Então desceu o Senhor para ver a cidade e a
torre que os filhos dos homens edificavam;
E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. (GN 11:5-7 – ACF)
E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. (GN 11:5-7 – ACF)
1 – Introdução
Cerca de 170 anos se passaram do dilúvio quando as pessoas
decidiram novamente se revoltar contra Deus.
O líder daquela geração era o rei Ninrode (Gn 10:8-12 - ACF), descendente de Cam,
monarca poderoso e forte.
“Cuxe
gerou também Ninrode, o primeiro homem poderoso na terra.
Ele foi o mais audaz e corajoso dos caçadores diante do SENHOR, e por esse
motivo há o ditado: “Valente como Ninrode!”
No início, o seu reino abrangia Babel, Ereque, Acade e Calné, nas terras da
Babilônia. Dessa terra ele partiu para a
Assíria, onde fundou Nínive, Reobote-Ir, Cala e
Resém, que fica entre Nínive e Cala, a grande cidade”.
A tradição judaica diz ter sido por influência dele que as pessoas
decidiram não obedecer ao Criador.
“Em todo o mundo, as pessoas se serviam de uma mesma língua, e de uma
única maneira de falar. Quando os seres humanos emigraram para o Oriente,
encontraram uma planície em Sinear e ali se estabeleceram.
Combinaram uns com os outros: “Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo!” O
tijolo lhes serviu de pedra e o betume de argamassa. E decidiram mais: “Vinde! Construamos uma cidade e uma torre
cujo ápice penetre nos céus! “Dessa forma, nosso nome será honrado por todos e
jamais seremos dispersos pela face da terra”. (Gênesis 11:1-4 KJA)
Mas Deus resolveu confundir aquelas pessoas e
distribuiu várias línguas, de forma que não podiam mais entender um ao outro, e
assim, dispersaram todos.
A
palavra Babel em hebraico significa confundir e em acadiano (língua babilônica)
significa Portal de Deus.
2 – As Evidências
Históricas
O interessante na história da humanidade, é
que o evento da “Torre de Babel” também é contado fora da bíblia e do judaísmo,
em outras civilizações igualmente antigas através de seus documentos
históricos.
Temos como exemplo os islamitas que contam a
mesma história, mas sendo a torre destruída por Alá, e que distribuiu 72
línguas diferentes para a dispersão do povo.
Outro
historiador muçulmano do século XIII relata a mesma história, adicionando que o
patriarca Éber (um
antepassado de Abraão) tinha
sido autorizado a manter a língua original, neste caso o Hebraico, porque ele
não participou da construção.
Os babilônicos também contam a
mesma história, atribuindo a Nabucodonozor a restauração da torre na época do
seu reinado, com o nome de Zigurate em honra a Marduke, cerca de 560 a.C, vista pelos historiadores como tendo cerca de 2090
metros de altura e 100 de largura.
Assim como os egípcios, chineses, maias,
persas e outros contam a mesma história na sua ótica cultural.
Segundo o levantamento da ONU, possui hoje no
mundo mais de 3000 idiomas falados, fora os dialetos. O interessante é que eles
também garantem que todas vieram de uma única língua mãe, ainda não identificada.
É curioso notarmos também, que os mesmos
estudiosos que chegaram a esta conclusão, garantem que na antiguidade somente
um deus era adorado, e que o politeísmo veio justamente depois da dispersão do
povo e com a formação de novas civilizações.
O motivo de Deus ter impedido a
construção da torre e confundido a língua do povo, se dá por três óticas:
·
O propósito do Criador era que a
humanidade se espalhasse por toda a terra. A idéia de construir tal torre tinha
o objetivo de manter todas as pessoas num só lugar. Ou seja, o povo estava indo
contra uma ordem de Deus. “Disseram: — Venham, vamos construir
uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso
nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra”.
(Gn 11:4 - NAA)
·
Outro motivo era porque o povo tinha
a intenção de colocar no cume da torre a imagem de um homem com a espada
desembainhada contra Deus, sinalizando uma rebelião contra a sua autoridade (tradição oral judaica). “E
o Senhor disse: — Eis
que o povo é um, e todos têm a mesma língua. Isto é apenas o começo; agora não
haverá restrição para tudo o que planejam fazer”. (Gn 11:6 - NAA)
·
E o terceiro motivo era a prevenção
contra um novo dilúvio, temendo que isso acontecesse, eles teriam um lugar alto
para se refugiar (segundo a tradição judaica, torre é
lugar de refúgio). “Havia, porém, no meio da
cidade, uma torre forte, e todos os homens e mulheres, todos os moradores da
cidade, fugiram para lá...” (Jz 9:51 - NAA)
Independente de
qual tenha sido o motivo, observamos que as pessoas rejeitavam a autoridade, a ordem
e as promessas de Deus.
Segundo os
arqueólogos (matéria da revista Istoé de
21/01/16), um dos primeiros arranha-céus da história da humanidade é uma torre construída
na Idade da Pedra Polida (entre 9000 a 4500
a.C.), descoberta em 1952, em Jericó,
na Palestina.
É
consenso entre os pesquisadores que a civilização começou na Mesopotâmia, atual
Iraque, na região conhecida como Crescente Fértil. Ali, teria sido inventada a
roda, a escrita e a agricultura.
Jericó
seria uma espécie de neta da Mesopotâmia, para onde algumas pessoas migraram,
fundando um dos assentamentos urbanos mais antigos da Terra fora do Crescente
Fértil. Elas teriam chegado lá trazendo na memória um trauma de seus
ascendentes, uma catástrofe diluviana.
Naquela
época, seca, terremotos ou meteoros não amedrontavam a população, de acordo com
o especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém Rodrigo
Pereira da Silva. Uma grande inundação, um dilúvio, era a catástrofe que se
temia. “Quando um povoado fundava novas
civilizações, erguer uma torre era um procedimento-padrão”. Atualmente, já
foram encontradas 31 ruínas de torres só na Mesopotâmia.
Dessa
forma, fica fácil entender o motivo das grandes construções do Egito, México,
China e outros países do mundo.
3 – A Dispersão
Ao destruir a Torre, Deus decidiu destruir a arrogância do
povo liderado por Ninrode, destruindo a capacidade de compreender o outro. Ele
confundiu as pessoas, dividindo-a em setenta nações e tribos diferentes, cada
um com uma linguagem própria.
Quando isso aconteceu, o projeto da torre teve que ser
abandonado. Os vários grupos migraram em diferentes direções e se estabeleceram
em todas as partes do mundo.
Quando lemos a
bíblia precisamos ter em mente que ela não foi escrita em ordem cronológica e
por este motivo, lemos em Gn 10:5 – “Esses foram os descendentes de
Jafé; eles moram no litoral e nas ilhas, cada povo e cada família na sua
própria terra, com a sua própria língua”.
Como
poderia falar de língua neste texto se a confusão das línguas aconteceria por
causa da Torre de Babel em Gn 11? Justamente por
não estar em ordem cronológica, mas por estar de acordo com que o autor foi se
lembrando ao escrever.
“Éber foi pai de dois filhos: um se chamava Pelegue
porque no seu tempo os povos do mundo foram divididos; o seu irmão se chamava
Joctã”. (Gn 10:25 – NTLH)
A
bíblia nos dá vários indícios da história, e um deles é o significado dos
nomes. Aqui claramente observamos que o nome
Peleque (divisão), foi dado devido à divisão
dos povos ocorrido naquele tempo. Que divisão seria essa? A divisão das terras
feita através da linhagem, raça e língua de cada um, originando os povos
antigos encontrados na bíblia. Alguns teólogos marcam o evento da Torre também
como a origem das raças.
“São esses os clãs dos filhos de Noé, distribuídos
em suas nações, conforme a história da sua descendência. A partir deles, os
povos se dispersaram pela terra, depois do Dilúvio”. (Gn 10:32 - NVI)
O
nome Joctã no hebraico significa encurtar. Os teólogos dizem que este nome foi
dado porque na sua geração Deus abreviou o tempo de vida do ser humano (Gn 6:3).
4 – A Torre de
Babel e o Pentecostes
Quando lemos a
Palavra de Deus em Gênesis 11 e Atos 2, observamos dois acontecimentos
distintos com características muito parecidas. Após observar estas semelhanças
vemos uma tipologia profética maravilhosa, que é um padrão em toda a Bíblia. A
Bíblia sempre mostrou duas condições adversas: o obediente e o desobediente, o
fiel e o infiel.
Façamos um paralelo entre a “GERAÇÂO DE BABEL” e a “GERAÇÂO DO CENÁCULO”
BABEL (Gênesis 11:1-9)
|
CENÁCULO (Atos 2:1-4)
|
Reunidos em um mesmo lugar
|
Reunidos em um mesmo lugar
|
Unidos para um único Projeto
|
Unidos para um único Projeto
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Obedeciam a um líder (Ninrode)
|
Obedeciam a um líder (Jesus)
|
Maior desejo = Chegar ao céu
|
Maior desejo = Chegar ao céu
|
Ousados, esforçados e corajosos.
|
Ousados, esforçados e corajosos.
(Não temeram Roma,
as arenas as fogueiras...)
|
Queriam ver a obra crescer
|
Queriam ver a Obra crescer
|
Construíram uma “Torre”
|
Edificaram um “Altar” para Deus
|
Conseguiram atrair a presença de
Deus, que distribuiu “línguas estranhas” (“dialektus”)
|
Conseguiram atrair a presença de
Deus, que distribuiu “línguas estranhas” (“glossa”)
|
Em Babel Deus desceu
para reprovar, para
embargar aquela obra.
No Cenáculo Deus desceu para aprovar e abençoar.
As Línguas estranhas, em Babel foram idiomas (“dialektus”) para divisão,
no Cenáculo (“glossa”) foram para trazer união.
O
Projeto de Babel = Torre (lugar alto, visível, símbolo de status, popularidade,
destaque).
O
Projeto do Cenáculo = Altar (lugar secreto,
de sacrifício, renúncia, lugar onde as vaidades não sobrevivem).
Na desobediência temos uma
geração motivada pelos seus próprios interesses. Na obediência temos uma
geração motivada a buscar a vontade de Deus e a fazer o que Ele manda.
Em qual
desses grupos nos encaixamos hoje?
5 – Conclusão
“E peço que
todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido
contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo
creia que tu me enviaste. (Jo
17:21 - NTLH)
A oração de Jesus pela unidade do corpo de Cristo é uma
revelação profunda do plano de Deus para nós.
Jesus não está apenas orando para que todos nós sejamos unidos,
mas que nessa unidade cheguemos a um lugar de glória, poder e autoridade. Essa
oração pode “reverter à maldição” de Babel.
Gênesis 11.6: “Eis
que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem… agora não haverá restrição para
tudo que intentam fazer.
Babel
mostra o potencial ilimitado para o mal que a raça humana tem. João 17 mostra o potencial ilimitado
que a raça humana tem para o bem.
Jesus orou para que nada nos fosse impossível enquanto nossos
corações estivessem se aperfeiçoando em união com nosso Pai celeste, e uns com
os outros. Vamos caminhar nesse destino pleno que Deus planejou para nós.