“Escreva claramente a visão em
tábuas, para que se leia facilmente. Pois a visão aguarda um tempo designado;
ela fala do fim e não falhará. Ainda que demore, espere-a; porque ela
certamente virá e não se atrasará”.
(Hb 2:2-3 – NVI)
1 - Introdução
Apocalipse 13 descreve o conflito entre a besta que subiu do mar
e da terra contra Deus e o seu povo no período a tribulação.
O que significam os dez chifres e os dez diademas (coroas) sobre seus chifres?
A besta que sobe do mar indica que será o último grande governo
mundial da história, e que o anticristo terá sob seu controle
dez reinos, e o seu poder será sobre muitas nações e Satanás
concederá o seu poder para esse governo afim de, usar contra Deus e o seu povo.
O nome de blasfêmia escrito em suas cabeças mostra que o anticristo irá contra Deus, opondo-se a Ele e a tudo que
lhe diz respeito de forma enfática, confundindo e enganando a muitos que lhe derem ouvido.
Ap
13:1-2 – “Vi uma besta que saía do mar. Tinha dez
chifres e sete cabeças, com dez coroas uma sobre cada chifre, e em cada cabeça um nome
de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a um leopardo, mas tinha pés como
os de urso e boca como a de leão. O dragão deu à besta o seu poder, o seu trono
e grande autoridade”.
As
águas do mar simbolizam “povos e multidões” (Ap 17:15).
A palavra besta, só existe no livro do Apocalipse e é símbolo de poder
dominante, já que se traduz por fera - uma representação da
tirania que será utilizada como forma de poder contra as demais nações.
A palavra chifre na bíblia fala de
força, poder, autoridade. Já as cabeças, falam de liderança, reis. O que dá a
entender que 10 nações ou reinos estarão unidos, mas apenas 7 reis ou líderes
terão autoridade. É como se um novo império surgisse a partir de algumas nações
onde o poder será dividido entre sete líderes que elegerá apenas um no final (lembrando que esses números podem ser simbólicos e não
literais).
Como na profecia anterior relatada em Daniel,
fala de quatro reinos. Três destes reinos são identificados por nome em Daniel:
Leão = Babilônia, Urso = Medo-Pérsia, Leopardo
= Grécia. O quarto reino visto por Daniel retrata a imagem vista por
João em Apocalipse – (Dn 72-8)
João faz referência à besta com as
características citadas por Daniel. Isso mostra
a união desses antigos impérios no futuro ou as características desses impérios
antigos, unidos agora ao novo império que surgirá.
Ap
13:3-4 – “Uma das cabeças da besta parecia
ter sofrido um ferimento mortal, mas o ferimento mortal foi curado. O mundo
todo ficou maravilhado e seguiu a besta. Adoraram o dragão, que tinha dado
autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: “Quem é como a besta?
Quem pode guerrear contra ela?”
As cabeças são reis ou líderes. Um deles será
golpeado de “morte” (Jr 14:17 usa o mesmo termo
para o reino de Judá, mostrando sua derrota e enfraquecimento, e não morte
física, extermínio), que atingirá a besta e seu poder de perseguir e
destruir os santos. Isso mostrará um enfraquecimento desse império, no entanto,
ele ressurgirá com mais poder, o que levará a humanidade a segui-lo cegamente.
Ap
13:5-8 – “À besta foi dada uma boca
para falar palavras arrogantes e blasfemas e lhe foi dada autoridade para agir
durante quarenta e dois meses. Ela abriu a boca para blasfemar contra
Deus e amaldiçoar o seu nome e o seu tabernáculo, os que habitam nos céus. Foi-lhe dado poder
para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda
tribo, povo, língua e nação. Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a
saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do
Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.”
Diante do que estudamos numa aula passada
sobre as duas testemunhas, entendemos que o ressurgimento desse império se dará
com a “morte” das duas testemunhas, e que esse tempo de 42 meses fala do tempo
em que elas permanecerão mortas (três dias e meio – dia
igual a ano). Durante esse tempo, será o momento de maior perseguição
contra Deus e aqueles que o servem, por isso a blasfêmia, que quer dizer amaldiçoar uma divindade. Mas a profecia nos
garante que ainda haverá um povo que não adorará a besta – “os que têm seu nome no livro da vida”.
Ap
13:9-10 – “Aquele que tem ouvidos ouça: Se alguém há de ir para o cativeiro,
para o cativeiro irá. Se alguém há de ser. Aqui estão a perseverança e a
fidelidade dos santos”.
Esta frase aparece oito vezes no livro – em
cada uma das cartas às sete igrejas e aqui. Sempre tem o propósito de chamar
atenção à mensagem do Senhor, e incentivar os ouvintes a tomarem a decisão
certa em resposta à palavra. O versículo que segue contém uma mensagem que
oferece consolo para os santos, conforme a conduta deles.
Ap
13:11-15 – “Então vi outra besta que
saía da terra, com dois chifres como cordeiro, mas que falava como dragão.
Exercia toda a autoridade da primeira besta, em nome dela, e fazia a terra e seus habitantes
adorarem a primeira besta, cujo ferimento mortal havia sido curado. E
realizava grandes sinais, chegando a fazer descer fogo do céu à terra, à vista
dos homens. Por causa dos sinais que lhe foi permitido realizar em nome da
primeira besta, ela enganou os habitantes da terra. Ordenou-lhes que fizessem
uma imagem em honra à besta que fora ferida pela espada e contudo revivera.
Foi-lhe dado poder para dar fôlego à imagem da primeira besta, de modo que ela
podia falar e fazer que fossem mortos todos os que se recusassem a adorar a
imagem”.
Essas ações da besta descritas nos vs 12-17
certificam, na prática, que ela é o falso profeta mencionado em Ap 16:13; 19:20; 20:10.
Esse é o único lugar no Apocalipse onde o
cordeiro não se refere a Cristo. Aqui, o cordeiro com dois
chifres é um símbolo de dupla autoridade (talvez
seja política e religiosa). Esta segunda besta fala como o dragão, assim
como a primeira recebeu seu poder e sua autoridade do dragão, a segunda também
o receberá (Ap 13:2).
Os sinais, como fazer descer fogo do céu e
dar fôlego e fala à imagem da primeira besta, não quer dizer que eles farão
milagres ou sinais sobrenaturais, mas que usarão de todas as formas para
enganar toda a humanidade (2 Ts 2:8,9).
2 – A Marca da Besta
Ap
13:16-17 – “Também obrigou todos, pequenos e grandes,
ricos e pobres, livres e escravos, a receberem certa marca na mão direita ou
na testa, para que ninguém pudesse comprar nem vender, a não ser quem
tivesse a marca, que é o nome da besta ou o número do seu nome”
Ao
longo dos tempos surgiram várias interpretações diferentes sobre o que é a
marca da Besta. Isto acontece porque existem diferentes linhas escatológicas.
Já foi sugerido, por exemplo, que essa marca seria um tipo de tatuagem, o
código de barras ou um microchip. Também há quem afirme que receber a marca da
Besta é observar o domingo ao invés do sábado.
Basicamente
as diferentes interpretações podem ser classificadas em dois grupos: aqueles
que interpretam a marca da Besta no sentido literal e aqueles que interpretam a
marca da Besta no sentido simbólico.
·
O primeiro grupo interpreta a marca da Besta como um sinal visível e literal que será
implantado nas pessoas num determinado momento da história. Normalmente os
defensores dessa linha de interpretação adotam um estilo de leitura futurista do Apocalipse
e acreditam que a marca da Besta será implantada pelo governo do Anticristo
durante o período da grande tribulação.
·
O segundo grupo interpreta a marca da Besta como um sinal simbólico. Esse sinal não
está restrito apenas a uma determinada geração futura, mas está presente em
cada etapa da História. Isto significa que os adoradores de Satanás sempre
existiram, e eles carregam a sua marca. Essa é a interpretação mais tradicional
dentro do Cristianismo histórico.
Para
entender o que é a marca da besta, é
preciso observar que o livro do Apocalipse foi escrito numa linguagem
predominantemente simbólica, que é comum em textos proféticos. Por isto o
Apocalipse possui tantas semelhanças com alguns livros do Antigo Testamento,
como Daniel, Ezequiel, Malaquias e Zacarias.
Considerando
o cap 13 onde a marca da Besta é mencionada, o uso da linguagem simbólica é
evidente. Um exemplo disto é que o texto fala de monstros com chifres e várias
cabeças numa descrição simbólica. Então por que o trecho que fala da marca da
Besta seria literal?
·
O livro do Apocalipse não é o primeiro
a falar de pessoas sendo marcadas. Deuteronômio falava de um povo que recebeu uma marca na fronte e na mão. No caso de Deuteronômio, a marca era
a Palavra de Deus que deveria estar atada como sinal na mão e na fronte de seu
povo (Dt 6:4-8).
·
O livro do profeta Ezequiel também
fala sobre uma marca na testa (Ez 9:4). Nesse texto o Senhor ordenou que todos
os homens que reprovavam as abominações que aconteciam em Jerusalém fossem marcados
com um sinal na testa de forma simbólica.
·
Esse mesmo princípio continua no Novo
Testamento, onde lemos que a Igreja do Senhor é marcada por Ele (Ef 4:30; Ap 7:4). O próprio apóstolo Paulo explica que
Deus selou o seu povo (2 Co 1:22) e que os
redimidos são selados com o Espírito Santo da promessa (Ef
1:13).
Só
há dois grupos de pessoas: os que são selados por Deus, e os que são marcados
pela Besta. Quem não possui o selo de Deus possui a marca da Besta. Isso
significa que o ímpio que persiste
em iniqüidades, e se satisfaz em sua vida de pecado,
pertence à Besta e adora a Satanás.
O
significado da marca da Besta é muito mais profundo do que um simples sinal
externo. A marca da besta atravessa os séculos e pode ser vista nitidamente em
qualquer lugar da História. Dia após dia a Besta recruta seus súditos a uma
oposição a Deus e rejeição a Cristo. A mensagem do Apocalipse é tão atual
para nós hoje como foi para os cristãos do primeiro século.
A
marca da Besta é colocada na mão direita e na fronte. A mão direita é uma
referência às obras e as ações de uma pessoa, em todos os âmbitos de sua vida.
Já a fronte simboliza a mente, isto é, a vida em termos de pensamento e
filosofia.
Portando,
receber a marca da Besta na mão direita e na fronte significa agir e pensar
contrário aos ensinamentos de Cristo, ser inimigo de Deus e perseguidor de seu
povo.
Uma
pessoa que possui a marca da Besta tem suas ações e pensamentos dedicados a
Satanás. Tudo o que ela pensa, diz, escreve ou faz, reflete o espírito
anticristão que a governa. De uma forma ou de outra, suas ações ou filosofias
perseguem a Igreja de Cristo.
Um
sinal externo como um carimbo, código ou chip, colocado na mão e na testa, é
fácil de tirar. Mas arrancar a ideologia de Satanás dos pensamentos e das ações
de alguém, homem nenhum é capaz de fazer.
Pergunta:
·
Seria
justo alguém perder a salvação simplesmente porque implantaram nela um chip
contra a sua vontade?
O
livro do Apocalipse foi escrito numa época de turbulência, de muita perseguição
e morte. Foi diante desse pano de fundo sombrio que Cristo confortou sua Igreja
através da mensagem dada ao apóstolo João. A Igreja não estava desamparada,
pois Cristo estava vendo suas lágrimas e o sangue derramado dos mártires. Nada
daquilo estava fora de Seu controle, pois o livro da História está em Suas mãos
(Ap 5:9,10).
Então,
os verdadeiros cristãos foram convidados a perseverar. Eles foram exortados a
não aceitar a marca da besta e não adorar a Satanás. Por conta disso, muitos
morreram, mas ficaram firmes na certeza de que reinariam com Cristo eternamente
(Ap 20:4).
O
fato da marca da Besta definitivamente não ser um chip, um carimbo, um cartão
ou qualquer outra coisa, não significa que o Anticristo não usará recursos
tecnológicos como ferramentas para perseguir o povo fiel ao Senhor. Ele
possivelmente utilizará tudo o que tiver ao seu alcance para fazer com que todos
os homens da terra o adorem.
Portanto,
utilizar a tecnologia será apenas uma de suas facetas. De qualquer forma,
embora não saibamos os detalhes de tudo o que acontecerá, o importante é saber
que o Anticristo se levantará para ser destruído (2 Ts 2:2-4,
8-12).
A
mensagem sobre a marca da Besta deve servir de
alerta para todo cristão verdadeiro. Satanás está marcando as
pessoas, imprimindo nelas o pensamento e o padrão deste mundo. Suas práticas
orgulhosamente afrontam os mandamentos de Deus.
O
resultado disso é que os homens estão vivendo de forma tranquila e satisfeita (Mt 24:37-39). Eles estão maravilhados com tudo o que
o presente século os oferece. Eles estão adorando a imagem da Besta e dedicando
seus pensamentos e ações às causas dela.
Mas
nós devemos viver em santidade, mesmo que isso custe a nossa própria vida. Nós
temos o selo de Deus e não podemos nos conformar com o mundo. Nós não podemos
ser confundidos com os adoradores da Besta, com aqueles que carregam sua marca (Rm 12:1,2).
Ap 13:18 –
“Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número
da besta, pois é número de homem.
Seu número é seiscentos e sessenta e seis”.
Depois da descrição anterior da tirania da besta, é
feito um comentário explicativo destinado a transmitir sabedoria e entendimento
ao leitor. O número da besta é seiscentos e sessenta e seis, descrito também
como o número de homem. A besta é simplesmente um homem, não um deus, como os
sinais poderiam sugerir. O número 6, logo abaixo do número 7 (número da perfeição – representação de Deus), é
intensificado na repetição do 6 — três
na bíblia simboliza a totalidade, ou seja, 666 quer dizer que ele será totalmente
imperfeito como homem.
O
próprio texto bíblico informa que o número 666 é o número da Besta, um homem representará o poder maligno na
terra.
O
que o autor do Apocalipse fez neste texto foi usar uma técnica que gregos e
judeus costumavam usar naquela época.
Nos
tempos antigos, as letras do alfabeto também serviam como numerais, além de
símbolos fonéticos. Devido a esse duplo uso das letras, era comum o emprego de
números escondendo nomes em enigmas. Essa técnica era chamada pelos gregos de Isopsefia, e pelos judeus
de Gematria. Em
nossos dias ela é normalmente conhecida como Criptografia.
Essa
expressão não se refere a um estudo matemático ou a uma pesquisa cientifica.
João fala que aqueles que são iluminados pelo Espírito Santo são capazes de
entender a mensagem principal por trás do número 666, mesmo que desconheça sua
aplicação primária. Com base no contexto do livro, essa mensagem principal não
pode ser outra, a não ser um tipo de contraste entre Satanás e Cristo, entre o
vencido e o vencedor.
Ao
longo dos anos, vários nomes foram sugeridos na tentativa de decifrar o significado de 666 no Apocalipse. A tarefa é
bastante complexa, pois é necessário pegar um determinado nome em grego,
transliterar para o hebraico, para só então aplicar o valor numérico das letras
e chegar ao somatório 666.
Nero
César e Tito Flávio Domiciano são exemplos de nomes transliterados que davam o
úmero 666.
Olhando
por este esse aspecto, pode significar a natureza do homem iníquo que surgirá
no final da presente era. Nero e outros governantes ímpios apenas tipificaram o
futuro anticristo, que será mais poderoso e perverso que todos eles juntos. Mas
por mais que ele pareça ser poderoso e invencível, jamais passará de um simples
homem. O homem mais temido que o mundo conheça, será um “6”, e nunca será um
“7”, número de Deus.
3 - Conclusão
O livro do
apocalipse tem dois propósitos:
O primeiro nós
encontramos no capítulo 1 - “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos
seus servos as coisas que em breve devem acontecer.”
E o segundo está
embutido em todo livro na convocação de seu povo a obediência, perseverança e
fidelidade a Deus, apesar das provações (Ap 2:10, 25;
3:15; 21:8)