Autor: Habacuque
Data: 606 a.C (Bíblia em
ordem cronológica)
Escreveu para: Reino Sul (Judá)
Contemporâneos: Naum, Sofonias e
Jeremias.
“A
mensagem é esta: Os maus não terão segurança, mas as pessoas corretas viverão
por serem fiéis a Deus.” (Habacuque, 2:4)
1 – Introdução:
Habacuque
foi contemporâneo de Naum, Sofonias e de Jeremias durante os reinados de Josias
e de Jeoaquim.
Habacuque
viveu durante os últimos dias de Judá. O tempo é provavelmente pouco antes da
primeira deportação.
A
maior parte dos estudiosos situa o seu ministério antes de 605 a.C, quando a
Babilônia, sob o governo de Nabucodonosor, tornou-se uma potência mundial
(1.5). As palavras de Habacuque contra a Babilônia (2.6-20) deixam implícitas
que ela já havia se transformado em uma nação forte. O império Assírio havia
saído de cena, e a Babilônia (“os caldeus”) estavam no poder. Nabucodonosor
havia derrotado o Egito em 605 a.C. e estava prestes a atacar Judá. Jeremias
havia anunciado que a Babilônia invadiria Judá, destruiria Jerusalém e o templo,
e enviaria a nação para o exílio. Isso ocorreu em 606-586 a.C.
Enquanto os outros profetas falavam ao povo sobre aquilo que
Deus transmitia, Habacuque falava com Deus sobre o que acontecia com o povo.
O
livro começa com uma interrogação a Deus, mas termina como uma intercessão a
Deus. A preocupação é transformada em adoração. O medo se transforma em fé. O
terror torna-se confiança.
2 - Quem foi
Habacuque
Para
grande parte dos estudiosos, o nome “Habacuque” vem do verbo hebraico ḥāḇaq, que significa “dobrar as mãos ou
abraçar”. “Para Lutero o nome “Habacuque” significa “um abraçado”, ou ‘aquele
que abraça outro ou toma-o em seus braços”. Para Jerônimo, o tradutor da
Vulgata Latina, o nome “Habacuque” significa “abraço”, mas de luta. Seria assim
“porque ele lutou com Deus”. Mais recentemente, a palavra “Habacuque” foi
encontrada na literatura acádia em textos da Mesopotâmia, que indicam que era o
nome de uma planta de jardim. Assim, alguns estudiosos afirmam que o nome do
profeta mostra a influência da Assíria e da Babilônia sobre os israelitas. Além
disso, tem sido sugerido pela tradição rabínica que Habacuque era o filho da
mulher sunamita mencionado em 2 Reis 4, de quem Eliseu restaurou à vida. Tendo
em vista o nome de Habacuque, “abraçar”, e as palavras de Eliseu para a
sunamita, “Por este tempo, daqui a um ano, abraçarás um filho...” (2 Reis
4.16).
Por outro lado, acredita-se que Habacuque era um líder de adoração
no Templo (cantor puxador ou cantor-mor) – “O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e
me fará andar sobre as minhas alturas”. (Para o cantor-mor sobre os meus
instrumentos de corda - Hb. 3.19). Estes versos contem
notificações musicais, que leva-nos a crer que ele pertencia à família levita (os
levitas eram responsáveis pela liturgia do culto: músicos, cantores, porteiros,
etc.).
3 - Habacuque no Novo
Testamento
O apóstolo Paulo cita Habacuque 2:4 em duas ocasiões
diferentes (Romanos 1:17, Gálatas 3:11) para reiterar a doutrina da
justificação pela fé. A fé que é dom de Deus e disponível através de Cristo é
ao mesmo tempo uma fé que salva (Efésios 2:8-9) e sustenta por toda a vida. Alcançamos
a vida eterna pela fé e vivemos a vida cristã por essa mesma fé. Ao contrário
dos "orgulhosos" no início do verso, a sua alma não está reta dentro
dele e seus desejos não estão corretos. Entretanto, nós, os que somos feitos
justos pela fé em Cristo, somos assim declarados porque Ele trocou a Sua
justiça perfeita pelo nosso pecado (2 Coríntios 5:21) e tem nos capacitado a
viver pela fé.
4 – Contexto
Histórico
O
profeta Habacuque viveu numa época de crescente deterioração moral e espiritual
em Judá (o reino do sul). Ele sabia que o juízo de Deus se aproximava e viria
por meio da invasão babilônica, ocorrida em 586 a.C. Ele não se conformava com
a iniqüidade do seu povo nem com o avanço de Nabucodonosor.
É nesse contexto que aparece o famoso clamor de Habacuque: “Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2).
Lembrando-se dos atos admiráveis de Deus na história da nação, principalmente, quem sabe, do êxodo do povo de Israel do Egito, o profeta roga ao Senhor que faça novamente as mesmas obras realizadas no passado. É por essa razão que os cristãos hoje, costumam usar a oração de Habacuque para clamar a Deus por um avivamento na igreja.
É nesse contexto que aparece o famoso clamor de Habacuque: “Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2).
Lembrando-se dos atos admiráveis de Deus na história da nação, principalmente, quem sabe, do êxodo do povo de Israel do Egito, o profeta roga ao Senhor que faça novamente as mesmas obras realizadas no passado. É por essa razão que os cristãos hoje, costumam usar a oração de Habacuque para clamar a Deus por um avivamento na igreja.
O
clamor de Habacuque é definido e preciso quanto ao que pede e quanto à ocasião
para a qual pede: “Que o Senhor realize sua ação e a faça perceber no meio da
história, sem adiá-la para um futuro indeterminado” (paráfrase de Luís Alonso
Shökel).
Essa súplica, feita pessoal e comunitariamente, pode provocar saudáveis reviravoltas no povo de Deus, desde que saia mais do coração do que dos lábios.
Essa súplica, feita pessoal e comunitariamente, pode provocar saudáveis reviravoltas no povo de Deus, desde que saia mais do coração do que dos lábios.
O reino
do norte (Israel) foi derrubado pela Assíria em 722 a.C. e o crescimento do império
Caldeu (o segundo Império Babilônio) começa a surgir no horizonte. Nos dias de
Habacuque, os governantes do reino do sul (Judá) eram conhecidos por “fazerem o mal aos
olhos do Senhor”(veja II Reis 23:31-24:7). Eles rejeitaram Deus e oprimiram seu
próprio povo.
Como
agentes do julgamento nas mãos de Deus, os caldeus invadiram Judá em 605 a.C..
Nabucodonosor, rei da Babilônia, fez do rei Jeoaquim, de Judá, seu vassalo. Os babilônios
invadiram Judá duas vezes (605 a.C e 597 a.C.) antes de finalmente destruí-los
em 586 a.C. Era um período de medo, opressão, perseguição, sem lei e cheio de
imoralidade. Os capítulos 1 e 2 de Habacuque estão enraizados historicamente nos
eventos anteriores e posteriores à invasão de 605 a.C., sob o comando de Nabucodonosor.
5 – Estrutura do
Livro
O livro de Habacuque possui
apenas 3 capítulos e o texto traz, também, três grandes verdades para nós:
1. A sua história revela que lutar
com a dúvida pode ser parte constante da vida cristã;
2. Deus nos dá abertura para que
cheguemos a Ele e apresentemos as nossas dúvidas e questionamentos;
3. A história em si é um exemplo de
como os cristãos podem aprofundar a fé em momentos de dúvida.
O profeta Habacuque viveu, provavelmente, uns 600 anos antes de
Cristo, na terra de Judá. O pequeno livro dele relata uma discussão entre o
profeta e o próprio Deus. Habacuque pergunta e Deus responde. Habacuque se
sente alarmado pela resposta de Deus e faz uma segunda pergunta. Deus responde
de novo, e Habacuque aceita, humildemente, a réplica do Senhor, dando louvor a
ele num cântico de adoração. Habacuque faz a pergunta que nós gostaríamos de
fazer, e recebe a resposta com a atitude que devemos mostrar.
·
Habacuque: Até quando, Senhor? (1:1-4)
Habacuque começa seu livro com uma série de perguntas: "Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás?
Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás? Por que me mostras a iniqüidade e me
fazes ver a opressão?" (1:2-3). Habacuque viu a
violência de Jerusalém e a injustiça de seus líderes, e não entendeu a
tolerância do Senhor. Nós poderíamos fazer a mesma pergunta hoje, "porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida" (1:4).
O profeta pediu justiça. Ele queria livramento divino para proteger os
inocentes e castigar os malfeitores.
·
Deus: Trarei destruição (1:5-11)
Deus respondeu ao pedido de Habacuque, concordando plenamente com
sua queixa. O povo violento e injusto merecia o castigo, e Deus o traria logo.
Ele prometeu a justiça naquela geração. Mas, o instrumento da ira divina seria
o povo caldeu, ou seja, os babilônios. Deus descreveu este povo forte e cruel.
Disse que os caldeus faziam suas próprias leis (não respeitando a autoridade de
ninguém), destruindo seus inimigos e adorando seu próprio poder como se fosse
um deus.
·
Habacuque: Assim, não! (1:12-17)
Quando ele ouviu a resposta de Deus, Habacuque ficou apavorado.
Podemos entender a reação dele, pensando em nossa circunstância atual. Imagine
pedindo a justiça de Deus contra os malfeitores da sua cidade e ouvindo tal
resposta assustadora. Deus chamaria um povo cruel e forte para destruir a
cidade! Quando Habacuque pediu justiça, ele não imaginou medidas tão drásticas.
Ele questionou este plano de Deus, utilizando uma série de argumentos.
·
Habacuque: Esperando a resposta de Deus (2:1)
Depois de fazer suas perguntas, Habacuque mostrou uma atitude
admirável. Ele disse: "Por-me-ei na
minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que
Deus me dirá e que resposta eu teria à minha queixa." Habacuque
questionou porque ele não compreendia os planos de Deus, mas ele mostrou
reverência para com o Senhor. Ele não apontou o dedo de acusação para criticar
as decisões de Deus. Aqui, aprendemos uma lição valiosa. Podemos perguntar, mas
o homem jamais tem direito de contrariar a sabedoria de Deus. Habacuque não
entendia e, por esse motivo, perguntou. Mas, ele não demonstrou a arrogância de
algumas pessoas que se acham mais sábias que o próprio Deus. Ele não julgou a
decisão de Deus. Habacuque simplesmente aguardou a resposta.
·
Deus: Motivos para castigar os caldeus
(2:2-19)
Na primeira resposta, Deus prometeu trazer um povo cruel e violento
contra Judá. Mesmo assim, ele conheceu os pecados dos caldeus e traria castigo
sobre eles. Os motivos dados aqui servem de advertência para todas as nações,
inclusive as modernas. Deus preparou o castigo da Babilônia por estas razões:
1. Acumular bens de outros (2:6-8).
Pelas práticas desonestas e violentas, os caldeus acumularam bens que não
pertenciam a eles. Tanto nações como indivíduos devem adquirir os seus bens por
maneiras honestas. Deus castigará as pessoas e os povos que roubam e que não
pagam as suas dívidas.
2. Confiar nas fortalezas humanas (2:9-11). Os caldeus usaram a
riqueza conquistada em guerras para fortalecer sua própria nação. Colocaram seu
"ninho" em lugar alto, achando que nenhum inimigo teria condições de
invadi-lo. Até hoje, as nações se enganam da mesma maneira. Confiam nos seus
sistemas de defesa e na força militar enquanto esquecem-se do princípio
revelado por Deus há muitos séculos: "A
justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos" (Provérbios 14:34).
3. Edificar a cidade com sangue e iniqüidade (2:12-14).
Os babilônios, como muitos outros impérios, construíram com violência e
opressão. Deus nunca aprovou a maldade de homens que procuram levar vantagem
sobre outros. Os mais fortes devem proteger os mais fracos, ao invés de abusar
deles. Os mais ricos devem ajudar os mais pobres, e não explorá-los.
4. Envolver outros no pecado (2:15-17).
A Babilônia induziu outros países a participar de seus pecados. A imagem que o
profeta usa aqui é de uma tática bem conhecida. Quando as filhas de Ló queriam
induzir o pai a deitar com elas, deram-lhe vinho (Gênesis 19:30-38). Quando Davi queria convencer
Urias a voltar para a casa dele, ele lhe deu bebida forte (2 Samuel 11:13). Deus
prometer inverter a situação. Ele mesmo daria para Babilônia o cálice da ira Dele.
5.
Praticar idolatria. Nas sentenças contra povos na Bíblia, encontramos diversos
pecados que merecem a punição. Nenhum desses pecados é mais abominável ao
Senhor do que a idolatria. A idolatria envolve uma rejeição total e insensata
do Criador. Rejeição total porque o único verdadeiro Deus é substituído por um
ou mais falsos deuses. Deus, nesse segundo discurso a Habacuque, destaca a
insensatez da idolatria. Deus zomba dos ídolos e de seus seguidores, mostrando
que é absolutamente absurdo adorar uma imagem. Observe os argumentos Dele:
O ídolo é
uma obra de mãos humanas que se torna maior do que seu criador. O homem faz uma
imagem e confia nela!
O ídolo é
totalmente impotente. Não fala, não se mexe, não ensina e nem respira. Paulo
resumiu o argumento, alguns séculos depois, quando disse: "... sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há
senão um só Deus" (1
Coríntios 8:4).
Por todos
esses motivos, Deus pretendia castigar os caldeus. Eles serviriam primeiro, de
instrumento Dele para punir o povo de Judá. Mas, menos de 50 anos depois da
destruição de Jerusalém por mãos babilônicas, o império da Babilônia caiu.
Deus, na hora que Ele determinou, trouxe a justiça sobre esse povo ímpio.
·
Habacuque: O servo diante do Deus santo (2:20
- 3:19)
Em
contraste com os falsos deuses feitos por mãos humanas, "O Senhor, porém, está no seu santo templo;
cale-se diante dele toda a terra" (2:20).
Habacuque ouviu a segunda resposta de Deus é se sentiu "alarmado" (3:2).
Ele não questionou mais. O capítulo 3 é um cântico de louvor, no qual o profeta
reconhece a sabedoria, a justiça e o poder de Deus e se mostra absolutamente
submisso a ele.
Observe,
na sua leitura do capítulo, os seguintes pontos:
1. Habacuque
pede misericórdia (3:2). Ele sabe que Deus age em justiça, mas ele também
conta com a piedade do Senhor.
conta com a piedade do Senhor.
2. O profeta
louva a Deus, dando glória pelo poder e pela sabedoria Dele.
3. Ele
destaca o poder divino, reconhecendo que Deus usa Sua grande força para aplicar
justiça.
4. Habacuque
vê Deus como muito maior do que o universo e, obviamente, muito superior aos
inimigos humanos que ameaçam os justos.
5. O profeta
se sente fraco, suportando a grandeza da revelação com grande
dificuldade.
6. Habacuque
deposita sua plena confiança no Senhor, dizendo que continuará louvando a Ele,
mesmo se não sobrar nada para sua alimentação.
6 - Conclusão:
A mensagem consoladora (3:18-19)
Habacuque começou o livro tentando entender o que Deus faz, e o
terminou sem compreender, totalmente, a justiça e a sabedoria de Deus. Mas, ele
aprendeu o mais importante, a mensagem que nos sustenta no meio de
angústias: Não precisamos compreender tudo que Deus faz, mas precisamos
saber que é Deus que faz!
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