Autor:
Jeremias
Data: 630 e 580 AC.
Alvo:
Povo de Judá
Contemporâneos:
Habacuque, Sofonias, Ezequiel e Daniel.
“E Deus continuou: — Jeremias, se você me chamar, eu responderei e lhe contarei coisas
misteriosas e maravilhosas que você não conhece”. (Jeremias 33:3 – NTLH)
1 – Introdução
Jeremias é um dos
poucos livros do Antigo Testamento que podemos ter informações completas sobre
sua composição. Deus o mandou registrar suas profecias depois de vinte anos
(36:1-3) em 605 a.C, o ano que a Babilônia leva cativa o primeiro grupo de
judeus. Jeremias convoca Baruque como secretário para ajudá-lo na redação do
livro (36:4), que depois foi lido diante do rei Jeoaquim. Em virtude de o rei
ter queimado a primeira versão outra cópia do livro foi feita (36:32), e
provavelmente tratava-se dos capítulos 1 a 25 de Jeremias. Esta parte do livro
está redigida em primeira pessoa e é geralmente chamado de Livro 1. Há ainda
outras duas coleções de palavras de Jeremias, chamadas de Livro 2 (capítulos 30
e 31) e Livro 3 (capítulos 46 a 51).
Entre os livros um,
dois e três há trechos biográficos citando Jeremias na terceira pessoa,
enfatizando o final do seu ministério. Estes trechos são considerados adições
posteriores realizadas por Baruque, tal qual o capítulo 52, que também é uma
adição posterior, uma vez que Jeremias 51:64 afirma: “Aqui terminam as palavras de Jeremias”.
2 – Quem foi Jeremias
Jeremias aparece no cenário histórico 53 anos depois de Isaías ter
morrido.
Era um jovem de vinte e dois anos quando começou seu ministério, e
tão relutante em se tornar porta-voz de Deus quanto Moisés havia sido antes
dele (Êx
3.10--4.17). Era Benjamita (habitava na tribo de Benjamim) e
membro de uma família sacerdotal de Anatote (Anate), uma localidade que ficava
alguns poucos quilômetros ao norte de Jerusalém.
Jeremias nasceu no ano 650 a.C., e foi chamado para ser profeta de
Deus em 628 a.C (2 Rs 22--25; 2Cr 34—36)
fornecem o contexto histórico das profecias de Jeremias.
Mas de uma coisa ele não tinha dúvida. Sua mensagem era uma
palavra do próprio Deus. "A mim veio a palavra do
Senhor" é um refrão que se repete no livro, do
início ao fim. Nisto se baseava sua certeza e era isto que o impelia em sua
missão.
Jeremias logo recebeu uma visão (11-19). Deus mostrou e explicou ao
profeta o que Ele iria fazer e como Jeremias deveria dizer ao povo. Eles não
estariam dispostos a ouvir. Estariam contra Jeremias desde o início. Mas Deus o
protegeria.
Pelo fato da
mensagem de Jeremias ser extremamente pessimista ele foi acusado de ser um
falso profeta. Isto foi ainda mais agravado em virtude de existirem outros
muitos profetas que anunciavam paz e prosperidade (14:11-26; 23:9-40; 28:1-17).
Jeremias nos dá a entender que cria nesta acusação (20:7-10) e reclamou com
Deus que seria uma injustiça se o mentiroso não fosse castigado e a falsa
profecia ganhasse destaque, uma vez que o povo não tinha condições de saber
qual era de fato a verdadeira profecia. Por causa desta atitude Deus repreendeu
Jeremias convocando-o ao arrependimento e prometendo segurança contra seus
inimigos (15:15-21).
Jeremias, freqüentemente chamado de “o profeta
das lágrimas”, ou “profeta chorão”, era um homem com uma mensagem severa, mas
de coração sensível e quebrantado (8.21—9.1). Seu espírito sensível tornou mais
intenso o seu sofrimento, à medida que a palavra de Deus ia sendo repudiada por
seus familiares e amigos, pelos sacerdotes e reis, e pela totalidade do povo de
Judá. Embora fosse solitário e rejeitado durante toda a sua vida, Jeremias não
deixou de ser um dos mais ousados e corajosos profetas. Apesar da grande
oposição, cumpriu fielmente sua chamada profética para advertir seus concidadãos
de que o juízo divino estava às portas. Resumindo a vida de Jeremias, certo
escritor disse:
“Nunca foi imposto sobre um homem
mortal fardo mais esmagador. Em toda a história da raça judaica, nunca houve
semelhante exemplo de intensa sinceridade, sofrimento sem alívio,
proclamação destemida da mensagem de Deus e intercessão incansável de um
profeta em favor do seu povo como se observa no ministério de Jeremias. Mas a
tragédia de sua vida foi esta: pregava a ouvidos surdos e só recebia ódio em
troca do seu amor aos compatriotas” (Farley).
Jeremias não foi o único profeta
da sua época. Entre seus contemporâneos estavam Habacuque e Sofonias, bem como
Ezequiel, que se encontrava entre os exilados na Babilônia. (A história de
Daniel se passa na corte da Babilônia, começando em 605 a.C.) Mas Jeremias se
destaca. Era uma figura solitária, alguém que ficou isolado por trazer uma
mensagem de Deus que o tornava cada vez menos popular e que foi rotulado de
traidor por defender a submissão à Babilônia. Ele foi preso e, muitas vezes,
foi ameaçado de morte. Mas este homem sensível e inseguro jamais transigiu no
que dizia respeito à mensagem de Deus. Ele não conseguia deixar de declarar o
terrível destino que previa para o seu povo, e lamentou sua obstinada recusa em
dar ouvidos.
Depois de profetizar durante vinte anos a Judá,
Jeremias foi ordenado por DEUS a deixar a sua mensagem por escrito. Assim o fez
ao ditar suas profecias a seu fiel secretário, Baruque (36.1-4). Visto que
Jeremias estava proibido de comparecer diante do rei, enviou então Baruque para
ler as profecias no templo. Depois disso, Jeudi as leu diante do rei Jeoaquim.
O monarca demonstrou desprezo a Jeremias e à palavra do Senhor ao cortar e queimar o rolo (36.22,23). Jeremias voltou a ditar suas profecias a Baruque, e dessa vez incluiu até mais do que estava no primeiro rolo.
O monarca demonstrou desprezo a Jeremias e à palavra do Senhor ao cortar e queimar o rolo (36.22,23). Jeremias voltou a ditar suas profecias a Baruque, e dessa vez incluiu até mais do que estava no primeiro rolo.
Assim como Ezequiel, Jeremias pratica várias
ações simbólicas a fim de ilustrar de modo claro a sua mensagem profética:
·
O cinto podre (13.1-14) – Simbolizava que o orgulho de Judá seria ferido.
·
A proibição divina de não se casar ou ter
filhos naquele lugar (16.1-9) – Deus resguardou
Jeremias e sua descendência da tragédia pela qual o povo de Judá passaria.
·
O oleiro e o barro (18.1-11), o vaso do oleiro,
que se fragmentou (19.1-13) – Simbolizava o trabalho de Deus
para com o povo de Israel na história da nação.
·
Os dois cestos de figos (24.1-10) – Simbolizavam os remanescentes de Judá, os quais Deus guardaria da morte,
da seca e das pragas e os faria retornar do exílio (Jr 21:8-10; 29:5-7; 52:28-30)
·
O jugo no seu pescoço (27.1-11) – Simbolizava a ordem de Deus ao povo de Judá, que era de submissão à
Nabucodonozor e a Babilônia para o seu próprio bem.
·
A compra de um terreno na sua cidade natal
(32.6-15) – Simbolizava a volta de Jerusalém como centro
comercial.
·
E as grandes pedras colocadas no pavimento de
tijolos de Faraó (43.8-13) – Simbolizava o forte alicerce do Império Babilônico e seu crescente governo.
A compreensão clara que Jeremias tinha da sua
chamada profética (1.17), juntamente com as freqüentes reafirmações de Deus
(3.12; 7.2, 27,28; 11.2, 6; 13.12,13; 17.19,20), capacitaram-no
a proclamar com ousadia e fé a palavra profética a Judá, apesar de esta
nação sempre reagir com hostilidade, rejeição e perseguição (15.20,21). Após a
destruição de Jerusalém,
Jeremias recebeu a oferta de uma
vida confortável na corte, mas em vez disso preferiu permanecer em Judá. Quando
Gedalias (o governador designado por Nabucodonosor) foi assassinado, o povo
fugiu para o Egito, levando Jeremias consigo. Pelo que sabemos, ficou no Egito
até o final da vida, ainda anunciando as palavras de Deus àqueles que se
recusavam a ouvir (caps. 43 e 44).
Seu ministério durou 41 anos.
3 - Contexto Histórico
Josias era o rei de Judá na
ocasião. Começou reinar com oito anos de idade e em 628 a.C, quando tinha vinte
anos de idade, iniciou a reforma religiosa (2 Cr. 34:3-7). O chamado de Jeremias ocorreu neste período,
que também foi marcado pela morte de Assurbanipal, o último grande imperador
assírio. Com a morte de Assurbanipal, o império assírio se enfraqueceu e a
Babilônia começou a ganhar destaque no cenário internacional. De acordo com os
oráculos de Jeremias a Babilônia representava o perigo iminente que vinha do
norte (Jr. 4). Por isso, em virtude da reforma religiosa de Josias e o fortalecimento
da Babilônia no Antigo Oriente Médio a mensagem de Jeremias foi de
esperança e de perigo respectivamente.
A esperança da reforma religiosa morreu com Josias na batalha contra o Egito e os filhos de Josias, nos 25 anos seguintes, apenas pioraram a situação do reino do Sul, Judá. A Babilônia conquistou a Assíria e colocou Judá sob seu controle. A primeira fase da conquista babilônica aconteceu em 597 a.C. em virtude da rebelião do rei Jeoaquim. Seu filho Joaquim foi deportado à Babilônia, junto com o profeta Ezequiel. Neste ínterim alguns falsos profetas começaram a proclamar melhorias na situação vivida por Judá, entretanto Jeremias afirmou que o pior ainda estaria por vir.
A esperança da reforma religiosa morreu com Josias na batalha contra o Egito e os filhos de Josias, nos 25 anos seguintes, apenas pioraram a situação do reino do Sul, Judá. A Babilônia conquistou a Assíria e colocou Judá sob seu controle. A primeira fase da conquista babilônica aconteceu em 597 a.C. em virtude da rebelião do rei Jeoaquim. Seu filho Joaquim foi deportado à Babilônia, junto com o profeta Ezequiel. Neste ínterim alguns falsos profetas começaram a proclamar melhorias na situação vivida por Judá, entretanto Jeremias afirmou que o pior ainda estaria por vir.
Após a rebelião de
Zedequias contra o domínio babilônico em 589 a.C, após 3 anos de cerco a
Jerusalém a conquista e destruição final ocorreu em 586 a.C. Nabucodonosor era
o imperador da Babilônia nesta ocasião. Depois da destruição e deportação de
parte da população, Jeremias permaneceu em Judá junto com os pobres e o povo da
terra.
Já o contexto religioso em que viveu o nosso profeta é particular. O povo pensava que a presença de Deus garantisse a própria proteção contra todas as catástrofes. De fato muitos acreditavam que, enquanto Samaria foi destruída, Deus tinha livrado milagrosamente Jerusalém da guerra (2 Reis 19,35; Isaias 36,37), pois nela estava o seu templo. Por isso, no tempo de Jeremias, o povo tinha a convicção que a presença de Deus no seu meio lhe protegeria de seus inimigos. Jeremias anuncia que tal confiança, sem nenhuma atitude pessoal, será a destruição de Jerusalém.
Já o contexto religioso em que viveu o nosso profeta é particular. O povo pensava que a presença de Deus garantisse a própria proteção contra todas as catástrofes. De fato muitos acreditavam que, enquanto Samaria foi destruída, Deus tinha livrado milagrosamente Jerusalém da guerra (2 Reis 19,35; Isaias 36,37), pois nela estava o seu templo. Por isso, no tempo de Jeremias, o povo tinha a convicção que a presença de Deus no seu meio lhe protegeria de seus inimigos. Jeremias anuncia que tal confiança, sem nenhuma atitude pessoal, será a destruição de Jerusalém.
Estes
foram os reis de Judá no tempo de Jeremias
4 - Propósito e conteúdo
O objetivo primário
do livro de Jeremias era transmitir os oráculos de julgamento e consolação de
Javé, mas também narrar um pouco dos conflitos internos do profeta e seu
relacionamento conturbado com o povo de Israel e com Deus. Embora os capítulos
11 a 20 tratem sobre o profeta Jeremias podemos observar a forma com a qual
Deus interage com as reclamações humanas. Logo, os problemas de Jeremias são
destacados para mostrar como Judá respondeu às profecias e como a rejeitaram.
Esta rejeição à mensagem de Jeremias aumentou a culpa do povo diante de Deus.
Em Jeremias
encontramos quatro tipos de oráculos:
·
Acusação - Os oráculos de acusação
estão descritos nos capítulos 5 a 9 e a acusação mais grave é que o povo de
Judá havia abandonado a Deus e adorado ídolos (Jr. 2:5 – 3:5). A injustiça e o uso inadequado do templo e dos sacrifícios também
são citados como desvios graves da aliança (5:20-31; 7:8-31)
·
Julgamento - Os oráculos de
julgamento são os mais abundantes em todo livro. Estes oráculos são dirigidos a
toda nação e não apenas a uma parcela da sociedade. Podemos perceber certa
conformidade entre estes oráculos e as maldições descritas em Deuteronômio
28:15-68 (Jr.
11:8).
·
Instrução - Há poucos oráculos de instrução,
menos de dez, pois o povo sabia o que era requerido em relação à Aliança
firmada entre os hebreus e Deus. Portanto estes oráculos eram um convite ao
arrependimento e retorno para o Senhor (3:12-13), além da mudança de
procedimentos (7:3-7). Nestes trechos de instrução Jeremias inclui comparações
entre a soberania de Deus e os ídolos que os israelitas haviam adorado
(10:2-16).
·
Conseqüências - Os oráculos de conseqüência e seu
objetivo está sintetizado em Jr 29:11 com a mensagem de
retorno do exílio (29:10) e a nova aliança (31:31-34). Jerusalém seria
reconstruída (30:18), o povo retornaria a Deus (29:12-14) e um rei descendente
de Davi estaria no governo (33:15-26).
5
- A maldição de Jeconias (ou Joaquim)
Visto que o decreto de Deus em Jeremias 22:30
impedia que algum descendente de Joaquim (Jeconias, ou Conias – dependendo da
versão) jamais ocupasse o trono de Davi, não anularia isso qualquer direito de
José de conferir a Jesus o direito legal ao Reino? O
decreto de Deus concernente a Joaquim:
“ Inscrevei este homem como sem filhos, como varão vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois, dentre a sua descendência, nem um único será bem sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá.”
“ Inscrevei este homem como sem filhos, como varão vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois, dentre a sua descendência, nem um único será bem sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá.”
Este decreto impedia qualquer descendente de Joaquim de algum dia
governar no trono de Davi em Judá. Mas não impedia a linhagem real e os
privilégios hereditários de passar por Joaquim e seus descendentes até José, e
daí a Jesus. Não impediria Jesus de cumprir outro decreto de Deus com respeito
à coroa de Davi: “Certamente não virá a ser de ninguém,
até que venha aquele que tem o direito legal, e a ele é que terei de dá-lo.”
(Ezequiel 21,27) Por quê? Porque Jesus, que recebeu “o direito legal”,
não reinaria num trono em Judá, mas nos céus.
Durante o cativeiro em Babilônia, Joaquim tornou-se pai de sete filhos, inclusive Sealtiel e Pedaías. Mas, visto que nenhum descendente de Joaquim jamais se sentou no trono de Davi para governar em Judá, foi como se ele fosse cancelado como “sem filhos”. Contudo, Mateus inclui Jeconias (Joaquim), Selatiel e Zorobabel, entre outros, ao alistar a genealogia de Jesus. Não importava se eles pessoalmente estavam impedidos de reinar em qualquer trono terrestre. Além disso, não representou problema para Lucas e outros judeus do primeiro século o fato de que a genealogia de Maria também podia remontar a Joaquim, por meio de Selatiel. — Mateus 1,11-12; Lucas 3,27.
Ao se estabelecer as credenciais de alguém que afirmasse ser o Messias, ou o Ungido de Deus, seria muito importante os judeus poderem remontar sua genealogia à linhagem real dos reis da casa de Davi. (Veja João 7,40-42; Atos 2,30) A linhagem legal através de José (compilada por Mateus) e a linhagem natural (compilada por Lucas), cada uma remontando a Davi por rotas diferentes, servem ambas para corroborar que Jesus possui claramente as credenciais genealógicas para ser o Messias, Aquele que herdaria o trono de Davi.
Lucas achou importante registrar que Maria foi “prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi”, e que ele era “membro da casa e família de Davi” (Lucas 1,27; 2,4) É significativo, portanto, que o anjo de Deus, ao dar orientações a José, dirigiu-se a ele com as palavras: “José, filho de Davi.” Informou-lhe o seguinte a respeito do filho que Maria daria à luz: “Terás de dar-lhe o nome de Jesus”, indicando que se esperava que José adotasse o menino e o circuncidasse como seu próprio filho adotivo. (Mateus 1,20-21) E a Maria, Gabriel declarou com respeito a Jesus: “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” — Lucas 1,32-33.
Quando na terra, Jesus foi aclamado como o “Filho de Davi”, mas ele não tentou iniciar seu reinado enquanto estava na terra. (Mateus 9,27; 21,9.15) Herdou tudo o que o reinado terrestre de Davi chegou a abranger, no que tange a privilégios reais, súditos e território, mas ele herdou muito mais de seu Pai celestial. O reino terrestre de Davi era apenas um pequeno modelo do que seria o reino celestial de Jesus ao governar a terra inteira. (Daniel 2,44; 7,13-14) Após sua morte e ressurreição, Jesus foi enaltecido ao trono de Deus nos céus. E, embora sua genealogia terrestre, tanto por meio de José como por meio de Maria, possa remontar a Joaquim, reinar Jesus num trono celestial não viola de maneira alguma o decreto de Deus. Pedro confirmou isto por mencionar o que Davi escreveu sob inspiração:
Durante o cativeiro em Babilônia, Joaquim tornou-se pai de sete filhos, inclusive Sealtiel e Pedaías. Mas, visto que nenhum descendente de Joaquim jamais se sentou no trono de Davi para governar em Judá, foi como se ele fosse cancelado como “sem filhos”. Contudo, Mateus inclui Jeconias (Joaquim), Selatiel e Zorobabel, entre outros, ao alistar a genealogia de Jesus. Não importava se eles pessoalmente estavam impedidos de reinar em qualquer trono terrestre. Além disso, não representou problema para Lucas e outros judeus do primeiro século o fato de que a genealogia de Maria também podia remontar a Joaquim, por meio de Selatiel. — Mateus 1,11-12; Lucas 3,27.
Ao se estabelecer as credenciais de alguém que afirmasse ser o Messias, ou o Ungido de Deus, seria muito importante os judeus poderem remontar sua genealogia à linhagem real dos reis da casa de Davi. (Veja João 7,40-42; Atos 2,30) A linhagem legal através de José (compilada por Mateus) e a linhagem natural (compilada por Lucas), cada uma remontando a Davi por rotas diferentes, servem ambas para corroborar que Jesus possui claramente as credenciais genealógicas para ser o Messias, Aquele que herdaria o trono de Davi.
Lucas achou importante registrar que Maria foi “prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi”, e que ele era “membro da casa e família de Davi” (Lucas 1,27; 2,4) É significativo, portanto, que o anjo de Deus, ao dar orientações a José, dirigiu-se a ele com as palavras: “José, filho de Davi.” Informou-lhe o seguinte a respeito do filho que Maria daria à luz: “Terás de dar-lhe o nome de Jesus”, indicando que se esperava que José adotasse o menino e o circuncidasse como seu próprio filho adotivo. (Mateus 1,20-21) E a Maria, Gabriel declarou com respeito a Jesus: “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” — Lucas 1,32-33.
Quando na terra, Jesus foi aclamado como o “Filho de Davi”, mas ele não tentou iniciar seu reinado enquanto estava na terra. (Mateus 9,27; 21,9.15) Herdou tudo o que o reinado terrestre de Davi chegou a abranger, no que tange a privilégios reais, súditos e território, mas ele herdou muito mais de seu Pai celestial. O reino terrestre de Davi era apenas um pequeno modelo do que seria o reino celestial de Jesus ao governar a terra inteira. (Daniel 2,44; 7,13-14) Após sua morte e ressurreição, Jesus foi enaltecido ao trono de Deus nos céus. E, embora sua genealogia terrestre, tanto por meio de José como por meio de Maria, possa remontar a Joaquim, reinar Jesus num trono celestial não viola de maneira alguma o decreto de Deus. Pedro confirmou isto por mencionar o que Davi escreveu sob inspiração:
“Mas ele era profeta e sabia que Deus lhe prometera
sob juramento que colocaria um dos seus descendentes em seu trono. Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado
no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição. Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos
testemunhas desse fato. Exaltado à
direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que
vocês agora vêem e ouvem. Pois Davi não
subiu ao céu, mas ele mesmo declarou: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à
minha direita até que eu ponha os teus
inimigos como estrado para os teus pés’. "Portanto,
que todo Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês cruscificaram, Deus
o fez Senhor e Cristo". (Atos, 2:30-36)
“O Senhor disse ao meu Senhor: "Senta-te à
minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus
pés". O Senhor estenderá o cetro de teu
poder desde Sião, e dominarás sobre os teus inimigos!” (Salmo,110: 1-2)
6 – Um Breve Resumo de
Lamentações
O livro de Lamentações foi atribuído ao profeta Jeremias desde
tempos antigos, e reflete a profunda tristeza de uma série de cantos fúnebres
ao ver Jerusalém castigada por Deus pelas mãos dos babilônios. Jeremias dedicou
a sua vida ao trabalho de avisar os judeus do julgamento iminente em conseqüência
de séculos de rebeldia contra Deus, mas não sentiu nenhum prazer no cumprimento
de suas profecias. Ele sofreu com o povo, chorando pela dor de uma nação que se
tornou indefesa diante do castigo severo.
Alguns fatos ajudarão na leitura deste livro. Em termos
históricos, devemos lembrar que a queda de Jerusalém aconteceu por etapas. Em
605 a.C., o primeiro grupo de cativos foi levado para a Babilônia. Em 597 a.C.,
a segunda leva foi tirada da sua terra e levada para a Babilônia. Por final, em
586 a.C., a cidade (incluindo o templo de Salomão) foi destruída e os
sobreviventes, com exceção de Jeremias e alguns pobres, foram levados ao
cativeiro. Algumas observações sobre o vocabulário do livro podem esclarecer o
sentido. Sião se refere ao monte principal de Jerusalém e se torna sinônimo de
Jerusalém. A filha de Sião, expressão que aparece oito vezes nestes cinco
capítulos, identifica o povo de Judá ou Israel.
Na tradução deste livro do hebraico a outros idiomas, facilmente
se perde uma das suas características interessantes. Os primeiros quatro
capítulos contêm 22 estrofes cada. Nos capítulos 1, 2 e 4, correspondem aos 22
versículos de cada capítulo. No capítulo 3, são 22 estrofes de três versículos cada,
dando um total de 66 versículos. Estes quatro capítulos são poemas acrósticos,
onde cada estrofe inicia com uma letra do alfabeto hebraico. Em nossas Bíblias,
por coincidência, o capítulo 5 também contém 22 versículos, mas este último
capítulo não segue o formato acróstico, pois facilitava a memorização, já que o povo hebreu tinha uma
forte tradição oral, e este método ajudava no processo de disseminação da
histórica catástrofe que abateu Jerusalém.
Lamentações deve ser lido todos os anos no nono
dia do mês de Abe (entre 26/08 a 26/09), como recordação da destruição do
Templo de Jerusalém por Nabucodonosor em 587 a.C. e por Tito em 70 d.C.
O livro é uma reação da alma sobre a destruição de Jerusalém pelo exército babilônico em 587 a.C. O registro histórico dessa destruição está em 2 Rs. 24 e 25 e 2 Cr. 36. Durante dois séculos os profetas procuraram alertar a nação de Israel sobre o julgamento iminente, entretanto os ouvidos do povo se acostumaram com as ameaças e seu coração endureceu-se. Em virtude da demora no julgamento, o povo ficou com uma falsa impressão de segurança (Jr. 6:13-14; Jr. 7:1-4). O livro mostra de maneira poética o horror que a invasão babilônica representou para o povo hebreu e como Deus tornou-se como um inimigo de Israel (Lm. 2:2-5).
O livro é uma reação da alma sobre a destruição de Jerusalém pelo exército babilônico em 587 a.C. O registro histórico dessa destruição está em 2 Rs. 24 e 25 e 2 Cr. 36. Durante dois séculos os profetas procuraram alertar a nação de Israel sobre o julgamento iminente, entretanto os ouvidos do povo se acostumaram com as ameaças e seu coração endureceu-se. Em virtude da demora no julgamento, o povo ficou com uma falsa impressão de segurança (Jr. 6:13-14; Jr. 7:1-4). O livro mostra de maneira poética o horror que a invasão babilônica representou para o povo hebreu e como Deus tornou-se como um inimigo de Israel (Lm. 2:2-5).
7 – Conclusão
O livro de Jeremias
explica e valida a causa do exílio de Judá, pela sua própria recusa pecaminosa
em ouvir e retornar para Deus, e anuncia o esperançoso destino futuro daqueles
que estão na Babilônia, baseado em uma nova aliança.
A bíblia nos
afirma, o tempo da graça tem o seu final. Na vida da humanidade como um todo, e
na vida de cada pessoa, individualmente.
No capitulo 18:4,
aprendemos que um vaso pode ser remodelado, enquanto o barro ainda está molhado.
Todavia depois de seco, só presta para ser quebrado e enterrado (19: 10-11).
Aproveitemos o tempo da graça enquanto podemos ser remodelados. Haverá um tempo
que isso não mais será possível. Tomemos como exemplo a experiência de Esaú – “E tome cuidado também para que ninguém se torne imoral ou
perca o respeito pelas coisas sagradas, como Esaú, que, por causa de um prato
de comida, vendeu os seus direitos de filho mais velho. Como vocês sabem,
depois ele quis receber a bênção do seu pai. Mas foi rejeitado porque não
encontrou um modo de mudar o que havia feito, embora procurasse fazer isso até
mesmo com lágrimas”. (Hb 12:16-17)
Debate
em Grupo:
1 -
O que quer dizer o texto de Jeremias 31:29-30?
A epístola aos hebreus ensina que Cristo
estabeleceu a nova aliança através do Seu sacrifício perfeito e final pelo
pecado (Hb. 7:22; 8:7-13; 10:15-22; cons. II Co. 3:5-14).
2 –
O que quer dizer Jeremias 3:16-17?
A presença do
Senhor entronizado não vai requerer nenhum símbolo adicional da sua
presença (a arca como o trono de Deus) ou da sua lei (v. 15, 17); que
prefigura o novo Israel com a nova Jerusalém (G. 4.26; 6.16; Hb
12.22; Ap 21.12,14,22). A glória de Deus vai ser um testemunho
evidente atraindo todas as nações (3.17; 4.2).