1 – Introdução
O dicionário define festa como “reunião de pessoas com fins
recreativos, geralmente acompanhada de música, dança, bebidas e comidas.” Para
que haja uma festa, é preciso: um motivo, um grupo de pessoas e algum tipo de
cerimonial.
Na Bíblia, em Israel, o significado de Festa era basicamente de
cunho espiritual, e não somente para entretenimento e diversão. O termo
hebraico “Chag” (Festa) significa: “ato de chamar ou reunir por convocação para
uma Solenidade, Festival, Honra, Regozijo”.
Deus instituiu as Festas no meio do seu povo como um tipo de
mensagem insculpida no tempo. Nem todos teriam acesso às Escrituras, mas uma
data comemorativa chegaria para todos indiscriminadamente, e seu significado
seria conhecido, tornando-se uma espécie de “monumento no tempo” ou “Santuários
de tempos”.
As sete Festas anuais do povo de Israel eram: Páscoa (Lv 23:5), Pães Asmos (Lv 23:6), Primícias (Lv 23:10),
Pentecostes (Lv 23:15-16), Trombetas (Lv 23:24), Expiação (Lv 23:27) e Tabernáculos (Lv 23:34).
Cada Festa
instituída possuía um significado especial, e tinha o propósito de marcar e
celebrar um acontecimento histórico do povo de Israel. Mas além deste
significado, cada Festa apontava também para algo que aconteceria no futuro,
como um sinal profético do que haveria de vir.
Estas sete
Festas anuais aconteciam em três épocas diferentes: três na Primavera, uma no
início do verão e as outras três no outono.
ÉPOCA
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FESTA
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SIGNIFICADO
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SIMBOLIZAVA
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Primavera
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Páscoa
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Redenção
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Crucificação de Cristo
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Pães Asmos
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Pureza
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Sepultamento de Cristo
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Primícias
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Consagração
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Ressurreição de Cristo
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Verão
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Pentecostes
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Comunhão
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Descida
do Espírito Santo
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Outono
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Trombetas
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Anunciação
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Grande
Tribulação (Ap 6)
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Expiação
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Arrependimento
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Juízo
de Deus (Ap 9 – 18)
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Tabernáculo
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Celebração
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Volta
do Messias (Ap 19 – 22)
|
Vamos
agora analisar cada uma das Festas da tabela anterior em detalhes e seu
significado profético.
2 –
Páscoa
A Páscoa
é uma Festa que lembra a libertação do povo Judeu da escravidão do Egito, para
nós Cristãos, nos lembra de nossa libertação da escravidão do pecado através de
Cristo. Jesus é o Cordeiro Pascal definitivo e provido por Deus para a salvação
dos homens, conforme profetizado durante todo o Antigo Testamento, desde a
queda do homem.
O
cordeiro tinha de ser sacrificado no crepúsculo ou no início do entardecer, o
horário das 3 da tarde (a hora nona) era a divisão entre a Oblação (oferta)
menor e a Oblação (oferta) maior. Jesus foi crucificado às 9 da manhã do
dia 14 de Nisan e morreu (expirou) às 3 da tarde (Marcos 15.25), sendo sepultado as 6 da tarde daquele mesmo dia.
Na pessoa
de Cristo, essa Festa teve seu cumprimento máximo, na Cruz, onde foi cravada a
cédula de nossa dívida com Deus (Colossenses 2.14).
3 -
Pães Asmos
A Páscoa
é seguida de uma semana de Festa dos Pães Asmos (não levedados). No Antigo
Testamento, fermento poderia ser leite; ovo ou qualquer outro ingrediente que,
ao ser adicionado na massa, poderia causar a fermentação. Normalmente o
fermento é a “levedura”, e a massa se leveda quando é adicionada outra massa
contaminada, nessa massa fresca e pura (Gálatas 5.9). O
termo fermento ou levedo, no seu sentido mais amplo, é qualquer coisa que pode
causar uma mudança numa massa maior. Referente às escrituras, é qualquer coisa
que corrompe um ingrediente quando é adicionado.
E no caso
de Cristo, o que isso representa? Vejamos:
- Ele
é o pão da vida.
- Ele
não teve fermento.
- Ele foi açoitado,
dilacerado, traspassado e moído por nós. Curiosamente o Matzo (pão sem
fermento) é cheio de sulcos na aparência, o Matzo é perfurado para que o
calor do forno possa passar por todo seu interior e o Matzo é feito de
semente esmagada.
Em Cristo
a Festa dos Pães Asmos foi cumprida, pois ele é o Pão da Vida sem fermento, do
qual devemos nos alimentar continuamente para termos vida e vida em abundância.
4 -
Primeiros Frutos (Primícias)
Durante o
ano existiam alguns sábados (“Shabat“) extras conhecidos como “Shabaton”
ou como “O Grande Shabat“. Esses sete “Shabaton” extras
caíam em dias especiais do calendário e não exatamente nas noites de
sextas-feiras. O primeiro Shabaton do ano é no dia 15 de
Nisan. No ano em que Jesus morreu, o dia 15 de Nisan caiu numa quinta à noite e
na sexta de dia. Portanto, houve dois Shabats, um logo após o
outro, ou seja, um Grande Shabat para a Páscoa, no dia 15 de
Nisan, e o outro no dia 16 de Nisan que foi um Shabat normal
celebrado na sexta a noite e no sábado durante o dia. Isso só pode ser
encontrado no Novo Testamento somente se for lido no grego em Mateus 28.1 onde a palavra traduzida para Shabat é, na
verdade, Shabaton e indo até Marcos 15.42 encontramos o texto dizendo claramente que “e portanto era o Dia da
Preparação, isto é a véspera do sábado (Shabat), …”, veja também Mateus 26.62 e João 19.31. O “Dia
da Preparação” refere-se a qualquer dia da semana, em qualquer data, antes de
um Shabat.
A Festa
dos Primeiros Frutos ou das Primícias teve seu cumprimento em Cristo através
de sua ressurreição nesse dia, sendo assim Ele é o primogênito entre os
mortos (Colossenses 1.18)
para a vida eterna, Ele foi feito a primícia dos que dormem (1 Corintios 15.20). As
manifestações descritas em Mateus 27.52-53 foram as Primícias de Cristo oferecidas a Deus Pai, aqueles santos que
ressuscitaram foram os primeiros de uma imensa colheita que está para
acontecer. A Festa das Primícias é a terceira e última Festa que Jesus cumpriu
pessoalmente na Terra. Jesus estava presente fisicamente na Páscoa, nos Pães
Asmos e nas Primícias. Ele subiu (ascendeu) ao céu depois de 40 dias, 10 dias
antes do Pentecostes. Ele ainda virá fisicamente cumprir mais três Festas.
5 –
Pentecostes
Depois
das Primícias conta-se o Omer (feixe), a contagem dos 50 dias
é chamada de “contando o Omer“, contando os feixes. A nação de
Israel ressuscitou quando saiu das águas do Mar Vermelho e 50 dias depois Deus
deu a eles a Lei, a Torah. Jesus ressuscitou e 50 dias depois Deus nos concedeu
o Ruach Ha’Kodesh (o Espírito Santo). Ambos os casos citados
tem o mesmo propósito (João 16.13 e Gálatas
5.22-23).
A Festa
hebraica é chamada Festa do Shavuot. Shavuot significa
“semanas” e se refere as semanas que estão entre as Festas das Primícias e do
Pentecostes. Nas Primícias, um feixe de “grãos ázimos” era movido perante Deus,
exatamente como Jesus, sem pecados, foi movido (levantado) diante do Pai.
No Shavuot, dois pães levedados (porosos) eram levantados diante de
Deus. Já que os dois pães contem levedura (fermento), o que eles representam?
Os dois pães são as duas partes da Igreja, a judia e a gentia, mas ambas contem
pecado. O término dessa quarta Festa traz o encerramento das Festas das
primeiras chuvas, as chuvas temporãs. Jesus falou sobre o Pentecostes em vários
momentos, inclusive no dia de sua ascenção (Atos 1.4-9).
Podemos
resumir as 4 primeiras Festas da seguinte forma:
Páscoa:
Convocação pela morte do Messias.
Pães
Asmos: Convocação pelo sepultamento do Messias.
Primeiros
Frutos (Primícias): Convocação pela ressurreição do Messias.
Pentecostes:
Convocação pela nomeação e delegação de poder ao povo dado pelo Messias.
Vamos
observar agora as 3 Festas seguintes, relacionadas as últimas chuvas, a chuva
serôdia, que estão para se cumprir. Como vimos nas 4 primeiras, Deus zela pelo
cumprimento das Festas de acordo com seus significados e podemos esperar fatos
relevantes também para as Festas de outono.
6 –
Trombetas
O dia 1
de Tishrei inicia a Festa das Trombetas ou Yom Teruah (O Dia
do Estrondoso Despertar) ou ainda o Rosh Ha’Shanah (Cabeça do
Ano, o dia do Som do Shofar). Essa é a única Festa que começa com a
Lua Nova. O Shofar tinha suma importância na celebração do Ano
do Jubileu. Como todos os meses do calendário, o primeiro dia de Tishrei começa
com o brilho de uma lua nova. Os vigias no oriente de Israel ficavam observando
até que surgisse o primeiro raio ou sinal da lua nova e esse sinal era
transmitido rapidamente de vigia em vigia até chegar no Templo. O sacerdote
ficava em pé no parapeito a sudeste do Templo e soava o Shofar para
que fosse ouvido em todo vale ao redor. Assim que o sacerdote soava o Shofar,
os tementes a Deus, verdadeiros servos, interrompiam imediatamente a colheita,
mesmo que ficasse ainda mais para ser colhido, deixavam tudo lá mesmo, no
campo. Era época de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo, para
adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas.
Jesus
usou essa ilustração para descrever a sua Segunda Vinda. Paulo associa
claramente o “soar das trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1 Tessalonicenses 4.16-17 e 1
Coríntios 15.51-52). Isaías associou o uso do Shofar com
a vinda do Messias (Isaías
51.9 e 60.1). Paulo
associou o despertamento estrondoso com o Shofar e com o
arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios 5.14-17.
O Rosh
Ha’Shanah é também chamado de Yom Ha’Din, o Dia do Juízo,
uma época em que as cortes celestiais se reúnem e fazem uma análise completa da
vida de cada pessoa. Os 30 dias de Elul, antes do primeiro dia de Tishrei é,
então, tempo de se voltar para Deus e os 10 dias que precedem ao Yom
Kippur (Dia do Temor, Expiação), são chamados de Dias de Temor ou “Os
Dias Terríveis”. Exatamente como o Judeu faz anualmente, vemos que precede o
encerramento do Rosh Ha’Shanah e que inaugura o “Dia do
Senhor” (Sofonias 2.1-3).
7 - Expiação
A palavra
expiação, kippur, literalmente significa “cobertura do pecado”. A
oferta pelos pecados oferece o perdão de Deus ao ofensor, uma expiação pelo
pecado. O Yom Kippur ocorre no dia 10 de Tishrei e é o dia de
adoração mais solene e mais sagrado no Judaísmo. Ele é chamado de “O Sabbath
dos Sabbaths”. Esse é o dia em que todo Israel chora por seus pecados. Esse é o
único dia do ano em que o sumo-sacerdote entra no santíssimo lugar ou “santo
dos santos”, o lugar mais sagrado.
Deus
revelou Sua intenção de que o Yom Kippur deveria ensinar o perdão de todas as
dívidas; a libertação daqueles que estavam em algum tipo de servidão e o
retorno das possessões. Quando Ele instituiu o Ano do Jubileu, a cada 50 Yom
Kippur teria que ser um jubileu mesmo, ou seja, um júbilo.
O Yom
Kippur, ou Dia da Expiação, vem da palavra Kaphar que quer
dizer “cobrir”. Jesus é a nossa propiciação ou cobertura, Ele é a nossa
expiação que apaga completamente os nossos pecados.
8 - Tabernáculos
A Festa
dos Tabernáculos ou Sukkot é também chamada de “Festa das
Tendas” ou “Festa das Cabanas” (Sukkahs). A Festa do Senhor e a Festa do
Recolhimento da Colheita. Essa é a terceira das Festas da colheita, uma grande
temporada de júbilo e alegria. Começa 5 dias após o Yom Kippur, no
dia 15 de Tishrei, na lua cheia e dura 7 dias. A Festa comemora a provisão e o
abrigo de Deus durante o êxodo e ilustra Sua habitação no mundo porvir, a Nova Jerusalém. A Festa dos
Tabernáculos continuará a ser celebrada durante o reino milenial de Cristo (Zacarias 14.16-19).
O sétimo
dia da Festa dos Tabernáculos foi chamado de Hosha’Na Rabba, que
significa o Dia da Grande Hosana. Assim como todos os dias os sacerdotes
derramavam água no Templo durante a Festa dos Tabernáculos, Jesus também se
colocou no monte do Templo e declarou ser a verdadeira Água da Vida, a Vida no
Espírito, estava sendo derramada de dentro Dele mesmo. Durante a Festa dos
Tabernáculos, o Monte do Templo ficava impressionantemente iluminado com muitas
tochas e lanternas. No Templo completamente iluminado Jesus declarou ser Ele
mesmo a verdadeira Luz. Essas tradicionais alusões à água e à luz, como aqui
mencionados, lembram parte do descritivo da Nova Jerusalém que desce do céu,
conforme está escrito no livro de Apocalipse 21.9-27.
Jesus em
pessoa é o nosso Sukkot, nosso verdadeiro tabernáculo que habitará
perpetuamente entre os homens.
9 - Conclusão
Os livros da bíblia se completam. Nada pode
ser lido de forma isolada e nem descontextualizado.
Deus instituiu as Festas Judaicas como marcos
da história a fim de revelar-nos seus propósitos futuros.
Entender o significado das festas é entender
o propósito de Deus para o homem.
Sigamos firmes no propósito de se preparar
para o que há de vir, seja arrebatamento ou Grande Tribulação.
“Sê fiel até a morte, e Eu te darei a coroa da vida” (Ap 2:10 c)