Quando
Deus tirou seu povo da escravidão do Egito rumo à Terra Prometida, Ele os guiou
pelo deserto onde não podiam plantar e colher, o que os levou a murmurarem
contra o Senhor e contra Moisés. Por outro lado, Deus queria que os israelitas
dependessem totalmente da provisão divina para seu sustento. O livro de Êxodo
nos conta que Deus lhes enviou pão do céu. E isto aconteceu por um período de
quarenta anos (Dt 8.2-3).
Leia o
relato bíblico:
“O povo de Israel saiu de Elim e foi para o deserto de Sim, que fica
entre Elim e o monte Sinai. Chegaram ali no dia quinze do segundo mês depois
da sua saída do Egito. Ali, no deserto, todos eles começaram a
reclamar contra Moisés e Arão, dizendo assim:
— Teria sido melhor que o Senhor tivesse
nos matado no Egito! Lá, nós podíamos pelo menos nos sentar e comer carne e
outras comidas à vontade. Vocês nos trouxeram para este deserto a fim de matar
de fome toda esta multidão.
O Senhor Deus
disse a Moisés:
— Agora eu vou fazer chover do céu pão para vocês. E o povo deverá sair,
e cada um deverá juntar uma porção que dê para um dia. Assim eu os porei à
prova para saber se eles vão obedecer às minhas ordens. No sexto dia
deverão juntar e preparar o dobro do que costumam juntar, nos outros dias.
Então Moisés e Arão disseram ao povo:
— Hoje à tarde vocês ficarão sabendo que foi o Senhor Deus quem os tirou do
Egito. Amanhã de manhã vocês verão a glóriado Senhor, pois o Senhor ouviu as reclamações de
vocês contra ele. Foi contra ele, e não contra nós, que vocês reclamaram; pois,
afinal de contas, quem somos nós?
E Moisés continuou:
— É Deus, o Senhor,
quem vai lhes dar carne para comerem de tarde e pão à vontade de manhã, pois
o Senhor ouviu vocês
reclamando contra ele. As suas reclamações são contra ele e não contra nós;
pois, afinal de contas, quem somos nós?
Aí Moisés disse a Arão:
— Diga a todo o povo que venha e fique diante de Deus, o Senhor, pois ele ouviu as reclamações
deles.
Enquanto Arão estava falando a todo o povo, eles olharam para o deserto,
e, de repente, a glória do Senhor apareceu
numa nuvem. E o Senhor disse
a Moisés:
— Eu tenho ouvido as reclamações dos israelitas. Diga-lhes que hoje à
tarde, antes de escurecer, eles comerão carne. E amanhã de manhã comerão pão à
vontade. Aí ficarão sabendo que eu, o Senhor,
sou o Deus deles.
À tarde apareceu um grande bando de codornas; eram tantas, que cobriram
o acampamento. E no dia seguinte, de manhã, havia orvalho em volta de todo o
acampamento. Quando o orvalho secou, por cima da areia do deserto ficou
uma coisa parecida com escamas, fina como a geada no chão. Os
israelitas viram aquilo e não sabiam o que era. Então perguntaram uns aos
outros:
— O que é isso?
Moisés lhes disse:
— Isso é o alimento que o Senhor está
mandando para vocês comerem. (Êxodo
16.1-15 - NTLH)
O Monte Sinai ficava a 350 Km do Egito
O último versículo diz que ao verem o
maná, que era algo novo, jamais visto, os israelitas começaram a perguntar uns
aos outros “O que é isto?”, do som desta pergunta feita no hebraico
é que surgiu o nome “maná”, que significa “o que é isto?”.
O primeiro mês dos judeus é Nissan (Ex 12:2), e no 14º dia de Nissan (Abib) aconteceu a morte do cordeiro para a proteção dos primogênitos no Egito (Pessach). E o Maná caiu pela primeira vez no dia 15 de Lyar (Zive), 1 mês depois de sairem do Egito.
(Dt 11:7-8)
O som da palavra Maná (Man no hebraico) lembrava a frase: "O que é isso?" (Man hu no hebraico)
Placas de Mármore com os dez Mandamentos escritos pelos samaritanos, encontrada em 850 d.C em escavações em Israel
Varão de Arão, também guardada na arca da aliança. (Nm 17:1-13)
Assim que ficavam os objetos dentro da arca da aliança (Ex 34,1; Dt 10,1-5 e 1 Rs 8,9)
Contudo, além do significado literal da palavra, o maná tem uma mensagem
simbólica na Bíblia, e é isto que queremos explorar neste estudo.
A ARCA E O MANÁ
Hebreus 9.4 NHTL– “Ali estava colocado o altar de ouro onde era queimado o
incenso, e também estava colocada a arca da aliança, toda coberta de ouro.
Dentro da arca estava a vasilha de ouro com o maná, o bastão de Arão, do
qual tinham saído brotos, e as duas placas de pedra com os mandamentos escritos
nelas” - acerca da arca da aliança que
continha em seu interior um vaso com o maná, além das tábuas da lei e da vara
de Arão que floresceu (Nm 17:1-13). E o mesmo escritor afirma em sua
epístola que a lei tem a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das
coisas (Hb 10.1 - NVI) – “A Lei traz
apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a sua realidade. Por
isso ela nunca consegue mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano,
aperfeiçoar os que se aproximam para adorar”.
Na arca e nos elementos em seu interior não temos a imagem exata das
coisas, mas a sombra (ou figura) de bens futuros. Se observarmos estes objetos segundo o ensino do Novo
Testamento, temos que ir além da imagem exata (o que neles se vê literalmente) e compreender a sombra, ou seja, o
que eles tipificam: os bens futuros, da Nova Aliança, nele figurados.
Qual é a figura do maná?
Para entendermos claramente, compararemos dois textos bíblicos: um do
Velho Testamento apresentando a figura, e um do Novo
Testamento interpretando a figura.
“Assim, ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os
sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para
mostrar a vocês que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que
procede da boca do Senhor”.
(Deuteronômio 8.3 - NVI)
“Mas Jesus lhe
respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus”. (Mateus 4.4 - ARA)
Observe isto. Em Deuteronômio, vemos que as Escrituras dizem que o homem
não vive de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor. E segundo o texto, o
que saía da boca do Senhor? O maná. Agora veja, Jesus usa estas mesmas palavras
ao ser tentado pelo Diabo no deserto, E O INTERPRETA ao dizer:
Nem só de pão viverá o homem,
mas de toda Palavra que sai da boca de Deus.
Ele substitui a expressão “maná” por “Palavra
de Deus”, que era o significado desta figura, que não tinha a imagem exata,
mas era sombra de um bem vindouro.
O maná, portanto, é um tipo da Palavra de Deus: É o alimento que vem do céu para o
sustento do seu povo.
E qual é a figura da arca da aliança?
Ela representa a presença de Deus no meio dos homens. Veja os textos
bíblicos que autenticam esta afirmação:
“Sempre que a arca partia, Moisés dizia assim: “Ó Senhor Deus, levanta-te e espalha os
teus inimigos! E que fujam da tua frente os que te odeiam!” E, sempre que
a arca parava, Moisés dizia assim: “Ó Senhor Deus,
volta para ficar com os milhares de famílias do povo de Israel!
(Nm
10.35-36).
Quando a arca partia, Moisés dizia: “Levanta-te ó Deus…”, e
quando ela pousava, dizia: “Volta, ó Senhor…”, porque a arca representava
a presença de Deus que estava entre os querubins, como Ele mesmo dissera a
Moisés. Vemos também que em 1 Samuel 4.21-22, quando os filisteus tomaram a arca,
dizia-se em Israel: “Icabode ou Icabô – de Israel se foi a Glória!”
Se a arca representava a presença de Deus no meio dos homens, então ela
figura Jesus. No Novo Testamento, é Ele quem é chamado EMANUEL, que traduzido
é “Deus conosco” (Mt 1.23). E dele escreveu João, o apóstolo do
amor, dizendo:
“A Palavra se tornou um ser
humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação
da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai” ... “Ninguém
nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi
quem nos mostrou quem é Deus”. (João 1.14, 18 - NTLH)
A arca,
portanto, é figura de Cristo, a presença de Deus o meio dos homens.
O MANÁ ESCONDIDO
Uma vez compreendidas estas figuras, entenderemos melhor o que Paulo
disse aos Colossenses:
“Eu trabalho para que o coração deles se encha de coragem e
eles sejam unidos em amor e assim fiquem completamente enriquecidos com a
segurança que é dada pela verdadeira compreensão do segredo de Deus. Esse
segredo é Cristo, o qual é a chave que abre todos os tesouros escondidos
do conhecimento e da sabedoria que vêm de Deus.
(Cl 2:2-3 - NTLH).
Veja bem: assim como o maná encontrava-se escondido dentro da arca, da
mesma maneira, em Cristo, estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da
ciência.
A arca figura Cristo e o maná a Palavra de Deus. E o maná encontrava-se
ESCONDIDO dentro da arca, do mesmo modo que os tesouros da sabedoria e da
ciência – os mistérios do Reino, a Palavra de Deus – estão escondidos em Cristo.
É importante ressaltar a expressão “escondido”. O maná não estava apenas guardado na arca,
mas escondido. A arca não tinha janela nem vitrine; era um baú coberto pela
tampa do propiciatório sobre o qual estavam os querubins. O que se colocava
dentro dela não era visto por ninguém. Jesus mesmo autentica esta verdade ao
dizer à igreja de Pérgamo
“ao
que vencer lhe darei do maná ESCONDIDO…” (Ap 2:12-17)
Sabe o que isto significa?
Se alguém olhasse para a arca não veria o maná escondido, exceto se
fizesse um exame mais cuidadoso, abrindo a arca para examinar seu conteúdo.
Da mesma maneira, se você tiver um contato apenas superficial com Cristo
jamais descobrirá os tesouros da sabedoria e da ciência. Jamais poderá conhecer
os mistérios do Reino. Do mesmo modo como ao se examinar a arca de maneira
superficial não se encontrava o maná, assim também, um contato distante com
Cristo jamais lhe revelará os tesouros escondidos. E, infelizmente, esta é a
realidade da maioria dos cristãos que, servindo a Jesus por anos e anos, jamais
chegam a experimentar do maná escondido.
Talvez pensem que isto é só para ser desfrutado no céu, por causa da
promessa de Jesus à igreja de Pérgamo; mas o que de fato Jesus disse é que
quando os vencedores chegassem lá, continuariam a desfrutar do maná escondido,
pois é impossível chegar a desfrutar da totalidade destes tesouros em Cristo
ainda nesta vida. Eles são inesgotáveis. Mas isto não quer dizer que não se
encontrem à sua disposição desde já. Saia do seu comodismo e corra possuir o
que lhe pertence.
Há mistérios no Reino. Há verdades a serem compreendidas. Não são
verdades novas, são antigas; elas são uma novidade para estes dias apenas
porque estão sendo restauradas, restituídas por Deus já que a Igreja deixou-as
de lado.
Estes tesouros escondidos são os mesmos segredos de Deus pertencentes
aos que o temem, que Davi menciona no
Salmo
25.14 NVI – “O Senhor confia os seus segredos aos que o temem, e
os leva a conhecer a sua aliança”.
Cada vez que você pegar em sua Bíblia para ler, estudar e meditar,
lembre-se que há tesouros escondidos que jamais se tornarão conhecidos com um
mero exame superficial. Mas entenda que quando falo de buscar de maneira mais
profunda os tesouros, não estou me referindo meramente a estudo e pesquisa
(embora devamos praticar isto com a maior dedicação possível), falo de se
receber do céu, pelo Espírito Santo, as verdades de Deus, ou seja, experimentar
o conhecimento por revelação.
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