O Filho do Homem é o
agricultor que planta as boas sementes.
O campo é o mundo, e as boas sementes são o povo do reino. O joio são as pessoas
que pertencem ao maligno, e o inimigo que plantou o joio no meio do trigo é o
diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos”.
(Mt 13:37-39)
1 – Introdução
O paralelo entre Deus e o Diabo é
um assunto comum em Apocalipse, e a partir do capitulo 12, segue mostrando cada
lado dos acontecimentos da sequência mostrada até o capitulo 12.
Vale lembrar que o livro de
Apocalipse é repleto de simbologia que só é entendida mediante a própria
bíblia, ressaltando que nessa época, havia somente o Antigo Testamento e que
este livro foi escrito na finalidade de revelar os mistérios de Deus às sete
igrejas da Ásia.
No capítulo 13, João relata a
imagem da besta que surge da terra e sua influência na terra (13:11-18), agora teremos um paralelo
com o Cordeiro de Deus e a multidão dos 144 mil no monte Sião (14:1-5) - número da plenitude de
Israel dos que foram selados e que agora se encontram, na Presença de Deus, simbolizado pelo Monte
Sião. (Is 49:3;
61:3; 66:5-18; Ez 20:41; 36:23; 39:27; At 1:6-7; 321; 2 Ts 1:10)
Ap 14:1 – “Então vi o Cordeiro em pé no monte Sião, e com ele estavam os 144 mil
que tinham o nome dele e o nome de seu Pai escritos na testa”.
O monte Sião é um sinônimo para a Jerusalém,
colocando em evidência o local onde o templo foi construído. No entanto, se
tratando de uma visão, esse monte está falando da Jerusalém celestial (Hb 12.22). Os cento e quarenta e quatro mil trazem na
fronte escritos o nome de Deus, no lugar do nome da besta (Ap 13.17). Em Apocalipse 7.2-4, a proteção para esse
grupo é citada como um selo na fronte deles. O objetivo é que seja um contraste
à marca da besta (Ap 13.16,17).
Nesse contexto, os 144 mil aparecem como a última geração dos
verdadeiros adoradores de Deus (verso 7), que “guardam os mandamentos de Deus e
a fé de Jesus” (verso 12), em contraste com aqueles que adoram “a besta e a sua
imagem” e recebem “a sua marca na fronte ou sobre a mão” (versos 9-11).
O fato de Apocalipse 7:1-8 mencionar o mesmo grupo de 144 mil
como sendo formado “de todas as tribos dos filhos de Israel” (verso 4) tem
levado alguns comentaristas a sugerir que esse grupo será formado por judeus
literais, em cumprimento a certas promessas do Antigo Testamento para com a
nação de Israel. Essa interpretação carece, no entanto, de base bíblica e de
fundamentação histórica, pois (1) as tribos mencionadas em Apocalipse 7:1-8 não
são exatamente as mesmas que aparecem na promessa de Ezequiel 48:1-8, 23-29
(ver também Gn 49:1-28); (2) seria praticamente impossível reunir ainda hoje
“doze mil pessoas de cada tribo de Israel, uma vez que tais distinções
tribais desapareceram quase que em sua totalidade, devido à deportação
compulsória e miscigenação das tribos do norte (ver II Rs 17); e (3) no Novo
Testamento a salvação “em Cristo” desfaz toda e qualquer distinção étnica (ver
Gl 3:26-29). Diante disso, somos levados à conclusão de que os 144 mil serão
formados pela última geração do povo remanescente de Deus, também chamado de
Israel espiritual (ver Rm 9:6-8; I Pe 2:9 e 10).
Ap
14:2-3 – “E ouvi um som que vinha do céu, como o
som de fortes ondas do mar, como o som de um poderoso trovão. Era como o som de
muitos harpistas tocando juntos. Esse grande coral cantava um cântico novo
diante do trono de Deus e diante dos quatro seres vivos e dos 24 anciãos.
Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os 144 mil que haviam sido
comprados da terra”.
O cântico novo provavelmente é aquele cantado
diante do trono de Deus, em Ap 5.9,10.
Aparentemente somente aqueles que já estavam com Cristo poderiam aprender o
cântico, já que era um cântico de vitória, e para isso, era preciso já ter
vencido por completo a grande tribulação.
Ap 14:4-5 – “Eles se conservaram
puros, sem manter relações com mulheres, e seguem o Cordeiro por onde
quer que ele vá. Foram comprados dentre os habitantes da terra como oferta
especial a Deus e ao Cordeiro. Não mentiram; foram irrepreensíveis”.
Virgindade na
bíblia simboliza a pureza espiritual (2 Co 11.2). Mostra
que estes redimidos não se comprometeram com o mal; rejeitaram a falsa doutrina
e se recusaram a adorar a besta, por isso foram mortos. No Novo Testamento, as
primícias são a primeira parte de uma safra, indicando uma colheita muito maior
a ser feita posteriormente (1 Co 16.15). Claramente
mostrando que o arrebatamento ainda não havia acontecido, mas aqueles que
venceram já haviam vencido e aguardavam o seu galardão.
Ap 14:6-7 - “Vi outro anjo que voava no ponto mais
alto do céu, levando as boas-novas eternas para anunciá-las aos habitantes da
terra, a toda nação, tribo, língua e povo.“Temam a Deus!” dizia em alta voz.
“Dêem glória a ele, pois chegou o tempo em que ele julgará a humanidade. Adorem
aquele que fez os céus, a terra, o mar e todas as fontes de água.”
Antes do fim, o
Evangelho deve ser pregado a todas as nações: não quer dizer que todas as nações
se converterão, mas todas terão a oportunidade de decidir se serão a favor ou
contra Cristo. Para isto, Deus enviará mensageiros com três importantes
mensagens finais ao mundo.
O primeiro anjo trará mensagem de boas-novas.
É chamado de “boas-novas eternas” porque não muda. É o mesmo evangelho da graça
de Deus que foi pregado a Adão (Gn 3:15), ao
povo de Israel (Hb 4:1, 2), aos gentios (Rm 1:16) e que deve ser proclamado em todo o mundo (Mt 24:14). Isto significa que tanto no Antigo quanto
no Novo Testamento, o método de salvação é o mesmo, a salvação
pela graça, mediante a fé em Jesus (Ef 2:8)
Serão anjos que farão estas
proclamações? A palavra de Deus diz em 1 Pe 1:12 – “Quando os profetas falaram a respeito das verdades que vocês têm
ouvido agora, Deus revelou a eles que o trabalho que faziam não era para o
benefício deles, mas para o bem de vocês. Os mensageiros do evangelho, que
falaram pelo poder do Espírito Santo, mandado do céu, anunciaram a vocês essas
verdades. Essas são coisas que até os anjos gostariam de entender”. Infelizmente, muitas
pessoas interpretam esse texto dizendo que os anjos gostariam de pregar à
humanidade, o que não está na bíblia, pois Jo 16:7-15
nos mostra que somente aquele que recebe o Espírito de Deus pode ser
transformado e é dessa transformação que o evangelho se trata. Como alguém
pregaria o que não experimentou?
Ap 14:8 – “Então outro anjo o
seguiu, dizendo em alta voz: “Caiu a Babilônia! Caiu a grande cidade que fez
todas as nações beberem do vinho da fúria de sua imoralidade!”.
O segundo anjo trazia a mensagem de
advertência. Aqui a Babilônia simboliza a igreja prostituta, a grande meretriz (Ap 18:2,23) aquela que se misturou ao mundo e adulterou
contra Deus. Neste momento ela será desmascarada e Deus revelará ao mundo quem
de fato o pertence (Dt 18:10-12).
Ap 14:9-11 – “Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz:
“Aqueles que adorarem a besta e sua estátua, ou aceitarem sua marca na testa ou
na mão,
beberão do vinho da fúria de Deus, que foi derramado, sem mistura, na taça da
ira de Deus. E serão atormentados com fogo e enxofre na presença dos santos
anjos e do Cordeiro. “A fumaça de seu tormento subirá para todo o sempre, e não
terão alívio de dia nem de noite, pois adoraram a besta e sua estátua e
aceitaram a marca de seu nome”.
Um terceiro anjo
anuncia com uma grande voz o trágico destino de quem rejeita a oferta do
evangelho e adora a besta. Em Romanos, Paulo fala sobre a ira de Deus descendo
dos céus (Rm 1.18) contra os infiéis, conforme o
Altíssimo permite que eles recebam as justas consequências de seu comportamento
pecaminoso.
Ap 14:12 – “Isso significa que o povo santo deve ser
perseverante, obedecendo aos mandamentos de Deus e permanecendo fiel a Jesus”.
A perseverança dos santos mostrada em Ap
13.10, deve ser ato constante. Aqueles
que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus, mesmo em tempos de muita
dificuldade, receberão uma bênção divina especial.
Ap 14:13 - E ouvi uma voz que vinha do céu, dizendo:
“Escreva isto: Felizes os que, de agora em diante, morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito, eles são verdadeiramente felizes, pois descansarão de seu trabalho
árduo; porque suas boas obras os acompanharão”.
Descanso espiritual está disponível a qualquer um
que se achega a Jesus Cristo pela fé (Mt 11.28).
O Senhor falou aos mártires debaixo do quinto selo que repousassem ainda um
pouco de tempo (Ap 6.11), até que o plano de
Deus estivesse terminado. Aqui também é dito aos crentes que morreram que
descansem dos seus trabalhos, sabendo que suas boas obras serão lembradas e
recompensadas (1 Tm 5.25).
Ap 14:14-16 – “Em seguida, vi uma nuvem branca e,
sentado na nuvem, alguém semelhante ao Filho do Homem. Tinha uma coroa de ouro
na cabeça e uma foice afiada na mão. Então outro anjo veio do templo e gritou
bem forte para aquele que estava sentado na nuvem: “Use a foice e
comece a ceifar, pois chegou a hora da colheita; a safra da terra está
madura!. Assim, aquele que
estava sentado na nuvem passou a foice sobre a terra, e toda a terra foi
ceifada”.
Chegou o grande
momento. O Filho julgará a humanidade como aquele que compartilha a natureza
humana. Uma foice aguda de pedra ou ferro era a ferramenta básica para a antiga
ceifa de grãos. Como as 144 mil testemunhas foram recebidas por Deus como as
primícias (v.4) de Sua colheita, o restante da colheita da terra, com certeza,
já está maduro tanto para a salvação (Mt 13.37-43)
como para o juízo.
Ap 14:17-18 – “Então ainda outro anjo, que tinha poder
para destruir com fogo, veio do altar e gritou bem forte para o anjo que
segurava a foice afiada: “Agora use sua foice para ajuntar os cachos de uvas da
videira da terra, pois estão maduras!”.O anjo passou a foice sobre a terra e
encheu de uvas o grande tanque de prensar da fúria de Deus”.
Este texto fala de punição para aqueles que
perseguiram o povo de Deus, lembra a passagem de (Mt
13.38-43), quando Deus separa o trigo do joio para queimar.
Ap 14:20 – “As
uvas foram pisadas no tanque, fora da cidade, e dele correu sangue como um rio
de quase trezentos quilômetros de comprimento, com altura que chegava aos
freios de um cavalo”.
Um lagar era uma tina na qual os
trabalhadores pisavam as uvas com os pés descalços, fazendo com que o suco
escoasse para um barril. Esse sinal da ira e juízo de Deus (Is 63.3), comum no Antigo Testamento, aparentemente
explica também como o vinho da ira de Deus (v.10) é produzido. A imagem do
lagar é simbólica para uma quantidade inacreditável de sangue derramado. Esse grande derramamento de sangue
provavelmente é o resultado da vitória de Cristo sobre o exército humano
reunido (Ap 19.17-19), já que Ele retorna
na batalha do Armagedom (Ap 16.16).
Segundo este capítulo do Apocalipse, há no
mundo dois tipos de plantações distintas: A seara do Senhor e a vinha de
Satanás. O trigo do Senhor e as uvas satânicas.
O lagar onde as uvas eram espremidas e convertidas em vinho, nesta profecia, é
um símbolo da destruição dos ímpios como uvas negras da vinha do adversário da
justiça. A colheita do trigo e das uvas ocorrerá simultaneamente por ocasião da
segunda vinda de Cristo ao mundo.