sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Aula 02 - Desvendando o Apocalipse : "Entendendo as Dispensações"

“Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles", diz o Senhor. "Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor. "Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados". (Hb 8:8-12 – NVI)


1 - Introdução

O dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino de Deus na Terra.
A palavra "dispensação" deriva-se de um termo latino que significa "administração" ou "gerência", e se refere ao método divino de lidar com a humanidade e de administrar a verdade em diferentes períodos de tempo.
Inicialmente elaborada por John Nelson Darby, o dispensacionalismo é um sistema teológico que apresenta duas distinções básicas: 1 - Uma interpretação consistentemente literal das Escrituras, em particular da profecia bíblica, vista em várias séries de "dispensações" de Deus na história e a 2 - A distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus.
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus: Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre pela fé
Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja não substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles crêem que as promessas que Deus fez a Israel no Velho Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de que fala Ap 20, e que da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Rm 9-11). A maioria dos dispensacionalistas é contra acordos de paz, pois segundo eles, só adiaria o inevitável que é a volta de Jesus.

2 – A Origem do Dispensacionalismo

John Nelson Darby (18/11/1800 a 29/04/1882) foi um pregador anglo-irlandês, figura muito influente em grupos cristãos adenominacionais com origem em reuniões entre protestantes em Dublin na Irlanda por volta de 1825.
Foi considerado o pai do moderno Dispensacionalismo e do Futurismo. A teologia do arrebatamento pré-tribulacional foi popularizada extensivamente na década de 1830 por ele e pelos Irmãos de Plymouth, e se tornou ainda mais conhecida nos Estados Unidos no início do século XX pela vasta circulação da Bíblia de Estudo Scofield.
Charles Spurgeon, pastor contemporâneo de Darby, publicou uma crítica a ele e ao movimento dos irmãos. Sua crítica principal foi que Darby e os Irmãos de Plymouth rejeitaram o propósito vicário da obediência de Cristo, assim como a sua justiça imputada ao crente. Spurgeon acreditava que tais noções eram tão importantes e centrais para o evangelho que o levou a adotar uma postura crítica em relação a todas as crenças dos Irmãos.
James Grant escreveu: “Por causa das heresias mortais mantidas e ensinadas pelos Irmãos de Plymouth em relação a algumas das mais importantes doutrinas do evangelho, contra as quais já tenho advertido com alguma intensidade, e por mais anti-bíblicos e perniciosos que possam ser, estou certo de que meus leitores não ficarão surpresos com nenhum outro ponto de vista, dos quais os Darbistas têm adotado e zelosamente tentado propagar”.

3 - As Dispensações ou Períodos Bíblicos

O Dispensacionalismo é um método de interpretação histórico que divide a obra de Deus e Seus propósitos para a humanidade em diferentes períodos de tempo.
Geralmente há sete dispensações identificadas, embora alguns teólogos acreditem que haja nove. Outros contam de três até mesmo 37 dispensações. Neste artigo, vamos nos limitar às sete dispensações básicas encontradas nas Escrituras.
Em cada dispensação observamos quatro situações que se repete: Deus convida o homem pra uma parceria, o homem se rebela, Deus trás juízo e faz uma promessa de redenção dando um novo recomeço a humanidade.

· A primeira é chamada de Dispensação da Inocência (Gn 1:28-30 e 2:15-17). Esta dispensação abrangeu o período de Adão e Eva no Jardim do Éden. Onde o principal mandamento de Deus era não comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Convite a Parceria: Deus criou o home a Sua imagem e semelhança, e o visitava todos os dias no jardim do Éden (Gn 1:26) – Rebeldia: Desobedeceu ao único mandamento que Deus deixou comendo do fruto proibido (Gn 3:6-11) – Juízo: Expulsou Adão e Eva do Jardim amaldiçoando-os (Gn 3:7-240) – Promessa de Redenção: Um descendente que aniquilaria o mal (Gn 3:15)

· A segunda é chamada de Dispensação da Consciência, e durou cerca de 1.656 anos a partir do momento da expulsão de Adão e Eva do jardim até e o dilúvio (Gn 3:8-8:22). Esta dispensação demonstra que a consciência humana por si só é falha e é facilmente influenciada pelo mal. Os descendentes de Adão e Eva cresceram muito e se dividiram em duas gerações: os que serviam a Deus e os que se rebelaram contra Ele. No entanto, o mal cresceu assustadoramente a ponto de Deus decidir destruir a humanidade e deixar somente um remanescente, Noé e sua família. Convite a Parceria: Deus propõe a Caim o arrependimento (Gn 4:6-7) – Rebeldia: Com o crescimento da humanidade cresceu também a perversidade humana (Gn 6:5-6) – Juízo: Dilúvio (Gn 6:7) – Recomeço: Noé, sua família e alguns animais foram poupados para um novo começo (Gn 6:8,13,18).

· A terceira é a Dispensação do Governo Humano, a qual começou em Gn 8. Deus tinha destruído a vida na terra com um dilúvio, salvando apenas uma família para reiniciar a raça humana. Deus fez as seguintes promessas e comandos para eles: 1) Não amaldiçoar a terra novamente (promessa); 2) Deveriam povoar a terra com pessoas; 3) Exercer domínio sobre a criação animal; 4) São autorizados a comer carne; 5) A lei da pena de morte é estabelecida; 6) Nunca haveria outro dilúvio mundial (promessa); 7) Deixou um sinal e Sua no céu, o arco-íris. Os descendentes de Noé não se espalharam enchendo a terra como Deus havia ordenado, assim falhando em sua responsabilidade nesta dispensação. Cerca de 325 anos depois do dilúvio, os habitantes da terra começaram a construir uma torre, um grande monumento idólatra e de rebeldia contra Deus, revelando a falta de confiança em Suas promessas (Gn 11:7-9). Como resposta, Deus deu um fim à construção, criando diferentes idiomas e reforçando o Seu comando de encher a terra. O resultado foi o surgimento de diferentes nações e culturas. Convite a Parceria: Recomeço após o dilúvio (Gn 9: 9-17) – Rebeldia: Construiram uma torre (Gn 11:3-6) – Juízo: Confusão das línguas (Gn 11:7-9) – Recomeço: Dispersou o povo para recomeçarem a vida (Gn 11:8-9)

· A quarta é a Dispensação da Promessa, começou com o chamado de Abraão, continuou através das vidas dos patriarcas e terminou com o Êxodo do povo judeu do Egito, um período de aproximadamente 430 anos. Durante esta dispensação, Deus desenvolveu uma grande nação que Ele havia escolhido como o Seu povo (Gn 12:1-Êx 19:25). Essa dispensação encerrou com a escravidão do povo de Israel no Egito, dando a eles a oportunidade de crescer como nação separada, já que os egípcios não se misturavam a outras raças e os considerava uma raça inferior. José também, influenciado por Deus, soube separá-los geograficamente do Egito. Convite a Parceria: Chamado de Abraão (Gn 11:31-19:9) – Rebelião: Os filhos de Jacó se tornam traiçoeiros (Gn 34,37,38) – Juízo: Fome em Canaã e escravidão no Egito (Gn 41 a Ex 1) – Recomeço: Deus estabelece uma grande nação (Gn 46: 2-4)

· A quinta é a Dispensação da Lei. Durou quase 1.500 anos, do Êxodo até ser suspensa após a morte de Jesus Cristo. Durante esta Dispensação que Deus firmou uma Aliança com a nação de Israel, conhecida como Lei, encontrada em Êx 19-23, mas devido à desobediência do povo à esta aliança, as tribos de Israel perderam a Terra Prometida e foram submetidas à escravidão, exilados separadamente – Israel na Assíria e depois dispersa pelo mundo, e Judá na Babilônia, voltando depois como remanescente de Deus a Jerusalém com a finalidade de preparar a chegada do Messias. Convite a Parceria: A Aliança de Deus com o povo (Ex 19:5-6) – Rebeldia: Esqueceram-se de Deus e se tornaram idólatras (Is 50:1 e Jr 2:1-17:6) – Juízo: Divisão do reino, exílio e dispersão de 10 tribos (Am 2:4-16) – Promessa de Redenção: Jesus Cristo (Is 9:6-7; Jo 3:16-18 )

· A sexta é a Dispensação da Graça. Ela começou com a ressurreição de Cristo (Lc 22:20). Esta "Dispensação da Graça" é mencionada em Dn 9:24-27, como as semana entre a 62 e 70 de sua visão. Ela começa com a morte de Cristo e termina com volta de Jesus. Esta dispensação é mundial e inclui tanto os judeus quanto os gentios. A responsabilidade do homem durante a Dispensação da Graça é crer em Jesus, o Filho de Deus (Jo 3:18). Nesta dispensação, o Espírito Santo habita como o Consolador (Jo 14:16-26). Esta dispensação tem durado mais de 2.000 anos, e ninguém sabe quando vai acabar. Sabemos, no entanto, que acabará com a volta de Cristo. Convite a Parceria: Chamou-nos de amigos (Jo 15:15) – Rebelião: A Humanidade não o aceitou (Jo 3:19) - Juízo: A grande tribulação (Rm 3:5-6; Jo 12:48) – Redenção: Salvação eterna (Mt 24:13).

· A sétima dispensação é a do Reino Milenar de Cristo e terá a duração de 1.000 anos enquanto o próprio Cristo reinar sobre a terra. Este Reino cumprirá a profecia para a nação judaica de que Cristo voltará e será o seu rei. As únicas pessoas autorizadas a entrar no Reino serão aqueles que morreram em Cristo na Dispensação da Graça e os sobreviventes justos dos sete anos de tribulação. Satanás será preso durante os 1.000 anos e este período terminará com o julgamento final (Ap 20:11-14). O velho mundo será purificado pelo fogo, e virão Novos Céus e a Nova Terra Apocalipse 21 e 22. Convite a Parceria: Reinar com Cristo (Ap 20:6) – Rebelião: Haverão opositores ao reino de Cristo (Ap 20:7-9) – Juízo: O grande Trono Branco (Ap 20:11-15) – Redenção: Novos Céus e nova Terra (Ap 21)



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