sexta-feira, 15 de março de 2019

Aula 04 - Desvendando o Apocalipse: "As Sete Igrejas da Ásia" (Parte I)


“...Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida... de maneira alguma sofrerá a punição da segunda morte, e proporcionarei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedra branca, e sobre essa pedra estará grafado um nome nome, o qual ninguém conhece, a não ser aquele que o recebe.”
(Ap 2:7, 11e17 - KJA)

Introdução

Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse revelam o conteúdo das cartas que o próprio Jesus ditou ao apóstolo João para serem enviadas às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.
Essas sete igrejas representam os períodos pelos quais a Igreja de Deus passou. Nas cartas, encontramos o retrato da relação de Cristo com as diferentes fases da Igreja ao longo da era Cristã.

1ª Igreja - Éfeso

Éfeso era uma importante cidade na província romana da Ásia. O que fazia da cidade uma atração mundial era o famoso templo de Diana, a denominada “deusa da fertilidade” dos efésios, conhecida hoje como Templo de Ártemis. A maioria das pessoas que viviam na cidade adorava deuses pagãos. Paulo fundou esta igreja e João viveu ali algum tempo. A carta de Cristo dirigida à igreja de Éfeso representa a mensagem que Ele tinha para o primeiro período da igreja cristã.
O período relacionado à igreja de Éfeso vai do ano 31 d.C. ao ano 100 d.C. A palavra Éfeso significa “desejável”. Essa palavra descreve o caráter e as condições espirituais da igreja cristã em sua primeira etapa.

Ap 2:1 “Ao anjo da igreja de Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na mão direita as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:”

Anjos = mensageiros
Sete estrelas = anjos (mensageiros ou emissários) das sete igrejas
Sete candeeiros = sete igrejas
Jesus faz menção sobre Ele mesmo ser o autor das mensagens o apóstolo João escreveu.

Ap 2:2 “Conheço as tuas obras e o teu trabalho e a tua perseverança, e que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são e os achastes mentirosos.”

Elogio de Jesus aos Seus seguidores; um incentivo para se apegarem às boas obras e renunciarem as más. Nada passa despercebida por Ele.

Ap 2:3 “Tens perseverança e por causa do Meu nome sofreste e não desfaleceste.”

A igreja apostólica foi muito perseguida pelos judeus e pelos romanos. Nero incendiou Roma em 19 de julho de 64. Os historiadores falam com indignação da crueldade de Nero para com os cristãos incessantemente perseguidos. A perseguição implacável durou quatro anos, até a morte de Nero.
Embora perseguidos, os cristãos eram pacientes e conformados, pois sabiam em Quem criam. Outro elogio de Jesus diz respeito ao trabalho missionário desta igreja, que foi o mais grandioso de toda a história da Igreja. Os apóstolos percorreram os quatro cantos do mundo pregando o evangelho.

Ap 2:4 “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.”

Jesus, em seu amor, repreende Seu povo sempre que necessário. A gloriosa igreja que em apenas 30 anos evangelizou o mundo é, por fim, acusada da perda do primeiro amor. Não é o caso que a igreja não amasse mais a Deus, a Jesus e Sua verdade. Mas já não era como no princípio de sua fundação.
A discussão de assuntos sobre doutrinas sem importância ocupou o tempo que devia ser usado para pregar o evangelho. Foi nessa hora crítica da Igreja que João foi isolado na ilha de Patmos. Quase todos os outros apóstolos já estavam mortos.

Ap 2:5 “Lembra-te de onde caíste! Arrepende-te e pratica as primeiras obras. Se não te arrependeres, brevemente virei a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.”
Se a Igreja não voltasse às primeiras obras, o candeeiro seria retirado. Isso significava que Jesus privaria a Igreja da luz e das bênçãos do evangelho, para confiá-las a outras mãos.

Ap 2:6 “Tens, porém, a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, as quais Eu também odeio.”
Os nicolaitas faziam parte de uma seita fundada por Nicolau, da Antioquia. Diziam-se cristãos, mas consideravam normal o adultério e outras práticas odiadas por Deus. Eles achavam que a fé em Jesus os liberava da obediência aos Dez Mandamentos.

Ap 2:7 “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe–ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.”
A promessa ao vencedor é bem clara: o direito de comer “da árvore da vida”. Benefício que nem Adão e Eva tiveram no jardim do Éden. Deus o guarda somente àqueles que vencerem o mal nesta vida, permanecendo fiel a Ele.
Era uma igreja doutrinariamente sólida e ativa, ainda que seu amor tivesse ficado frio. É perigoso permitir que nosso serviço a Deus se torne mecânico e ritual; o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas. Quando uma igreja deixa de amar a Deus ela prejudica sua relação com Ele.

2ª Igreja - Esmirna

Esmirna é uma das cidades mais antigas do mundo. Atualmente é chamada Izmir, e é a terceira maior cidade da Turquia. Fica ao norte de Éfeso, numa linha da baía do Mar Egeu, Grécia. O Período relacionado à igreja de Esmirna vai do ano 100 d.C ao ano 313 d.C.
A palavra esmirna significa “mirra”, “perfume” ou “cheiro suave”. Compreendemos que a igreja, no segundo período de sua história, seria esmagada por perseguições de seus adversários; porém, na opressão, liberaria o suave perfume da fidelidade e do amor a Jesus.

Ap 2:8 “Ao anjo da igreja de Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, o que foi morto e reviveu.”
Jesus faz menção sobre Ele mesmo como sendo o autor das mensagens que Seu apóstolo João escreveu.

Ap 2:9 “Conheço a tua tribulação e a tua pobreza, mas tu és rico, e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são sinagoga de Satanás.”
A pobreza que enriquece – Jesus diz à igreja que sabia de sua pobreza material, mas que ela era rica, pois tinha muita fé.

Falsos judeus – A acusação de Cristo de que na igreja de Esmirna havia falsos judeus, equivale a dizer que havia nela falsos cristãos. Afirmou Jesus que esses pertenciam à “sinagoga de Satanás”.

Ap 2:10 “Não temas as coisas que estás para sofrer. Escutai: o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais provados, e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, a dar-te-ei a coroa da vida.”
Sabemos que nas profecias das Sagradas Escrituras um dia equivale a um ano. Em vez de dias literais, temos aqui dez anos proféticos de perseguição contra a igreja do período de Esmirna. Essa perseguição sem trégua durou dez anos (de 303 a 313), durante o governo do imperador Diocleciano. Foi a maior perseguição que a igreja cristã recebeu durante o domínio da Roma pagã, o Imperador não queria apenas matar todos os cristãos, mas acabar com o Cristianismo na face da Terra.

Ap 2:11 “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte.”
Pela primeira vez no Apocalipse é feita menção à segunda morte. Só o cristão vencedor não passará pela experiência da segunda morte. Mas o que é a segunda morte? É a condenação eterna, já que a primeira morte é física, e todos ressuscitarão para um julgamento, a segunda será eterna.
Esses irmãos estavam sofrendo perseguição e dificuldades econômicas, mas Deus estava orgulhoso deles. O mito que a fidelidade a Deus sempre traz prosperidade e termina o sofrimento é falso.

3ª Igreja - Pérgamo

Pérgamo era uma cidade universitária, famosa pelos seus mestres na arte de curar. Tinha uma biblioteca com 200 mil rolos. Esses rolos eram feitos de pelica, uma forma refinada de couro. Pérgamo é uma modificação da palavra "pelica". O rei de Pérgamo recebia o título de “Pontífice Máximo”, que significa o "edificador da grande ponte".
Nisto vemos uma semelhança com a torre de Babel, cujo propósito era alcançar o céu por esforços humanos. Quando o rei de Pérgamo entregou seu reino aos romanos, todo esse culto foi transferido para Roma. E o título “Pontífice Máximo” foi absorvido pelo cristianismo romano. Pérgamo tornou-se, assim, um elo entre a antiga Babilônia e a moderna Roma.
O período relacionado à igreja de Pérgamo foi de 313 d.C a 538 d.C. A palavra Pérgamo significa “exaltação”, “elevação”, porque a própria cidade estava edificada mil pés acima do nível do mar. Esse significado descreve o caráter e a vida espiritual da igreja em seu novo período.

Ap 2:12 “Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes.”
Jesus Se apresenta à igreja deste período com uma espada de dois gumes. Espada é a “palavra de Deus que penetra até a medula”, diz Paulo, “que interpreta os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12). A palavra de Deus tem duas funções, trazer bênção e maldição, recompensa e juízo.
Ap 2:13 “Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás. Contudo, reténs o Meu nome, e não negaste a Minha fé, mesmo nos dias de Antipas, Minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.”
Esta carta é uma veemente denúncia. Jesus sabia que a igreja estava se aliando ao mundanismo, dando início à apostasia. Deste período da igreja de Pérgamo, de 313 a 538, de Constantino a Justiniano, a igreja foi considerada Igreja Imperial, ou seja, lugar de autoridade política. Foi quando doutrinas e normas foram implantadas mudando a essência do evangelho de Cristo.

Ap 2:14 “Todavia, tenho algumas coisas contra ti; Tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, levando-os a comer das coisas sacrificadas aos ídolos, e praticar a prostituição.”
A doutrina de Balaão pode ser resumida como idolatria pagã. Como o paganismo não podia vencer a igreja, então fez amizade com ela. Assim, paulatinamente, as práticas e cerimônias pagãs foram sendo introduzidas aos poucos no cristianismo, para amenizar as perseguições. Dessa forma, o cristianismo passou a freqüentar as cortes e palácios dos imperadores, trocando a simplicidade de Cristo e de Seus apóstolos pela pompa e orgulho dos sacerdotes; em lugar dos mandamentos de Deus, entraram teorias e tradições humanas.
Assim como fez com Balaão, Satanás corrompeu a igreja por meio de uma aliança com o mundo. Na pessoa de Constantino, a igreja subiu ao trono dos Césares e reinou como uma rainha. Houve uma mútua transigência e tolerância entre o cristianismo e o paganismo. Por causa da influência pagã, o cristianismo mudou tanto que se tornou um "paganismo batizado".

Ap 2:15 “Assim tens também alguns que seguem a doutrina dos nicolaítas.

Ap 2:16 “Arrepende-te, pois! Se não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da Minha boca.”

A igreja foi chamada ao arrependimento, ao abandono das doutrinas pagãs – ou seja, a idolatria e a prostituição da verdade.

Ap 2:17 “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.”
Quando qualquer pessoa entre os gregos era acusada de crimes contra o Estado e era julgada pelos cidadãos, eles votavam por absolvição com uma pedra branca; e por condenação, com uma pedra preta. Por isso, Cristo, o único juiz do Seu povo, ao prometer dar aos vencedores uma pedra branca, está lhes dando a certeza da absolvição.
Esse grupo permanecia fiel mesmo quando um membro foi martirizado, mas tinha um grande problema: tolerava o ensino de falsas doutrinas que encorajavam idolatria e imoralidade. O Senhor ameaçou fazer guerra contra ele.

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