Eu aprendi a ler com 6 anos.
Naquela época não existia a facilidade que temos hoje de comprar livros, pegar emprestado ou baixar da internet.
A minha alegria era tanta que lia até bula de remédio, só pra praticar.
Com meu aniversário chegando, lembro que meu pai perguntou o que eu queria de presente, e adivinha qual foi o meu pedido?!
Acertou quem respondeu uma Bíblia.
Lembro-me até hoje do seu formato.
Era pequena, marrom, com índice nas páginas, capa de couro, zíper e na tradução Ferreira de Almeida na versao Revista e Corrigida.
Que alegria que eu senti ao abrir o presente. Li inteira em 3 meses.
Estranho pra você? Ah, pra mim foi um deleite...
As palavras que não entendia perguntava pro meu pai, e me lembro que a tia Edma era sempre solicitada também.
Ah, que tempo bom.
Eu chegava da escola e logo pegava meu presente. Imaginava cada cenário, personagem, chegava a me inserir na história e me imaginar lá dentro daquelas páginas.
Minha criatividade foi gerada ali.
De lá pra cá eu sempre amei ler as Escrituras.
Quem convive comigo sabe de minhas manias e conhece minha coleção.
Acho que nem eu sei a quantidade de Bíblias que possuo, rs.
No entanto vivi um tempo que abandonei sua leitura por achar que Deus era injusto comigo.
Ficava me perguntando se havia sido enganada por aquele livro. Se de fato ela era a Palavra de Deus...
Os motivos, não vem ao caso, mas a experiência, compartilho com vocês:
Quatro anos sem olhar, pegar, ler ou me interessar por aquela que havia sido minha companheira de infância e adolescência.
Fiquei vazia, frustrada, desesperada da vida e de Deus.
Até que um dia ela chamou a minha atenção.
Lembro o exato momento que voltei tocar em suas páginas.
Eu já era mãe. A Ester estava dormindo, o Marinho trabalhando e a noite parecia calma e refrescante.
Era o início do outono.
Fui pra cozinha com minha amiga, abri suas páginas e me debulhei em lágrimas.
Que saudade daquela sensação. Que alegria em poder senti-la, que paz trazia sua leitura.
Foi sobrenatural.
Inexplicável.
Daria um livro.
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