versões manipuladas por pessoas que seguem tal teoria.
Como no texto de Judas 6 e 7 – “Lembrem dos anjos que não ficaram dentro dos limites da sua própria autoridade, mas abandonaram o lugar onde moravam. Eles estão amarrados com correntes eternas, lá embaixo na escuridão, onde Deus os está guardando para aquele grande dia em que serão condenados. Lembrem dos moradores de Sodoma, de Gomorra e das cidades vizinhas, que agiram como aqueles anjos e cometeram imoralidades e pecados sexuais. Eles sofreram o castigo do fogo eterno, o que é um aviso claro para todos”.
Neste texto, a bíblia afirma que os anjos não guardaram seu principado (território governado por um príncipe) dizendo que, de modo semelhante a eles, Sodoma, Gomorra, e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais.
O texto citado, afirma que os anjos não guardaram seu principado, seu estado natural ou original. O que isso quer dizer? Qual seria o estado original de um anjo? Servir a Deus, ser santo. Qual deveria ser o estado original dos homens de Sodoma e Gomorra? Estes homens deveriam coabitar com mulheres, e não com homens, não deveria existir o homossexualismo.
O que é incomum entre homens corruptos e anjos caídos neste texto é sua postura errada, e nada mais.
Crer que os anjos coabitaram com mulheres e deste relacionamento geraram filhos, é admitir que os demônios tenham um poder maior que a Soberania de Deus (1 Sm 2:6; Jo 1:1,4; Cl 1:16-17) e também é uma forma perigosa de especular o provável relacionamento de Deus com Maria na concepção de Jesus (Mt 1:18; Lc 1:31)
“Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu. Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles”. (Jo 1:11-13)

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Aula 05 - Desmistificando Gênesis - Caim e Abel



“Cada um, dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação,
pois Deus ama quem dá com alegria”. (2 Coríntios 9:7)

1 – Introdução

Sempre que começamos ler Gênesis, surgem diversas perguntas, curiosidades e até mesmo dúvidas a respeito das histórias contadas.
É comum, procurando por respostas, acharmos as mais absurdas conclusões teológicas na especulação do que seja certo e verdadeiro. No entanto, é preciso observar algumas referências a fim de encontrarmos o propósito de Deus na história da criação, sabendo que tudo o que foi feito, criado e dito, teve um propósito preestabelecido por Deus antes mesmo da criação do mundo.

2 – A Oferta

Antes de começarmos a falar sobre Caim e Abel, vamos recordar os acontecimentos diretamente ligados ao primeiro homicídio entre irmãos. Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, o Jardim do Éden. Agora eles conhecem o bem e o mal, e reconhecem que estão nus, descobertos. E para que a nudez do homem e da mulher, isto é, para que o pecado deles fosse coberto, o sistema sacrificial é iniciado. O próprio Deus faz roupas de pele de animal para eles, derramando sangue pela primeira vez na história da humanidade. A “cobertura pelos pecados”, ou a remissão é estabelecida por meio do derramamento de sangue.
Deus havia prometido uma redenção por meio da mulher. De fato, quando o Eterno sentenciava a sorte da serpente, Ele prometeu: “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar”. (Gn 3:15)
O plano da redenção contemplava um descendente da mulher, um filho, que estaria encarregado de derrotar a serpente e a sua descendência (sim a descendência da serpente, que aqui é símbolo de uma geração pecadora contumaz). Isto quer dizer que o inimigo também traria do homem uma descendência ímpia.
Só por curiosidade, no Novo Testamento, quando João Batista chama os Fariseus de “raça de víboras“, em Hebraico ele dizia זֶרַע צִפְעוֹנִים “descendência da serpente”.
E o capítulo quatro do Gênesis abre relatando o nascimento de Caim e Abel.
 “Então Adão teve relações sexuais com Eva, sua mulher; ela concebeu e deu à luz Caim, e declarou: Com a ajuda do Senhor, tive um filho homem. (Gn 4:1)
Caim foi o primeiro “homem nascido de humanos”.
O seu nome em Hebraico é  Qayin, que vem do verbo  qanah “adquirir” e significa “possessão”.
Com o nascimento de Caim, Eva imagina ou mesmo tem a “certeza”, de que a profecia se cumpriria nele. Ela esperava por isso, e certamente Caim cresceu ouvindo que ele era o fruto daquela promessa.
Mas passou o tempo, e nada aconteceu. Talvez eles esperassem que Deus os devolvesse ao Éden e que aquela vida dura pela qual agora viviam, fosse aliviada. Mas nada aconteceu.
Foi quando Caim teve uma idéia, oferecer a Deus uma oferta (Gn 4:3)
Quem sabe não era isso que estava faltando?!
E ele ofereceu alguns frutos da terra, e ao invés disso, Abel oferece uma ovelha. Mas não uma simples ovelha, ele oferece a melhor, um primogênito do seu rebanho, um animal perfeito. E isso agradou a Deus.

3 – O Primeiro Homicídio

A história de Caim não está demonstrada por acaso nas escrituras. Sua atitude para com seu irmão serve como um claro ilustrativo dos efeitos da queda sobre os seres humanos. Aquele ser criado para estar com Deus, criado para amar, prefere distância de seu Criador e dá lugar ao ódio, e os efeitos são completamente danosos. 
Gênesis prossegue a sua narrativa, e agora vemos a forma com que os filhos de Eva escolhem para servir a Deus. Caim se torna um lavrador da terra, e Abel pastor de ovelhas (Gn 4:2)
Esse verso traz um relato muito interessante. “Lavrador” em Hebraico significa “servo”. Veja que Caim era um “servo” da terra. Terra aqui é a palavra adamah, o mesmo material de que Adão foi feito. Adamah é a representação do próprio homem.
Caim era servo do homem, servia primeiramente a si mesmo. Era servo porque era dominado e servia à terra. Uma coisa é você trabalhar neste mundo para poder ter a sua sobrevivência com dignidade. Outra coisa é ser um servo do mundo.
O homem foi feito da terra, e o mandamento divino era para que o homem dominasse a terra, ou seja, que o homem tivesse domínio, controle próprio, e não que fosse dominado pelas coisas da terra (Gn 1:28)


O ofício escolhido por Abel reflete muito da sua humildade, do seu coração voltado para a obediência ao Senhor. Temos que compreender que os textos do Gênesis tem conotações simbólicas e espirituais fortíssimas.
Caim acreditava em si mesmo, pensava que era o Cristo (prometido por Deus) e quanto mais confiava na sua própria força, mais se tornava escravo de si mesmo. Imagine Caim crescendo, sendo ensinado por sua mãe de que ele traria a redenção ao pecado do jardim. Por isso, em sua oferta Caim traz vegetal.
Há uma tradição muito antiga, no meio Judaico, de que na “era messiânica”, não seria mais necessário o sacrifício de animais. E se Caim era o Messias, então o único tipo de oferta a ser oferecida seria a de vegetal.
Portanto, a oferta de Caim era a confissão da sua autossuficiência, de sua autoconfiança, de se declarar o Enviado de Deus. Mas como tudo isso não era verdade, ele não foi aceito. (Gn 4:3-4)
Já Abel, seguiu o exemplo do próprio Deus e sacrificou uma ovelha, remindo seus próprios pecados e foi aceito.
“Todavia, não se agradou de Caim e de sua oferenda; e, por esse motivo, Caim ficou muito irado e seu semblante assumiu uma expressão maligna. Então o Senhor abordou Caim: Por que estás furioso? E por qual motivo teu rosto está transtornado? Se procederes bem, não serás aceito? Entretanto, se assim não fizeres, sabe que o pecado espreita à tua porta e deseja destruir-te; cabe a ti vencê-lo!” (Gn 4:5-7)

4 – O Sinal de Caim

O que se segue todos conhecem. Caim, ao invés de repensar seu modo de vida, mata o irmão.
O sentimento aqui não era o de ciúme, mas de inveja. Ciúme deseja o que a outra pessoa tem, enquanto a inveja cria ódio contra quem tem o que você deseja. 
Quem cultiva esses sentimentos, cultiva também uma família marcada por eles. A família de Caim alcança as alturas da perversidade em sua época. Em Gn 4:19 nós vemos a primeira descrição de poligamia, uma perversidade sexual que volta a nos assombrar nos dias atuais. Foi Lameque, da linhagem de Caim, que iniciou essa aberração. O mesmo Lameque se gaba de ser um assassino ainda maior que seu pai (Gn 4:23-24). Há um simbolismo macabro nessa passagem (Gn 4:24). Lameque diz que se Caim foi ‘vingado’ sete vezes, ele deveria ser ‘vingado’ setenta e sete vezes.
Sete é o número da Aliança com Deus. Ao usar esse simbolismo, Lameque admite uma deformidade, uma caricatura macabra da Aliança divina. Ou seja, Lameque promove uma aliança demoníaca.
Esse tipo de aliança é muito mais grave do que o chamado “pacto com o demônio”. Não é algo imediatista, para ganhar algo (e perder tudo). Mas é uma relação profunda e sem volta com Satanás. Uma servidão escolhida e abraçada por ele livremente.
“E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse”. (Gn 4:15)
Aqui o texto em Hebraico diz, “E colocou o Senhor em Caim um sinal“. Há muita especulação sobre o que seria esse sinal, mas o que podemos dizer é que geralmente na Bíblia, “um sinal“ significa algo que é miraculoso, que aponta para o futuro. A marca de Caim não era algo físico, não era a cor da pele, não era a raça, não era algo no DNA, era o pronunciamento de Deus a respeito da sua descendência, dizendo que ninguém o mataria e que ele frutificaria na terra, deixaria uma geração.
O fato é que Deus poderia ter acabado com Caim, ali mesmo, pois ele era merecedor de um castigo capital por tentar enganar o Criador, o dono da vida. Mas a misericórdia do Eterno foi muito grande.
5 - Conclusão
Nos dias atuais, as coisas não são muito diferentes. O diferencial é que, ao contrário daquele tempo, em que a linhagem de Caim é praticamente deixada de lado como uma insignificante parte da humanidade, as atitudes do mundo moderno não deixam dúvidas: a linhagem de Caim hoje é numerosa e poderosa, dominando os meios de comunicação e cultura, e se espalhando pelo povo com poucas barreiras pelo caminho.
É fácil comprovar essa afirmação. Pelas ações reconhecemos a quem a pessoa serve.
O que mais tem acontecido nos tempos modernos, senão a mais completa degradação?
A história de Lameque, sua poligamia e violência, confirma o que a Tradição sempre afirmou: a luxúria, quando desmedida e sem limites, vem sempre acompanhada de violência.
A quem vamos servir? Que caminho escolheremos para a nossa vida? Qual é o impacto dessa escolha para a nossa vida e para o próximo? Esse é o tipo de pergunta que não fazemos, pois queremos viver de prestígio, cobiça, e prazer. Sintomas compatíveis com a marca de Caim.


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