“Tu és digno de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação”. (Ap 5:9 – KJA)
Introdução
No capítulo 5 de Apocalipse, João descreve a cena em que Jesus toma o livro selado da mão de Deus sob uma aclamação nunca antes vista no Universo. Neste capítulo, vamos vê-Lo abrir os selos, um por um. O capítulo 6 trata dos seis primeiros selos, o sétimo será explorado no capítulo 8 de Apocalipse. Ao invés de palavras ditadas por Jesus, João agora visualiza cenas. Assim, como em outros capítulos, a simbologia é bastante utilizada. É importante citar que a seqüência profética e simbólica dos sete selos relaciona-se com o mesmo terreno coberto pela profecia das sete igrejas, mas dando ênfase a outros eventos.
As profecias do Apocalipse não são sucessivas, mas repetitivas; isto é, elas são reafirmadas cobrindo os mesmos períodos de tempo. Os sete selos, por exemplo, e as sete trombetas cobrem o mesmo período das sete igrejas.
O princípio de interpretação profética destacado pelo próprio Senhor Jesus é que somente quando a profecia encontra o seu cumprimento é que pode ser plenamente compreendida. Três vezes Jesus disse isso no cenáculo: “Isso eu lhes disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam.” (Jo 14:29, 13:19 e 16:4).
O propósito do cumprimento das profecias é fortalecer nossa fé.
Os quatro cavalos e suas diferentes cores – conforme descrito nos quatro primeiros selos – representam as quatro primeiras fases da igreja cristã (Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira).
Os Quatros Cavaleiros do Apocalipse
O Primeiro Selo
Ap 6:1-2 - “Observei quando o Cordeiro abriu o primeiro dos sete selos. Em seguida, ouvi um dos seres viventes exclamar com voz de trovão: “Vem!”. Olhei, e diante de mim estava um cavalo branco, e seu cavaleiro empunhava um arco, e foi-lhe outorgada uma coroa; e ele cavalgava altaneiramente, como vencedor, determinado a vencer”.
O cavalo branco simboliza pureza e vitória. Cristo é o cavaleiro.
Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, o cavalo era o meio mais rápido de comunicação (como o e-mail, hoje). Além disso, a cavalaria era a principal arma de guerra. Cavalo, portanto, é símbolo do poder e da rapidez necessários à pregação do evangelho; tarefa incumbida ao povo de Deus. A cor branca era símbolo de vitória sobre o inimigo.
A mesma figura é aplicada na profecia que menciona a segunda vinda triunfal de Cristo, que o apresenta vindo a Terra vestido de branco e cavalgando um cavalo branco.
O cavalo de cor branca é uma alusão aos triunfos da igreja apostólica, no período de 31 a 100 d.C. A igreja cristã era pura na doutrina porque foi conduzida diretamente por Cristo. O arco que o cavaleiro trazia, nos dias antigos, era uma arma de ataque; um poderoso instrumento de guerra. A grande munição dos exércitos daquele tempo eram as flechas.
Ao sair para a batalha, o cavaleiro recebe uma coroa. Enquanto os vencedores deste mundo recebem a coroa somente após a vitória, Cristo, o cavaleiro do primeiro selo, recebe a coroa antecipadamente, como evidência segura de Sua vitória.
O Segundo Selo
Ap 6:3-4 - “Quando Ele abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente bradar: “Vem!” Então, partiu outra cavalgadura, um cavalo vermelho; e ao seu cavaleiro, foi concedido o poder de tirar a paz da terra, de modo que os homens matassem uns aos outros. E lhes foi entregue também uma grande espada”.
O cavalo vermelho simboliza sangue, corrupção e pecado. O cavaleiro representa o Império Romano pagão.
O segundo selo apresenta a igreja em estado de corrupção. A cor vermelha, em se tratando de vida espiritual, simboliza o pecado. “Venham, vamos refletir juntos", diz o Senhor. "Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão.” (Is 1:18).
A igreja incorporou doutrinas pagãs e abandonou a pureza da verdade. Este período do segundo selo, de corrupção dos princípios básicos da igreja, estendeu-se do ano 100 ao ano 313 d.C.
Milhões morreram quando o Império Romano tentou varrer o cristianismo da face da terra. A perseguição contra cristãos foi seguida de muitas mortes, porém, por causa do sangue de muitos mártires, o cristianismo crescia a cada dia.
Os cristãos primitivos não tinham liberdade como nós hoje de ir às igrejas prestar culto a Deus. Ser cristão era um crime punido com a morte. Conta-se que no Concílio de Nicéia, em 325 d.C., quase todas as pessoas presentes apresentavam algum tipo de mutilação, resultado da perseguição. O tempo do cavalo vermelho foi o tempo em que os pagãos perseguiram os cristãos.
O Terceiro Selo
Ap 6:5-6 - “Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente convocar: “Vem!” Então, reparei e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro ostentava na mão uma balança. Então, ouvi o que parecia uma voz grave, vinda dentre os quatro seres viventes,exclamando: “Um quilo de trigo por um dinheiro, e três quilos de cevada também por um dinheiro, mas não destruas o azeite e o vinho!”
O cavalo preto simboliza luto e trevas espirituais.
O cavaleiro representa a figura do Imperador Romano.
O cristianismo já não era mais ilícito, mas popular. As pessoas eram incentivadas a tornarem-se cristãs. Mas o cristianismo já não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das doutrinas verdadeiras e puras da igreja primitiva.
Foi durante esse período que a igreja começou a dominar o Estado ou o governo (313 a 538 d.C.). A partir daí não eram mais os pagãos que perseguiam os cristãos. Eram os cristãos que passaram a perseguir os pagãos.
A balança é o símbolo da justiça. A utilização desse símbolo demonstra que a Igreja e o Estado estariam unidos para exercer a autoridade judicial. Isso foi verdade entre os imperadores romanos desde Constantino até Justiniano, quando ele entregou a mesma autoridade judicial ao bispo de Roma.
Nesta visão, João viu uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um denário; e três medidas de cevada por um denário.” Deus havia ordenado que o pão da vida devia ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. A religião tornou-se um negócio.
O trigo representa a pura verdade do evangelho de Cristo, enquanto a cevada que não é tão pura assim, simbolizava as tradições e os erros que penetraram na igreja. Em razão de sua escassez, o trigo era vendido por valor maior do que a cevada. Três medidas de cevada eram vendidas pelo mesmo preço de uma medida de trigo.
E até hoje esse estado de coisas perdura no chamado cristianismo nominal. Aquele que apresenta ao mundo, evidentemente, mais “cevada” do que “trigo”, ou seja, mais erros tradicionais do que verdades fundamentais.
Nas Escrituras Sagradas o azeite é símbolo do Espírito Santo, enquanto o vinho representa o sangue de Cristo. A ordem “Não danifiques o azeite e o vinho” reclama que não se pode invocar o nome de Cristo e do Espírito Santo quando se prega o erro e a “tradição dos homens” em lugar da verdade de Deus.
O Quarto Selo
Ap 6:7-8 – “Quando Ele abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente clamar: “Vem!” Olhei, e diante de mim estava um cavalo amarelo pálido. Seu cavaleiro chamava-se Morte e o lugar dos mortos o seguia de perto. Foi-lhes dado o poder sobre um quarto de toda a terra, a fim de que matassem à espada, pela fome, por meio da pestilência e pelos animais selvagens da terra”.
O cavalo amarelo simboliza a morte. O cavaleiro é representado pelo Papado.
Na verdade, a palavra grega que designa a cor deste cavalo é chloros, que é um esverdeado pálido. A cor da morte.
Foi durante os 1.260 anos da perseguição que os templos pagãos viraram igrejas cristãs. Mas o povo verdadeiro de Deus teve que fugir para as montanhas a fim de adorá-Lo..
Não eram mais pagãos perseguindo cristãos. Não eram mais cristãos perseguindo pagãos. Agora eram cristãos perseguindo e matando outros cristãos. A Roma cristã não crucificava pessoas como a Roma pagã fazia. A Roma cristã as queimava vivas. A Roma pagã torturava criminosos por roubarem, mas a Roma cristã torturava cristãos por lerem a Bíblia.
No período do quarto selo, que foi de 538 a 1517 d.C., foi dado ao cavaleiro que monta o cavalo amarelo ou tem as rédeas da igreja em suas mãos o nome de “Morte”. É uma prova real da carnificina que foi a Inquisição. O papado efetuou grande chacina e levou multidões à sepultura. “Sheol” ou “Hades”, designação bíblica de lugar dos mortos ou sepultura.
O Quinto Selo
Ap 6:9-11 - “Quando o Cordeiro quebrou o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram.Clamaram com voz forte, dizendo: — Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então a cada um deles foi dada uma veste branca, e lhes foi pedido que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como eles tinham sido”.(NAA)
O quinto selo é uma sucessão do quarto e estende-se do período que vai do ano 1517 a 1755. No quarto selo vimos os terríveis extermínios do papado contra o povo de Deus. O quinto selo nos mostra o quadro das testemunhas de Deus e de Seus filhos mortos pela espada papal.
Para entender o que significam as almas debaixo do altar é preciso considerar quatro questões:
1. O que significa o termo “alma”?
A palavra “alma”, do nosso texto, vem do grego psyche e é mencionada 103 vezes no Novo Testamento. Psyche é traduzido em inúmeras passagens por “pessoa”. Por exemplo, referindo-se aos convertidos no Pentecostes, é dito que “naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (At 2:41). Fica claro que João teve a visão das próprias pessoas dos mártires das perseguições papais do quarto selo, e não supostas almas desencarnadas.
2. Existe algum altar de sacrifícios no Céu?
Por outro lado, no Céu não existe um altar para sacrifícios. Por isso, a declaração de João de que viu “debaixo do altar as almas dos que foram mortos” no período da perseguição papal deve ser entendida como uma afirmativa de que eles estão debaixo da terra, ou em seus sepulcros.
3. Pode haver espírito de vingança no Céu?
Não podemos imaginar que o espírito de vingança pudesse dominar de tal maneira as mentes das almas no Céu a ponto de fazer com que, a despeito da alegria e da glória do Céu, elas não ficassem satisfeitas enquanto não vissem a vingança praticada contra os seus inimigos. Há lugar para ódio no coração dos habitantes do Céu? Não, nunca. Jamais.
4. Por que essas almas estariam clamando por vingança?
Se a idéia popular que coloca essas almas no Céu fosse verdade, seus perseguidores estariam queimando num suposto inferno. Por que essas almas estariam clamando por vingança? Que vingança maior poderiam querer?
O sangue clama por vingança é a mesma expressão usada no livro de Gênesis. O sangue de Abel clama (Gn 4:9-10).
O clamor figurado dos milhões e milhões de mártires do quarto selo longe está de afirmar que eles estejam no Céu. É apenas um alerta de que Deus punirá, no tempo certo, os Seus inimigos. O que João viu – numa visão simbólica – foi o clamor de justiça que será satisfeito no devido tempo. “A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a Terra” (Gn 4:10). E, por acaso, sangue tem voz? É evidente que se trata de uma linguagem figurada.
As vestes brancas comprovam o caráter daqueles que foram covardemente martirizados, não porque fossem criminosos, mas “por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que deram”.
A frase "repouso por pouco tempo" é outra evidência de que não poderiam estar no Céu, mas em seus sepulcros onde deveriam permanecer mais um pouco.
O sexto selo
Ap 6:12-17 – “Vi, quando Ele abriu o sexto selo. Então, aconteceu um enorme terremoto. O sol ficou escurecido como coberto com roupa de luto, e toda a lua se tornou vermelha como se estivesse ensanguentada; e as estrelas do firmamento caíram sobre a terra, como figos verdes derrubados da figueira por um terrível vendaval. E, assim, o céu foi recolhido como um pergaminho quando se enrola. Então, todas as montanhas e ilhas foram removidas de seus lugares. E aconteceu que os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos; todos enfim, escravos e livres, buscaram refugiar-se em cavernas e entre as rochas das montanhas. Então, passaram a berrar para as montanhas e rochedos: “Caiam sobre nós e ocultem-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porquanto, eis que é chegado o grande Dia da ira deles; e quem poderá sobreviver?”.
João visualiza a abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. Os escritores do Antigo Testamento, e o próprio Cristo, falaram muitas vezes de grandes sinais no universo físico, no Sol, na Lua, nas estrelas e na Terra. Esses sinais seriam indicações especiais da volta de nosso Senhor.
No século 18, em 1º de novembro de 1755, na cidade de Lisboa, Portugal, ocorreu o maior terremoto de toda história. A maior parte da cidade foi destruída em apenas seis minutos. O sismo abalou outras cidades da Europa e da África.
O dia escuro ocorreu no dia 19 de maio de 1780, principalmente na cidade de Connecticut.
Na noite seguinte ao dia escuro, a Lua se mostrou vermelha como sangue.
Na noite de 12 de novembro de 1833, uma tempestade de estrelas cadentes irrompeu sobre a Terra. A América do Norte recebeu o maior impacto desse chuveiro de estrelas.
De acordo com a profecia descrita em Apocalipse 6, estamos vivendo entre os versos 13 e 14. Os eventos do verso 13 já ocorreram. Os próximos acontecimentos no programa de Deus estão descritos no verso 14. O Céu se retira como um rolo. Cada montanha e ilha serão removidas.
João descreve que haverá um tempo em que as pessoas irão correr e se esconder da ira de Deus. Numa grande reunião irão desejar que montes e vales caiam sobre eles, pois não conseguirão encarar a face do Senhor. Essas pessoas são todos aqueles que, infelizmente, não dedicaram a vida a Deus. Não reconheceram Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas recusando todas as ofertas de salvação.
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